Aleksandar Mandić, o homem que trouxe a internet para o Brasil, explica por qual razão sua trajetória de empresário de sucesso na web brasileira é tão difícil de ser replicada.
Você já tentou entrar na política em uma ocasião. Qual sua visão atual da política brasileira?
Dizem que a soma dos políticos é o espelho do povo, isso é, a média da população. Se você esmiuçar na Câmara dos Deputados, vai ver que ali devem existir uns 10 políticos de destaque quanto à inteligência, ideias, iniciativas etc.; e uns 30 com os quais dá para conversar. Todos os outros nós vimos como são naquele domingo, em 17 de abril último (data em que os parlamentares autorizaram o Senado a abrir o processo do impeachment de Dilma Rousseff).
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Por qual razão o Brasil não tem outras histórias de sucesso como a sua no mundo da internet?
A verdade é que o meio ambiente para negócios no Brasil não é higiênico, trocam-se as regras durante o jogo, o cenário muda constantemente, planos de incentivo praticamente inexistem. São feitos procedimentos e regras e, quando nós criamos o produto, deparamos-nos com o susto da mudança, geralmente para pior. A boa notícia é que aos poucos isso está melhorando. Creio que o Brasil saiu da infância empresarial, mas ainda está em sua adolescência.
O que você acha da iniciativa de algumas empresas, que querem limitar o tráfego de dados para a internet fixa?
Eu acho que cada empresa tem de levar o seu negócio como ela bem entender, uma pode limitar, outra pode decidir não limitar. Vale a livre concorrência.
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Qual sua opinião sobre o projeto do Marco Civil da Internet? Você apoia ou é contra esse projeto, na forma como está redigido?
Eu vejo como um complicador, observe o exemplo do tamanho da constituição americana e veja a nossa. Quanto mais regras têm, mais maneiras de burlar as regras aparecem. Deveria prevalecer o bom senso!
Qual será, em sua opinião, a próxima grande onda, a próxima grande novidade da internet?
Eu vejo que a internet não terá a sua “próxima grande onda”, mas sim cada vez mais será aproveitada como um enorme “mainframe”. Por exemplo, já existem algumas operadoras de celular que usam ligações via WiFi: isto é, aos poucos, estão serrando suas antenas. A mesma coisa acontece com o rádio e a TV. No final, eu vejo que a transmissão por rádio frequência (a longa distância) vai desaparecer, dando lugar à fibra ótica e seus semelhantes. Os meios mudarão.