Um questionamento cada vez mais comum no consultório é se homens bastante jovens, com 20 ou 30 anos, podem ter câncer de próstata. A resposta é que casos assim são extremamente raros. No entanto, é importante observar que existem exceções e considerar fatores de risco significativos.
Quando esses casos são identificados, geralmente não se trata do tipo mais frequente, conhecido como adenocarcinoma. Nessas idades, tumores incomuns podem ser considerados, como o sarcoma, o que leva a uma avaliação diferenciada. Porém, a manifestação da doença antes dos 40 anos ainda é uma exceção. Vale destacar que, para homens jovens, o câncer de testículo é mais incidente do que o câncer de próstata, sendo uma das neoplasias mais comuns em homens entre 15 e 35 anos. Por isso, a atenção a sintomas e exames preventivos adequados é fundamental.
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Os homens que apresentam maior risco de desenvolver o câncer de próstata de forma precoce são aqueles com fatores de risco relevantes, como um histórico familiar, da raça negra ou que tenham síndromes genéticas específicas. Para esses grupos, a recomendação de iniciar o rastreamento antes da idade considerada habitual (geralmente após os 50 anos) deve ser avaliada.
O rastreio do câncer de próstata, quando realizado de forma criteriosa e personalizada, tem o potencial de salvar vidas. Lembrando que a estratégia inclui o toque retal (exame rápido e indolor, em que o médico avalia a próstata para identificar possíveis alterações) e o exame de sangue PSA (que mede os níveis de uma proteína produzida pela próstata, que pode indicar a presença de câncer ou outras condições). Se houver suspeita, uma biópsia é realizada para confirmar o diagnóstico.
Ressalto que a detecção precoce permite melhores chances de sucesso do tratamento, com menos efeitos colaterais e mais qualidade de vida ao paciente. Ainda existem muitos estigmas e preconceitos em relação ao câncer de próstata. Mas não podemos deixar que o medo e desconhecimento impeçam o homem de cuidar da sua saúde.
Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
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