Os bilionários da China, Rússia, Inglaterra e Estados Unidos investem pesado no futebol. De acordo com um estudo feito pela Soccerex (“Football Finance 100”), a fortuna pessoal combinada dos donos dos 30 clubes mais valiosos no mundo é de, aproximadamente, € 366 bilhões (R$ 1,4 trilhão).
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Os chineses e norte-americanos contribuem com € 60 bilhões (R$ 236 bilhões) e € 26 bilhões (R$ 102 bilhões), respectivamente.
De acordo com o levantamento da entidade, há vários indicadores do sucesso financeiro dos clubes. O valor de seus ativos (como estádios e centros de treinamento), o valor dos seus jogadores, seu nível de endividamento e quanto dinheiro eles têm em caixa. Mas um dos principais determinantes do êxito, nos campos e fora deles, é a capacidade dos proprietários de investir.
Dois exemplos marcantes, vindos da mesma região do mundo, são os investimentos no Manchester City e no Paris Saint-Germain.
O City que conhecemos hoje não lembra em nada a equipe que nos primeiros 100 anos de vida havia ganho apenas nove troféus. Em 2008, quando o Sheik Mansour, de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, comprou o clube por £ 210 milhões (aproximadamente R$ 930 milhões), tudo mudou.
O Sheik, um dos proprietários mais ricos do futebol, transformou o clube em um dos mais competitivos no mundo. Desde 2010 já foram sete taças, incluindo a recém conquista do Campeonato Inglês e os inéditos 100 pontos alcançados em uma só temporada.
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O mesmo aconteceu com os franceses em 2011, quando o Qatar Sports Investments adquiriu o clube e injetou centenas de milhões de euros na compra de astros como Zlatan Ibrahimović e Neymar, o mais caro do mundo. Liderado pelo chairman Nasser Ghanim Al-Khelaifi, o Paris Saint-Germain ganhou tudo o que disputou na França nos últimos anos e está posicionado para tornar-se um dos grandes da Europa nas próximas temporadas.
Tanto o Sheik Mansour quanto Nasser Ghanim Al-Khelaifi não estão fazendo caridade com seu esporte favorito. Muito pelo contrário. Desde as aquisições, os valores do Manchester City e do PSG quase que quintuplicaram.
Seguindo a onda de investimentos do Oriente Médio e da Rússia, no começo desta década, os chineses decidiram comprar tudo o que estivesse disponível. Hoje, eles detêm posições importantes nas cinco principais ligas europeias.
A demanda por clubes europeus cresceu tanto nos últimos anos que já não há mais bons negócios disponíveis. Na Inglaterra, apenas cinco dos 20 times da primeira divisão (a English Premier League) estão nas mãos de investidores locais. Por isso mesmo, os clubes da segunda divisão tornaram-se os principais alvos para aportes estrangeiros.
Mas se o futebol é um investimento tão bom assim, por que nenhuma das dez maiores fortunas do Brasil, publicadas aqui na FORBES, investem nesse setor?
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Aparentemente seus donos têm outras prioridades. Fora a família Marinho, que por meio da Rede Globo tem grandes investimentos nos clubes brasileiros, nenhum outro uber rico tupiniquim se interessou até agora pelo potencial financeiro do esporte.
Infelizmente o futebol internacional está muito inflacionado. Quem quiser investir hoje, precisa saber que está brigando com bilionários chineses, árabes e russos.
Já os clubes nacionais não permitem investimentos por serem associações sem fins lucrativos. Isso sem falar das administrações de qualidade questionáveis e dívidas difíceis de saldar para muitos deles.
Mas há iniciativas no governo propondo a mudança na estrutura dos clubes de forma a permitir investimentos privados e emissão de debentures. Caso isso aconteça, eles passarão a aceitar aportes e se tornarão um excelente alvo para fundos de investimentos nacionais e internacionais.
Como os torcedores brasileiros reagiriam a uma administração chinesa ou russa no Flamengo ou no Corinthians? Se o clube começar a ganhar tudo, acho que não será um problema. Na dúvida, basta perguntar para os torcedores de qualquer clube europeu.
Ricardo Fort é um colaborador da Forbes Brasil. Sua opinião é pessoal e não reflete a visão editorial de Forbes Brasil.