Chegou ontem ao Museu Nacional, no Rio de Janeiro, a primeira remessa de um total de 1 milhão de euros (R$ 4,5 milhões) prometidos pelo governo da Alemanha à instituição, consumida por um incêndio em setembro. Trata-se da doação de um cheque de 180,8 mil euros (cerca de R$ 800 mil), entregue em cerimônia ao diretor do museu, Alexander Kellner.
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O dinheiro servirá para aquisição servirá para aquisição de materiais emergenciais usados por equipes envolvidas nos trabalhos de reconstituição do crânio de Luzia, o fóssil humano mais antigo do Brasil. Encontrado em Lagoa Santa, em Minas Gerais, tem 12 mil anos e as partes salvas das chamas (crânio e fêmur) estavam numa caixa de metal num armário também de metal. Ao todo, o Museu Nacional tinha 20 milhões de peças em seu acervo. Vários não estavam em locais atingidos pelo incêndio. Dos alcançados pelo fogo, foram encontrados cerca de 1500 itens.
Embora muito bem-vinda, a doação alemã representa ainda uma parte bem pequena do dinheiro que será necessário para a restauração. Estima-se que possa chegar a R$ 300 milhões. Desde o incêndio, o museu recebeu do Ministério da Educação R$ 8,9 milhões, destinados a prevenir que a estrutura do prédio histórico, danificada pelas chamas, venha abaixo de vez. A direção tenta ainda conseguir repasse de R$ 56 milhões para 2019. O cenário mais otimista é que a instituição seja reaberta ao público em três anos.
Uma notícia vinda de Brasília talvez sirva como sopro de esperança nesse cenário. Trata-se da aprovação na Câmara dos Deputados do texto que regulariza uma medida provisória editada pelo governo federal depois do incêndio. A MP 851/18 permite a criação de fundos administrados por instituições privadas sem fins lucrativos para financiar projetos culturais. Iniciativas semelhantes são usadas, por exemplo, para manutenção de instituições americanas como o Metropolitan Museum, em Nova York, que tem fundos da ordem de US$ 3 bilhões.
No Brasil, apenas o Instituto Moreira Salles funciona de maneira semelhante. O Masp tem buscado levantar recursos para seu fundo próprio, cuja meta é chegar a R$ 40 milhões de reais. A ideia é que a administração de cada instituição e a dos fundos sejam separadas, para garantir a transparência e uso correto dos recursos. Os gestores utilizam parte da rentabilidade do fundo para arcar com as despesas dos museus, além de dinheiro vindo de bilheteria, lojas de souvenires, eventos e patrocínios.