O presidente Donald Trump afirmou que apoia o aumento de impostos sobre os mais ricos como forma de financiar outras reduções previstas em seu principal pacote econômico. A declaração vem um momento desafiador para a base apoiadora de Trump no Congresso, que vem enfrentando dificuldades para compensar os cortes de gastos sem mexer em programas sociais garantidos por lei.
Em uma publicação na Truth Social, nesta sexta-feira (9), ele escreveu que os republicanos “provavelmente não deveriam” aumentar os impostos dos ricos, mas declarou estar “’de boa’ se eles fizerem isso”, expressando preocupação com a possibilidade dos democratas afirmarem que isso representa o descumprimento de uma promessa. Trump também afirmou que ele próprio e outros ricos “aceitariam com tranquilidade” um aumento de impostos “para ajudar os trabalhadores de baixa e média renda”.
No entanto, em um novo post desta sexta, o presidente americano declarou temer que o aumento de impostos sobre os ricos gere uma reação política parecida com a enfrentada pelo ex-presidente George Bush, após a célebre frase “leiam meus lábios: nenhum novo imposto”. O orçamento de Bush, aprovado em 1990, incluiu manobras como novas tarifas e cobranças que, embora não fossem tecnicamente classificadas como impostos, serviram para bancar cortes — e acabaram sendo vistas como uma quebra da promessa de campanha.
Vazamento
A declaração foi feita um dia depois de saírem reportagens de que Trump teria defendido esse aumento em uma ligação telefônica feita na quarta-feira (7) com o presidente da Câmara, Mike Johnson, republicano da Louisiana.
Segundo diversas fontes citadas pela imprensa, Trump sugeriu a Johnson que pessoas com renda anual acima de US$ 2,5 milhões (R$ 14,15 milhões) e casais com renda superior a US$ 5 milhões (R$ 28,3 milhões) sejam taxados com uma alíquota de 39,6%. Na Lei de Cortes de Impostos e Empregos de 2017, Trump havia definido uma alíquota de 37% para quem ganhava mais de US$ 626.350 (R$ 3,54 milhões) por ano.
Uma estimativa preliminar da organização não partidária Tax Foundation, citada pela Bloomberg, indica que o novo imposto sobre os mais ricos pode arrecadar US$ 67,3 bilhões (R$ 381,91 bilhões) nos próximos 10 anos.
A alíquota de 37% para os mais ricos está prevista para expirar no fim deste ano, caso o Congresso não renove os cortes promovidos por Trump em 2017. Ao mesmo tempo, os republicanos provavelmente terão de promover cortes no Medicaid, segundo o plano orçamentário do partido aprovado em fevereiro. Fazer isso sem reduzir os impostos dos ricos pode criar um problema de imagem para os republicanos, já que tanto o Medicare quanto o Medicaid são amplamente populares entre eleitores de ambos os partidos.
O plano econômico de Trump prevê um total de US$ 4,5 trilhões (R$ 25,48 trilhões) em cortes de impostos ao longo da próxima década e orienta o Comitê de Energia e Comércio da Câmara — responsável pelo Medicaid — a encontrar US$ 880 bilhões (R$ 4,98 trilhões) em cortes. Alguns republicanos já admitiram abertamente que é praticamente impossível chegar a esse valor sem mexer no Medicaid — um programa que Trump prometeu diversas vezes manter integralmente.
