Manuel Macedo é presidente da Henkel Brasil, filial da multinacional alemã que fabrica produtos químicos, em especial detergentes, cosméticos e adesivos. Ela acaba de investir R$ 10 milhões em uma fábrica de poliuretano em Jundiaí (SP), na contramão de outras empresas do setor, que estão contendo despesas. Aqui, ele explica o porquê.
1. Como a Henkel Brasil vem se portando neste ano de 2016?
Temos mais de 140 anos de história. Estamos presentes no Brasil há 60 anos, atuando na área de Adesivos e em Beauty Care Professional com as marcas Schwarzkopf, Bonacure e Osis+, entre outras, oferecendo produtos voltados para o uso profissional de tratamento capilar.
Continuamos com nossa estratégia de investir a longo prazo no país. Um exemplo disso vem da nossa unidade de negócios de adesivos industriais. Em junho deste ano lançamos uma nova linha voltada para embalagens flexíveis para a indústria de alimentos. Essa nova tecnologia foi desenvolvida por pesquisadores da Henkel Brasil, seguindo todas as normas nacionais e internacionais de segurança alimentar e com utilização de matéria-prima renovável local. Esta solução é o Loctite Liofol, produzido em nossa unidade de Jundiaí (SP), que recebeu investimentos de R$ 10 milhões em uma fábrica de Poliuretano (PU) inaugurada em 2013. Com esse desenvolvimento nacional, nos fortalecemos como parte de um sistema de inovações globais da Henkel.
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2. Quando a economia brasileira voltará a crescer?
Somos otimistas e, por isso, investimos a longo prazo no país. O Brasil tem um grande potencial industrial e um mercado consumidor imenso, que ainda tem muito a crescer. Não nos cabe especular sobre o crescimento da economia ou em quanto tempo se dará a retomada. Mas trabalhamos com o entendimento de que o mercado local é relevante e estratégico para a Henkel e, por isso, continuaremos operando e investindo por aqui.
Olhando para os setores que atuamos, o mercado brasileiro de beleza é um dos maiores do mundo. Em produtos voltados para beleza masculina, nosso mercado apresentou crescimento em 2015, mesmo em um período de recuo da economia, de acordo com dados da Abihpec (Associação Brasileira da Industria de Higiene Pessoal, Perfumaria, Cosméticos).
Na área de adesivos de consumo enxergamos diferentes oportunidades de crescimento. Por exemplo, em momentos de dificuldade econômica as pessoas tendem a buscar alternativas de reparo em vez de comprar um item novo quando algo quebra.
Vemos também perspectivas otimistas para o segmento industrial, com a retomada de alguns dos indicadores da atividade no país. Há alguns segmentos que estão sofrendo mais com a retração, como o automotivo, mas o contraponto é que nestas horas aumenta a demanda por soluções de reparos e manutenção dos veículos, outro segmento atendido por nossas soluções de adesivos gerais.
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3. Qual o porte da Henkel Brasil?
A área de tecnologias adesivas é o principal negócio da Henkel, respondendo por mais de 50% do faturamento da empresa globalmente. Em 2015, dos 18 bilhões de euros de vendas globais da Henkel, 8,9 bilhões de euros vieram da divisão de Adesivos e 3,8 bilhões de Beauty Care.
No Brasil não é diferente. Nossas três fábricas nacionais, em Diadema, Itapevi e Jundiaí, todas no Estado de São Paulo, são destinadas à produção de soluções adesivas para indústria e consumo. Em alguns casos, como no segmento de colas instantâneas, somos líderes de categoria, com a marca Super Bonder. Em relação ao segmento B2B, temos uma ampla gama de soluções para diferentes necessidades, do setor automotivo a itens de higiene pessoal. Em alguns casos, como em linha branca, nossas soluções estão presentes em mais de 90% dos produtos fabricados no Brasil.
Já na unidade de negócios de Beauty Care, o Brasil representa uma imensa oportunidade. Somos o quarto maior mercado de cosméticos do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, China e Japão. Nossa atuação neste mercado está focada em produtos para uso profissional, ou seja, encontrados em salões e em lojas especializadas do ramo. Mas estamos sempre atentos às oportunidades para ampliar a atuação com foco no segmento varejista.
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4. A Henkel desenvolve tecnologia dentro do Brasil?
O Brasil faz parte de um segmento chamado mercados emergentes, que é de grande importância para a Henkel globalmente. Para se ter uma noção, no nosso ciclo estratégico 2013-2016, que se encerra este ano, o compromisso é de que metade do faturamento global da companhia venha dos países que compõem os chamados mercados emergentes.
No segundo trimestre deste ano, enquanto a Henkel teve crescimento orgânico de vendas globalmente de 3,2%, a América Latina registrou crescimento de 11%. Isso tudo contribui para que a atenção seja voltada para a região e para o que fazemos no Brasil.
Um bom exemplo de como o país vem ganhando destaque como fonte de inovações para a companhia foi o lançamento de Loctite Liofol esse ano, uma solução não apenas produzida, mas também desenvolvida no Brasil.
Loctite 60 Sec. é outro exemplo dessa importância. Apenas dois países no mundo estão fabricando esse produto: Brasil e Irlanda. Ou seja, somos um polo de exportação de desenvolvimento e produção de tecnologia adesiva dentro da Henkel.
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5. Quais os planos futuros da Henkel para o Brasil?
Em 2012 a Henkel definiu metas ambiciosas de resultados financeiros e de sustentabilidade a serem atingidos no período entre 2013 e 2016. Até o final desse ano, a Henkel visa gerar 20 bilhões de euros em vendas anuais, com 50% desse faturamento vindo de mercados emergentes, como o Brasil.
No mercado internacional, a empresa adquiriu recentemente a norte-americana Sun Products, o que possibilitou assumir a segunda colocação no segmento de produtos de limpeza nos Estados Unidos, o maior mercado de Laundry Care do mundo. Não atuamos nessa categoria no Brasil, mas estamos sempre analisando oportunidades.