O Salão Internacional da Alta Relojoaria – SIHH, realizado em janeiro na Suíça, é tradição há mais de 28 anos. O evento marca o início do ano para o universo relojoeiro. Nesta edição, em meio às marcas tradicionais, uma jovem relojoaria chamava a atenção de todos os que andavam pelos corredores do grandioso Palácio de Exposição de Genebra.
LEIA MAIS: O Rolex de US$ 17,8 milhões
Em sua terceira participação na SIHH, a MB&F Horological Lab, com sede na Suíça, é conhecida por introduzir peças nada convencionais para relojoaria. As criações da MB&F parecem saltar de um filme de ficção científica, e é exatamente essa a impressão que Maximilian Büsser, o idealizador da relojoaria, quer que seus clientes sintam ao depararem com um relógio da marca. A confiança e a complexidade de suas peças são resultado de décadas de trabalho com as regras da relojoaria tradicional.
Büsser iniciou sua carreira na Jaeger-LeCoultre e, com apenas 31 anos, já era diretor geral do departamento de peças raras de alta relojoaria da inovadora Harry Winston. Em 2005, resolveu construir seu próprio caminho e, junto com um time de peso, criou a MB&F – Maximilian Büsser & Friends.
Hoje são mais de 120 cabeças criativas que dão vida a criações inimagináveis – como o Destination Moon. Uma “nave espacial”, cocriação com a casa L’Epée 1839, que segue a engenharia básica de uma nave espacial real para dar vida aos movimentos. A base proporciona a força para a máquina e o topo é responsável pela fonte de energia de oito dias para o relógio. A indicação das horas e minutos é marcada por meio de discos giratórios. O detalhe fica para o pequeno astronauta “Neil”, uma estatueta de prata e aço que traz o lúdico à peça.
O universo aquático também é fonte de inspiração para a relojoaria. O “polvo”, como é conhecido o Octopod, espanta pelas minúcias da microengenharia. O relógio de mesa tem suas pernas totalmente articuladas. No entanto, a verdadeira magia e o mistério acontecem na “cabeça” esférica, completamente transparente. A esfera é ajustada de forma semelhante aos tradicionais cronômetros dos navios e acomoda o mecanismo do relógio de modo a parecer estar flutuando no espaço ou na água.
COMPLEXIDADE E INOVAÇÃO
Para a SIHH deste ano, a relojoaria escolheu introduzir sua nova criação independente: o modelo MoonMachine 2, da coleção Horlogical. O relógio de pulso, que instiga a curiosidade por seu design nada tradicional, é uma parceria da marca com Stepan Sarpaneva, um relojoeiro independente de Helsinque, na Finlândia.
VEJA TAMBÉM: Os únicos da espécie
O modelo é uma evolução do HM8 criado em 2016. Para o novo MoonMachine, os criadores adicionaram as fases lunares observadas por meio de uma grande lua carrancuda de 8,5 mm de diâmetro que fica visível através da safira. No topo da peça, estão mais duas luas menores de 4,5 mm de diâmetro. O que intriga nesse relógio é a forma de ver as horas. Os indicadores de horas e minutos estão localizados próximo à pulseira. Por isso, é necessário um pequeno movimento do pulso para ver as horas. Para acomodar todo esse mecanismo, o relógio precisa ser grande. A caixa de 49 mm de largura por 51,5 mm de comprimento traz inspiração automotiva à peça. Talvez consultar as horas nos relógios da MB&F não seja tarefa fácil. Entretanto, essa não parece ser uma preocupação para seu criador. Maximilian costuma dizer: “Não criamos relógios para ver as horas. Criamos pequenas esculturas de pulso”. Está dada, assim, a explicação para tanta criatividade.
*Jairo Waisman é diretor executivo da Joalheria Frattina
Coluna publicada na edição 57, lançada em março de 2018