Vejam que maravilha! Entrevistamos o grande editor e escritor de moda Tim Blanks. Felicíssimos com o resultado! Esperamos que goste!
“Nascido na Nova Zelândia, Tim começou sua carreira no programa de tevê Fashion File, em 1985, onde permaneceu, como apresentador, por 17 anos, dando conselhos de estilo, escrevendo e entrevistando. Depois, trabalhou para algumas das revistas de moda mais influentes do globo, como, por exemplo, Vogue, GQ, The Financial Times, Interview, Fantastic Man e Arena Homme Plus. Ele escreveu e apresentou Masters of Style, série de documentários com duração de 60 minutos cada um, sobre estilistas maravilhosos. Em 2010, colaborou com a criação do livro Twenty Years of Dolce&Gabbana, uma antologia que cobriu as duas décadas de história da casa.
Em 2011, contribuiu com o livro Alexander McQueen: Savage Beauty, que faz análise de seis coleções do estilista falecido, lançando luz sobre sua técnica e aversão à alfaiataria tradicional. Mas estilo tem sido o espaço de trabalho do qual Blanks mais está próximo: “Eu amo o Style (Style.com), e eles, aliás, permitem que eu me refira e escreva seu nome dessa forma, não tentam mudar.” Tim começou sua carreira na importante plataforma como repórter de moda, depois, tornou-se escritor, para, então, virar editor: “Não sou bom com prazos, exceto aqueles do Style,” ele já delcarou em entrevista. Seus reviews em vídeo no site são exemplos de técnica, ironia e jornalismo incisivos, tudo na sua melhor, e mais afiada, forma. Ele é capaz de expressar um conceito com perfeição, em poucas linhas. Suas frases são elegantes, e sua habilidade de entender não apenas as tendências da estação, como também a inspiração, o impulso criativo por trás das coleções, singular. Ele se interessa, como já deixou claro, pelo contexto, a narrativa, as associações e idiossincrasias da evolução criativa de um estilista.” (Federico Bertoli/ Vogue Itália).
1. Quais eram suas obsessões quando adolescente?
David Bowie, Andy Warhol, The Velvet Underground, Marc Bolan e T.Rex, Bryan Ferry e Roxy Music – muita música.
Obsessão da adolescência: Andy Warhol
2. Como acabou indo escrever sobre moda?
Estava fazendo um “frila” em Toronto, quando uma revista de moda me ofereceu trabalho como editor. A segurança do cargo me atraiu.
3. Com relação à moda, que coisa foi absolutamente impactante para você?
No início, você diz? Minha memória de moda mais antiga é de Jean Shrimpton causando barulho na Austrália de 1965, numa minissaia. Mas acredito que as campanhas de Guy Bourdin para Charles Jourdan foram as primeiras imagens que realmente me deixaram fascinado.
Jean Shrimpton
4. O que torna um trabalho bem-sucedido para você? O que busca quando é plateia de um desfile?
Eu gosto de um sentido de história, quando as peças expressam um caráter de modo convincente. Aprecio ser provocado, e gosto muito de ser mistificado. Moda é muito mais que roupas, e é o talento e a técnica de um grande estilista que sublinham tal distinção. A forma como um grande diretor cria um filme.
5. Você é crítico de desfile, mas sempre está em paz com todos na indústria. Qual é a sua receita?
Oh Deus, será que devo dizer algo banal como “sou uma pessoa que gosta de pessoas”? Sou um eterno curioso das outras pessoas. E sou muito tranquilo, bem-humorado, e acho que a vida é excessivamente preciosa para que façamos nossa pele sofrer com essas pequeninas coisas irritantes que existem nela. E uma outra coisa – eu, verdadeiramente, gosto de muitas pessoas com quem me esbarro fazendo meu trabalho.
6. Quais são suas maiores preocupações ao escrever a crítica de um desfile?
Escrever sobre um desfile é levemente diferente de escrever sobre uma coleção. Sem dúvida, eu prefiro dar a imagem toda – o que os estilistas estão tentando nos dizer com seus shows, os elementos de que estão fazendo uso, como os estão usando. Isso engloba: o cabelo, a maquiagem, as modelos, a música, o cenário… tudo que cria o contexto para se receber as roupas, e um review de desfile precisa estabelecer se todo esse aparato melhora ou distrai da coleção propriamente dita.
7. Quando está num desfile, o que chama sua atenção primeiro?
Se estou nos bastidores, cabelo e maquiagem, mas, se na plateia, a primeira coisa que cria uma impressão em mim é a música. É extremamente importante.
8. Há estilistas brasileiros que considera interessantes? Se sim, por quê?
Um estilista que tenho seguido fervorosamente é Alexander Lewis. Ele é magistral em dar um viés internacional aos elementos brasileiros. Porém, esta é uma qualidade possível de ser encontrada também em Lucas Nascimento e Pedro Lourenço, acho eu. E amo Oskar Metsavaht e Lenny Niemeyer por tudo que seu trabalho representa – ao menos para mim – e que é o que me seduz sobre a vida no Brasil: saúde e natureza e o corpo, o físico.
Lenny/Verão 2015
9. O que faz uma grande modelo?
Performance.
10. Quem é a sua modelo predileta?
Linda Evangelista!
11. Conte-nos uma história engraçada ou intrigante que tenha visto desenrolar num desfile?
Anos atrás, durante os anos da supermodelo, assisti a uma mulher particularmente volátil descobrir que a outra modelo havia sido dado o vestido que ela gostaria de usar na passarela. Ela já estava vestida para o show, mas rasgou toda a sua roupa e saiu louca dos bastidores, nua em pelo não fossem os saltos altos.
12. Quem é o mais complexo/ chique/ inteligente estilista (s) da atualidade? Por quê?
A estilista mais provocativa, de um prisma intelectual, é Miuccia Prada. Mesmo quando eu não amo as roupas, amo as ideias. O mais inteligente é Karl Lagerfeld e eu adoro o quão reflexivo é Raf Simons. No entanto, acho que, de uma forma geral, os estilistas mais interessantes costumam ser encontrados em Londres e Tóquio.
13. Qual é a sua década preferida para arte e moda?
Os anos 60 foram uma década fabulosa, e os 90 para a moda. Mas, se sua pergunta indaga sobre moda e arte fundidas num só corpo, acho que a melhor época é a atual.