O Dr. Evan Antin estava abraçando um bicho-preguiça quando eu o conheci no Wildlife Learning Center, na Califórnia. O animal adorável e lento estava em suas costas praticamente ronronando enquanto ele o alimentava com bananas. Antin tem aquela personalidade única e calma que atrai e conforta os animais – assim como a alguns de seus fãs online. Apesar do fato de ter 1 milhão de seguidores no Instagram, ele está mais interessado na fama que recebe como defensor da vida selvagem.
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O veterinário de 33 anos tornou-se, rapidamente, uma sensação da internet depois de ser nomeado um dos “homens mais sexy do mundo” pela “People Magazine”, em 2014. Desde então, fãs seguem suas viagens ao redor do mundo nas redes sociais enquanto Antin trata animais exóticos e selvagens, além de trabalhar no Hospital Veterinário de Conejo Valle, no sul da Califórnia.
Antin é particularmente apaixonado por conscientizar e educar as pessoas sobre o bem-estar animal – ao mesmo tempo em que ajuda bichos em perigo. Durante suas viagens, ele diagnostica e trata a vida selvagem em áreas remotas, onde veterinários não estão disponíveis. Enquanto alimentava um grupo de porcos-espinhos, conversamos sobre suas aventuras pelo mundo e o que o futuro reserva para um dos veterinários mais queridos dos EUA.
Veja, a seguir, os melhores momentos da entrevista com Antin:
Forbes: Você sempre quis ser veterinário?
Evan Antin: Eu sempre fui apaixonado por animais. Eu cresci no Kansas e tínhamos um riacho em nosso quintal onde eu sempre procurava tartarugas, cobras e insetos. Eu amava insetos quando criança. Mais tarde, eu estava focado principalmente na prática de esportes e me deparei com um curso de zoologia. Isso reacendeu minha paixão pelos animais. Eu fui para a Universidade do Colorado, em Boulder, e comecei na área de negócios, mas percebi que sempre fui fascinado por medicina e cirurgia. Por uma fração de segundo, pensei que me tornaria um médico de pessoas, mas amava muito os animais. Acho que a minha missão era ser veterinário e especialista em animais exóticos.
F: Qual a sua lembrança favorita com animais exóticos?
EA: Quando eu tinha 22 anos, estudei na Tanzânia, em um programa de conservação e ecologia da vida selvagem que fazia parte dos meus estudos de graduação. Eu fiz um projeto de estudo independente na Reserva Privada de Ndarakwai, no norte do país. Lá eu conheci uma elefanta de oito anos de idade que foi resgatado como órfã em uma idade muito jovem. Ela vivia dentro das fronteiras protegidas da reserva. Tecnicamente, ela era selvagem, mas obviamente habituada aos humanos, já que era cuidada por eles e os encontrava com certa regularidade.
Todas as noites, durante uma semana inteira, quando eu terminava meu trabalho de campo, ela visitava meu acampamento, e nós tínhamos uma meia hora incrivelmente especial. Ela olhava para mim e colocava o tronco em cima de mim enquanto eu acariciava o seu corpo e sua cabeça – e conversava com ela. Eu nunca havia interagido com um elefante até então. Eu não estava alimentando-a e não havia nenhuma motivação especial para que ela passasse aqueles momentos comigo, além da genuína curiosidade e interação. Conhecê-la e experimentar em primeira mão o quão gentis, inquisitivos e antropomórficos esses animais são fez com que eu me apaixonasse ainda mais pela espécie.
F: E qual memória você gosta menos?
EA: Na última vez em que fomos à África do Sul, recebemos um telefonema sobre uma rinoceronte fêmea contrabandeada. Ela foi morta, assim como seu filhote, e eles estavam apenas deitados lá, lado a lado. Os caçadores furtivos nem pegaram os chifres. Foi apenas um total desperdício de vidas. Quando você vê isso ao vivo é de partir o coração
Um grupo chamado Rhino 911 havia me procurado e eu vi que eles faziam coisas incríveis. Eu queria ver por mim mesmo o que era aquilo tudo. Então fui para a África do Sul. Eles me levaram em seus helicópteros enquanto faziam um trabalho de devolver rinocerontes ao ambiente e de marcação. Nós também aparamos seus chifres para tentar evitar que os rinocerontes órfãos fossem caçados, porque é uma guerra lá fora. O Estado Islâmico está financiando o comércio de chifres de rinoceronte, bem como certas máfias, e é muito pesado.
