Excelentíssimo senhor presidente, apesar de não sermos amigos íntimos, eu sempre admirei sua gentileza e educação nas oportunidades em que nos encontramos, e me valho dessa circunstância para utilizar um teor menos formal nas linhas a seguir.
A esta altura, o senhor já está ultimando os preparativos para assumir, interinamente, a Presidência da República Federativa do Brasil, e posso até imaginar a quantidade de coisas que passam pela sua cabeça neste momento, ao se ver diante dos enormes desafios que o aguardam no desempenho da função.
Assumir o comando da sétima economia do mundo, quinto país em área territorial com mais de 200 milhões de habitantes e suas conhecidas e antigas mazelas — por si só, seria um desafio desmedido. Mas quis ainda o destino que o senhor chegasse ao cargo máximo da carreira de um político no pior momento da história da nação, após 13 anos de gestões marcadas pelo absoluto despreparo técnico aliado ao total desapego à ética, guiadas por interesses pessoais e ideologias caducas amparadas por um populismo rasteiro que quase devastou por completo o país.
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Acho desnecessário falar sobre o sofrimento que uma enorme parcela da população está vivendo em decorrência do cenário atual, criado por sua antecessora com o beneplácito de um padrinho político com gana de perpetuação no poder. É hora de olhar para a frente. Aos 75 anos, senhor presidente, o senhor tem uma chance real de entrar para a história do Brasil como o homem que chegou ao poder para, mais do que libertar o país da herança petista, revolucionar aquele que sempre foi anunciado como o país do futuro, mas que cada vez mais foi ficando no passado…
Aproveite a situação e faça, como diz aquele ditado popular, “do limão uma limonada”, e tome todas as atitudes que forem necessárias, incluindo as mais impopulares, para que o Brasil tenha condições de sair deste buraco negro, e possa crescer com toda a força e potencial que só ele tem. Varra a máquina pública de todo aparelhamento nocivo e parasita, enxugue o Estado, eleja técnicos para todos os cargos-chave do país, privatize tudo o que for possível — a começar pela Petrobras —, concentre os recursos e esforços do Estado no que é obrigação dele: educação, saúde, segurança e infraestrutura. A iniciativa privada cuidará muito bem do resto.
Falando em iniciativa privada, faço aqui um apelo: seja incansável na batalha pela desburocratização do país, seja aquele que vai acabar com o injusto, complexo e retrógrado sistema tributário nacional, aquele que vai liderar a mais do que necessária e já atrasada modernização das leis trabalhistas, e com isso tornar, de uma vez por todas, o Brasil um país competitivo no cenário internacional. Então, senhor presidente, eu posso lhe garantir que nós seremos imbatíveis. Nossa nação possui os melhores e mais corajosos empreendedores do mundo, pois empreender no Brasil atual é uma tarefa para poucos. Pode imaginar nossa inciativa privada livre das amarras históricas que a prendem?
O senhor tem a imagem e a postura necessária a um chefe de Estado. Represente o Brasil como ele merece ser representado, faça com que os brasileiros voltem a ter orgulho de seus líderes, e mostre lá fora que não somos essa republiqueta de bananas corrupta chefiada por ex-guerrilheiros que idolatram e se inspiram em regimes totalitários e ditatoriais. Aproveite o embalo provocado por sua antecessora, que incitou esses blocos mambembes — Mercosul e Unasul — contra o país, e exija o nosso desligamento de ambos. Não nos servem para nada, além de impedirem que façamos negócios com os que realmente importam. Torne o Brasil o objeto de desejo que ele tem, obrigatoriamente, de ser diante dos olhos da comunidade mundial.
Sei que o papel aceita tudo — planos e resultados — e que na vida real tudo é sempre mais difícil. Mas saiba que estaremos todos na torcida e prontos para apoiá-lo no que quer que seja — pelo bem do país! Que Deus o abençoe e abençoe o Brasil!
*Antonio Camarotti é Publisher/CEO de FORBES Brasil
Texto publicado na edição 41 de FORBES Brasil, de maio de 2016