Escrever sobre o Facebook é algo que obriga o autor a usar muitas vezes a mesma frase. É uma plataforma de mídia social terrivelmente assustadora que consumimos como uma garrafa de água gelada depois de uma maratona de 10 quilômetros. O escândalo da Cambridge Analytica mais uma vez abriu nossos olhos para o monstro no canto da sala que estamos, arduamente, tentando não reconhecer. E o Facebook nos deixou apenas algumas opções sobre como proceder com o gigante social.
O problema não é só o Facebook. Tudo o que fazemos online é, de alguma forma, rastreado, visto e registrado, e existem bancos de dados em todo o mundo cheios até a borda com tudo sobre a nossa vida online. O Google rastreia todos os nossos movimentos quando estamos navegando. O Snapchat está trabalhando em uma API (interface de programação de aplicativos) de coleta de dados. E milhares de outras empresas estão, provavelmente, nos espionando. A violação Equifax foi enorme e continua piorando. Mas você não usa Equifax todos os dias, usa o Facebook todos os dias. Então, é natural que sua ira esteja focada em Mark Zuckerberg e na sua empresa.
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O Facebook tornou suas ferramentas de privacidade ‘mais fáceis de encontrar’, o que demonstra a ignorância gritante e voluntária da maioria dos usuários. A rede social não é uma plataforma complexa. Suas configurações de privacidade estão bem abaixo das demais configurações. Mas vamos supor, por um momento, que elas fossem realmente difíceis de encontrar. Zuckerberg prometeu controles de privacidade mais fáceis e melhores em 2010. Então, nada realmente mudou, apenas a máquina de relações públicas e a nossa incapacidade de realmente nos importar com algo por mais de um dia.
O Vale do Silício está cada vez mais provando que, só porque podemos fazer algo, não significa que devamos, especialmente quando não estamos dispostos a considerar cada aplicação da tecnologia além da pretendida. A inovação parece surgir depois que a tecnologia é abusada, pelo menos na nossa definição de abuso.
O Facebook nos apresenta um enigma interessante, baseado em como ele é incorporado em nossas vidas diárias. Nós realmente só temos três opções, uma vez que está muito claro que não somos nada mais do que os nossos dados disponíveis na rede social.
Veja, a seguir, quais são essas três alternativas:
Opção 1: Fique apático
Será que realmente tem importância que os dados que você, de alguma forma, considerou privados estejam disponíveis para todo mundo? Provavelmente não. Isso vai realmente afetar sua vida de maneira substancial? Provavelmente não. Quem você realmente pensa que é? Somos todos formigas, andando pelo morro, indo ao mundo todos os dias em busca de comida, levando comida para casa e alimentando a nós mesmos e a nossas famílias. Nada disso realmente importa. Estamos todos apenas a bordo de uma montanha-russa até a morte.
Opção 2: Vá com tudo
O Facebook adiou o lançamento do seu alto-falante, mas, quando ele sair, compre-o e coloque-o ao lado do seu Amazon Echo Look. Anime-se com o BCI (Brain Computer Interface, ou interface homem-máquina), tecnologia prometida pela rede. Controle tudo por meio do IFTTT – ferramenta que ajuda a automatizar e tirar melhor proveito de seus aplicativos. Dance para a Net Cam (câmera de segurança). Abrace a falta de privacidade e mostre tudo. Coloque para fora – você não tem nada a perder. A privacidade é uma ilusão, a cortina foi aberta. Nunca mais se preocupe com a privacidade.
Opção 3: Fuja
A Playboy está deixando o Facebook, e é apenas a mais recente marca a fazer isso depois que Elon Musk derrubou a página da SpaceX na rede e usou o Twitter para explicar por que não gosta dela. E onde ficamos nós, usuários comuns? É fácil para as grandes marcas simplesmente saírem. Nós já as conhecemos. Mas nós não conhecemos todas as pessoas que nos interessam. É difícil imaginar abandonar a mídia social e abrir mão de todos os contatos colecionados ao longo dos últimos anos. No entanto, ficar completamente off continua sendo uma opção.
Encerre suas contas nas redes sociais, mas esqueça os dados que você já divulgou ao mundo – não há muito o que fazer sobre eles. Exclua o Facebook – as pessoas que realmente importam encontrarão um jeito de permanecer em suas vidas sem ele. Ou não, e você então saberá quem realmente importa, não apenas as pessoas que você acha que importam. Em seguida, entregue todos os seus pertences, dirija por aí, empurre o seu carro em um penhasco e construa um barraco na praia para viver o restante de seus dias. Porque é esse o sentimento que você terá quando desistir das mídias sociais.