Meu objetivo pessoal é despertar consciência sobre eles, e é aí que eu posso fazer o meu melhor. Eu também gosto de ajudar com o trabalho veterinário, que é o que eu vivo todos os dias, minha paixão. Mas com uma grande base de seguidores nas mídias sociais, eu sou capaz de alcançar muitas pessoas para dizer a elas o que está acontecendo lá fora.
F: Você sempre viaja como médico?
EA: Eu gosto de ser médico pelo menos em parte da viagem, especialmente se eu estiver nos trópicos, em países do sudeste da Ásia, América Central e do Sul e África. Eu estou sempre chegando aos resgates da vida selvagem, e eu digo a eles que sou um veterinário e que tenho experiência com esses tipos de animais. Me ofereço para ajudar. Eu viajo com meu kit de aventura, que inclui um gancho de cobra telescópico, uma armadilha de crocodilo, um monte de lanternas e algumas câmeras. E sempre tenho um bom par de botas de caminhada.
F: Me conte algo sobre as suas aventuras mais incríveis.
Em janeiro, estávamos no Parque Nacional dos Vulcões, nas montanhas de Virunga. A área abrange três países: Ruanda, República Democrática do Congo e Uganda. Meu primeiro encontro com um gorila selvagem foi quando um deles veio subindo a montanha através de um denso arbusto da floresta e, literalmente, caiu de barriga perto de mim. Para um animal selvagem, estar nessa posição na presença de um humano não é muito confortável, porque é um lugar muito vulnerável para se estar. Os rastreadores seguem os gorilas de longe, então eles estão acostumados a ver pessoas, mas ainda são muito selvagens. Quero dizer: é incrível ver a dinâmica da família dos gorilas, é como uma família humana.
Já em Arusha, no norte da Tanzânia, estávamos visitando reservas de caça e parques nacionais como parte de um programa de conservação da vida selvagem. Meu trabalho era fazer uma pesquisa sobre a agressividade dos hipopótamos durante a estação seca, quando a água era realmente escassa. À medida que você chega às águas mais profundas, que são mais confortáveis para esses animais, eles são muito mais agressivos – se torcem, fazem grunhidos, gemem. Eu estava fazendo uma pausa para ir ao banheiro em um leito no vale do riacho, com paredes em ambos os lados e, quando eu me virei, dei de cara com um grande hipopótamo me encarando. Os hipopótamos matam a maioria das pessoas e são os animais mais agressivos da natureza. Eu sabia que estava no pior lugar possível, entre a água e ele. Andei, casualmente, para trás e mantive contato visual até que eu estivesse fora do seu caminho. Foi uma experiência muito assustadora.
Além disso, tive um encontro com um orangotango macho no sudoeste de Bornéu. Era uma estação de alimentação administrada por Birutė Galdikas, que é como a Jane Goodall dos orangotangos. Quando começamos a sair, um orangotango macho percorreu a trilha e parou em nosso caminho, pendurado em um galho. Decidimos nos virar e seguir em outra direção. Ele voltou para a floresta e nos bloqueou novamente do outro lado, enquanto nos provocava. Nós nos viramos e ele, então, começou a andar bem atrás de nós. Eu imediatamente cobri minha virilha com as mãos porque eles são famosos por atacar primeiro os órgãos genitais dos seres humanos. Eles também podem rasgar seu braço ou enfrentá-lo. Ele acabou se afastando, mas foi um encontro aterrorizante.
Dos animais selvagens, os crocodilos são meus animais favoritos. E o crocodilo filipino é o mais ameaçado do mundo. É um animal por quem sempre tive alta consideração. Foi super emocionante poder tratar um que foi ferido e precisava de ajuda. Eu tirei alguns antibióticos e tratamentos tópicos de primeiros-socorros. Nós o limpamos e acabamos nos saindo muito bem, apesar dos muitos danos à cauda. Foi um daqueles momentos em que você percebe que está seguindo a sua verdadeira paixão e fazendo o que deveria fazer. Foi muito recompensador.