Nesta semana, tive o prazer de entrevistar Rafael Belmonte, 28 anos, um dos expoentes do ecossistema da inovação brasileiro. Ele é vice-presidente da Associação Brasileira de StartUps e fundador da Netshow.me. Também é cofundador do GVentures e da GVAngels, primeira aceleradora universitária non-equity e non-fees do Brasil.
Segundo Belmonte, em 2018, o ecossistema continuará a crescer, e os empreendimentos que surgiram nos últimos anos vão ganhar tração e escala e aquecer a economia. “Existe a crise como motivação para o empreendedorismo, mas muitos começam startups pelo desejo de criar algo próprio e trazer novidades para o mercado. Essa motivação não desaparece fácil.”
Belmonte dá ainda dicas para escolher o investidor-anjo certo para o seu negócio.
Como surgiu a ABStartups e quais os principais objetivos da associação?
RAFAEL BELMONTE – A Associação Brasileira de Startups nasceu em março de 2011, quando o conceito de startups ainda era uma novidade. Ela surgiu a partir da reunião de startups que queriam mais dados sobre o setor e um compartilhamento mais ativo de conhecimento dentro da comunidade empreendedora. Hoje, a associação se tornou um hub para todos os players envolvidos, como governo, grandes empresas e startups.
Existe um movimento na ABStartups junto a entidades públicas para fortalecer políticas que tornem o caminho de empreender menos árduo no Brasil?
RB – Começamos a criar comitês dentro da associação para agrupar os empreendedores dentro de nichos específicos e facilitar o entendimento das demandas das startups por segmento. Hoje, existem edtechs com necessidades diferentes de fintechs quanto a regulações. O primeiro passo para iniciar o movimento de fortalecimento de políticas públicas é criar essa frente coesa de trabalho. Além disso, em parceria com o Governo do Estado de São Paulo, criamos o Pitch Gov.SP, para buscar empreendimentos inovadores que possam melhorar a prestação de serviços públicos e ajudar o governo a superar desafios estratégicos. Já aconteceram duas edições em São Paulo e trabalhamos em materiais e guias para que essa iniciativa consiga atingir outros Estados.
Onde estão os outros principais pólos de inovação na América Latina?
RB – Atualmente, existem cerca de 5 mil startups cadastradas, sendo o principal polo São Paulo, com aproximadamente 1.324 empresas. Os outros dois principais polos de inovação são Minas Gerais e Rio de Janeiro, que tinham 591 e 343 startups, respectivamente, em 2016.
Quais os maiores desafios que uma startup encontra para captar no mercado brasileiro quando já está validada?
RB – Como as opções no Brasil são restritas, a melhor solução é manter um bom relacionamento com os investidores que tenham sinergia com o seu negócio. Criar e nutrir essa rede para gerar confiança é um dos grandes desafios das startups, principalmente, porque elas precisam se preocupar com o crescimento do seu negócio em primeiro lugar. Ou seja, os maiores desafios de um empreendedor é a gestão do tempo, para conciliar tudo o que é necessário ser feito, e priorizar os processos para entregar o planejado.
Uma das principais características de um bom investidor-anjo é o compartilhamento de experiência e de conhecimentoÉ imprescindível que toda startup passe por uma aceleradora?
RB – Não. A grande vantagem de uma aceleradora é a rede de mentores e contatos que você conquista lá. É um processo muito rico que de fato acelera o crescimento da startup, mas não é um passo obrigatório. Essa decisão tem de ser baseada na estratégia por trás da empresa quanto à captação de investimento, mentorias e conexões comerciais. Há outras maneiras de conseguir isso.
Quais as melhores e as piores características em um investidor-anjo na sua opinião?
RB – Uma das principais características de um bom investidor-anjo é o compartilhamento de experiência e de conhecimento junto aos seus empreendedores investidos, afinal de contas, dinheiro não é o principal critério que deve ser levado em consideração para um processo de investimento. Por isso, minha dica é sempre trazer para a empresa sócios-conselheiros, e não apenas sócios-investidores.
Veja, na galeria de fotos abaixo, 5 dicas para escolher o melhor investidor-anjo para a sua startup:
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iStock 1) Priorize a convergência
É importante que o investidor tenha ideias complementares. É fundamental encontrar pessoas que tenham o mesmo perfil ou a mesma tese de investimento que o segmento de atuação do negócio. Além disso, é essencial que o investidor-anjo conheça e tenha uma visão ampla do setor em que irá colocar dinheiro.
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iStock 2) Pesquise antes
Outro ponto fundamental é com relação à reputação do investidor. O empresário precisa fazer uma busca e saber se há algum processo ou nome sujo. Conversar com algumas pessoas do ecossistema muitas vezes pode ajudar a saber a reputação dos investidores.
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iStock 3) Busque um parceiro de verdade
O investidor-anjo precisa se envolver com o negócio, e não pensar somente no retorno financeiro.
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iStock 4) Cuidado com as contrapartidas
É preciso evitar que o investidor peça cargo importante na empresa ou até mesmo solicite um salário pela ajuda prestada.
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iStock 5) Analise bem o contrato
Fique atento aos termos propostos pelo investidor, pois em muitos casos são incluídas cláusulas longas e sem propósito, que podem prejudicar o negócio futuramente.
1) Priorize a convergência
É importante que o investidor tenha ideias complementares. É fundamental encontrar pessoas que tenham o mesmo perfil ou a mesma tese de investimento que o segmento de atuação do negócio. Além disso, é essencial que o investidor-anjo conheça e tenha uma visão ampla do setor em que irá colocar dinheiro.
Rodrigo Bruno Nahas é advogado, especialista em Direito da Inovação, pós-graduado em Direito Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas, com passagem pela Universidade de Edimburgo – UK.
Eduardo Barbato é idealizador do Hackerspace3. Cursou Singularity University, com especialização no MIT, dentro em Ecossistema de Inovação.
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