O câncer de pâncreas é um dos tipos de tumores mais desafiadores na Medicina, e isso não se deve apenas à sua agressividade, mas também à ausência de métodos estabelecidos para rastreamento e diagnóstico precoce. Esse fato também limita as chances de tratamento curativo, que na maioria dos casos envolve cirurgia, uma opção que não é viável para todos os pacientes.
Desta forma, a maioria dos diagnósticos ocorre incidentalmente, quando a doença já atingiu estágios avançados e os sintomas — como perda de peso, dor abdominal e alterações intestinais — começam a se manifestar. Neste cenário, as opções de tratamento incluem quimioterapia, radioterapia e suporte para alívio dos sintomas.
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Por outro lado, a pesquisa científica vem trazendo novas perspectivas de tratamento para o câncer de pâncreas. Um dos avanços mais promissores foi recentemente apresentado no Congresso Americano de Oncologia, onde um estudo chinês, apresentado por pesquisadores da Universidade de Tianjin, avaliou um anticorpo biespecífico inovador, que age sobre uma proteína presente em aproximadamente dois terços dos casos de câncer de pâncreas, estimulando o sistema imunológico a combater as células tumorais.
Com uma taxa de resposta de 30% e controle da doença em 70% dos pacientes — muitos dos quais já haviam falhado em outros tratamentos — esse anticorpo se destaca como uma nova esperança para pacientes com a doença em estágio avançado.
Esse avanço é uma excelente notícia, mas o cuidado do câncer de pâncreas demanda não só tratamentos inovadores, mas uma abordagem ampla que envolva mais investimentos em pesquisa na área.
Estamos falando de uma doença com mais de 10 mil novos casos ao ano no Brasil. Não podemos depender apenas de diagnósticos incidentais; precisamos de uma estratégia de saúde pública que apoie e amplie as possibilidades de diagnóstico precoce e inovação terapêutica para todos os pacientes.
Escolhas do editor
Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
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