A Justiça reduziu a pena de Lula. Faz sentido. Num país com veneração confessa por heróis 171, onde as lágrimas de crocodilo do picareta são campeãs de audiência, o maior ladrão da história merece um refresco.
Pela primeira vez abre-se a perspectiva de regime semiaberto para o ex-presidente. Ótimo. Estava se tornando mesmo uma crueldade obrigá-lo a conspirar dentro da cela, chegando ao ponto de ter que tutelar o presidenciável da quadrilha nas barbas do carcereiro. É muita falta de privacidade.
Se tudo correr bem, Lula vai poder conversar com José Dirceu sobre a fortuna roubada dos brasileiros longe da polícia, que só atrapalha a revolução companheira. Pensa bem: como você pode decidir com tranquilidade a compra de um juiz ou de um deputado com esses bisbilhoteiros te patrulhando? Cadê a liberdade de extorsão?
Se a pena de Lula não fosse reduzida, haveria o risco claro de o Brasil começar a achar que o crime não compensa. Agora as coisas estão voltando aos seus lugares. Se você tem dúvidas de que o ex-presidente duplamente condenado por corrupção e réu em outros seis processos merece o benefício de ter sua punição amenizada, ponha-se no lugar do magistrado.
O que você faria diante de um ladrão de grande porte que ainda responderá por formação de quadrilha com ditadores amigos para assaltar o BNDES? Que ainda terá de acertar contas com a Justiça por criar o PAC do Roubo ao Pré-Sal que faliu a Petrobras? E também por saquear o Banco do Brasil, por vender medidas provisórias, por desviar bilhões de dinheiro público transformando um açougueiro em laranja do partido para subornar a República inteira, entre outras ações sociais sem precedentes? Você também não teria dúvidas: reduziria a pena do pobre homem.
O Brasil está louco para refrescar Lula porque é um país onde dezenas de milhões votam num suplente de presidiário, onde “democratas” dizem que “é triste” a prisão do maior ladrão da história e onde a reconstrução econômica é chamada de fascismo. Na terra do nunca, combater a pilantragem é crise de identidade.
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