Se você é como muitas mulheres que conheço, provavelmente já se pegou perguntando o que aconteceu com a confiança que costumava ter. Você se lembra dos dias em que se sentiu bem consigo mesma. As coisas pareciam estar sob o seu controle – você estava indo bem, tinha tempo para fazer as coisas que gostava e estava até satisfeita com a sua aparência.
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Agora você parece exausta e sobrecarregada. Você se compara aos outros e se sente pior. Duvida das suas decisões e capacidades, e essa culpa – ou vergonha – aparece toda vez que briga com seu filho, que seu chefe lhe dá um feedback negativo ou quando as roupas não servem mais.
Se você se identifica com alguma dessas premissas, fique tranquila, você não está sozinha.
Na verdade, você tem a companhia de milhões de mulheres que são brilhantes, mas não conseguem enxergar além de suas falhas e imperfeições. Elas se concentram mais no que não fizeram ou não conseguiram, mesmo quando se esforçam cada vez mais. Não é de admirar, já que sempre há algo para lembrar que elas falharam.
Então, o que mudou? Foram os filhos? É verdade que a dupla jornada afeta as mulheres. Foi o trabalho? As crescentes exigências dos cargos impõem às mulheres um conjunto único de desafios organizacionais e interpessoais, entre os quais o duplo empate de competência e simpatia. Ou será que foi a idade? Afinal, a sociedade nos diz como devemos ser – boa aparência, extrovertida e sem rugas, sempre determinando a importância de “ser quem você é”. A autenticidade não é mais orientada intrinsecamente. Tornou-se mais uma expectativa que queremos alcançar.
Eu pesquisei, durante muitos anos, sobre a confiança das mulheres no local de trabalho, e descobri que a verdadeira autenticidade (é irônico a forma como a autenticidade pode ser utópica) é, de fato, a base da confiança. Daquele tipo que cresce com a idade e a perspectiva. E não depende da validação externa de sucesso, sequer de aprovação. Trata-se de estar em paz com quem você é.
Como mulheres, estamos praticamente desconectadas de quem somos – uma jornada que começa quase no dia em que nascemos. Mesmo quando garotinhas, somos sensíveis às emoções de nossos cuidadores, que muita vezes faz com que nos questionemos. Ficamos ansiosas para agradar e procurar pistas sobre quem e como deveríamos ser, para obtermos os famosos elogios. Quando chegamos à idade adulta, muitas de nós estão desconectadas das próprias fontes de alegria e brilho, e tentamos obter a aprovação de nossos parceiros, filhos, chefes, amigos, colegas. Enfim, da sociedade em geral.
Esse é o domínio da “confiança frágil”, um tipo de alta confiança que depende inteiramente da validação externa, justamente porque é sustentada por crenças arraigadas de indignidade. Muitos indivíduos de alto desempenho não estão cientes desses sentimentos subconscientes, precisamente por conta de seus respectivos sucessos. À medida que a vida passa, e esses sucessos se tornam cada vez menores em função dos desafios tanto do trabalho quanto do equilíbrio na vida, as máscaras começam a cair, sentimentos profundos começam a surgir e a confiança começa a desaparecer.
Como uma mulher bem-sucedida e coach de liderança, vejo muitas mulheres nesse estágio de suas vidas e carreiras. Mulheres imensamente capazes, inacreditavelmente talentosas, mas que continuam duvidando de si mesmas. Elas se esforçam para ficar exaustas e se sentir fora de controle, além da infelicidade em quase todos os aspectos da vida. Sua crítica interior é alta, mas elas se sentem inseguras e desconfortáveis com a ideia de lidarem com si mesmas de forma simples e gentil. A vida é um esforço constante para dar provas – e parece que nada é suficiente para conseguir a aprovação que os outros buscam.
Se esta pessoa é você, há uma boa notícia. Essa sensação pode significar um momento crucial de mudança se você tomar a decisão consciente de embarcar na jornada de volta para casa. Os desafios que você enfrenta não são pequenos em nenhum momento da imaginação, e não irão embora da noite para o dia, apesar dos esforços para fazer mudanças – seja em casa ou no trabalho. A melhor chance que você tem de acelerar o ritmo da mudança é possuir o poder de orquestrá-la.
Isso significa construir recursos internos para que você prospere, apesar dos desafios. A pesquisa é clara quanto a isso – quando a competência é sustentada pelo valor próprio, leva a esforços seguros, determinação, desejo de apoiar os outros, além de uma confiança duradoura.
Uma das melhores maneiras de começar é se comprometendo em ser um pouco mais gentil consigo mesma. Ser menos severa quando o seu corpo precisa de uma pausa. Ser menos julgadora de si quando você não está à altura de seus próprios padrões de perfeição. Ao preencher o buraco em seu coração, você descobrirá que não mais precisará impressionar ou agradar, e se permitirá viver e liderar, dando sempre o melhor de si mesma.
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