Entre os 10 países do mundo com áreas superiores a 2 milhões de km², o Brasil é o pentacampeão do verde. Produz alimentos em apenas 7,8% de seu território, suprindo 210 milhões de brasileiros, e gera excedentes que o estão tornando o maior produtor e exportador agropecuário do mundo. Essa a razão pela qual sofre intensa campanha difamatória mundial, promovida por países concorrentes e reverberada por ONGs dirigidas por brasileiros financeiramente engajados.
Muitos brasileiros de boa-fé, desconhecedores da realidade do país, tornaram-se inocentes úteis, acreditando no que propagam os produtores de milho americanos em busca de mercados adicionais de bilhões de dólares. Eles orientam seus afiliados a financiarem as tais ONGs. Causa espanto serem tais entidades também financiadas pelo governo brasileiro. O documento Farms Here, Forest There expõe o conflito dos produtores agrícolas americanos com o crescente desenvolvimento da agricultura brasileira.
Para justificar o título deste artigo, busquei alguns números compilados pela Embrapa, em trabalho do pesquisador Evaristo Eduardo de Miranda:
• as áreas protegidas ocupam 30% do território nacional, o equivalente em superfície a 15 países da Europa;
• 10% da área do país é ocupada por assentamentos;
• áreas atribuídas pela União a índios, quilombolas e outros totalizam 37% do território.
E isso não é tudo: 90% do Brasil está destinado e escriturado, no maior loteamento da história. Para a produção agropecuária, sobram apenas 7,8% do território. Os Estados Unidos, por exemplo, preservam 20% de sua área; 80% destinam-se ao agronegócio e outros usos.
Desse falso desequilíbrio criado em Brasília gerou-se a percepção mundial de que irresponsavelmente desmatamos; que não protegemos áreas verdes. Movimentos como o Farms Here, Forest There, além de faltarem com a verdade, objetivam comprometer nossa participação como protagonistas no fornecimento mundial de alimentos.
Chegou a hora de reagirmos, governo e iniciativa privada, em defesa do futuro do país.
Em 1981, liderei a primeira delegação de empresários e jornalistas à China. Por acreditar no Plano de Desenvolvimento de Deng Xiaoping (“Não importa a cor do gato, importante é que mate ratos”), fundei em Beijing o primeiro escritório de uma empresa privada brasileira. Estudei a Coreia e o Japão: observei a abertura de suas economias para o mundo, independentemente de acentos ideológicos dos fornecedores de matérias-primas e clientes. Foquei nos modelos de progresso social, econômico e humano aplicáveis ao Brasil. Observei que o resultado dessas políticas decorreu dos investimentos prioritários em educação e tecnologia, embasando forte impulso industrial voltado às exportações; não os constrangeu a recepção de métodos e sistemas de produção de países mais avançados, com ênfase na eficiência e na produtividade, inclusive expondo-se à concorrência internacional em seus próprios territórios.
À época, o Brasil era a sétima economia do mundo. A China estava abaixo, apesar de figurar entre as 25 maiores, com uma renda per capita baixíssima – equivalente a 17% da renda americana, enquanto a do Brasil equivalia a 45%. Em 2016, a Coreia atingia 70% da renda per capita americana e se igualou à União Europeia. O Brasil, na mesma data, regredia para 25% (informações extraídas do primoroso artigo de Affonso Celso Pastore).
Sempre me preocupou o fato de estarmos andando para trás, perdendo tempo em estéreis discussões sobre qual o melhor modelo para nosso desenvolvimento. O presidente Juscelino Kubitschek nos ensinou o caminho quando transformou em política pública a meta de seu governo – “50 anos em 5” –, criando a indústria made in Brazil. O modelo já existe!
A sociedade brasileira se agita, grita e esbraveja exigindo que nos abram as vias do progresso pela educação, pela saúde e por honestas administrações. Clama pela integração do país, pela abertura ao mundo, pela quebra dos cartórios e dos privilégios que impediram o salto de produtividade de nossa indústria. Oxigenado, o país oferecerá emprego para todos, a começar pela tão esperada inclusão dos 12 milhões de brasileiros que estão à margem do mercado de trabalho. Só assim chegaremos à nossa autêntica democracia.
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