Resumo:
- Malala Yousafzai tinha apenas 11 anos quando descobriu o poder de sua voz para defender o direito de meninas à educação;
- A ativista paquistanesa dá todos os créditos a seu pai, Ziauddin, por nutrir e encorajar essa habilidade;
- Ziauddin acredita que saber se comunicar é um “pré-requisito” para qualquer um se tornar um líder destemido e promover mudanças.
Malala Yousafzai tinha apenas 11 anos quando descobriu o poder de sua voz para defender o direito de meninas à educação. Seis anos depois, ela aceitou o Nobel da Paz e se tornou a mais jovem ganhadora do prêmio.
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A jovem paquistanesa dá todos os créditos a seu pai, Ziauddin, por nutrir e encorajar essa habilidade. “Ele me fez perceber que minha voz era poderosa”, escreve ela no livro de seu pai, “Livre Para Voar”. “Eu sabia contar uma história, sabia como falar.”
Passei algum tempo com Ziauddin recentemente na Feira Internacional do Livro de Abu Dhabi, onde fomos convidados para falar com amantes da literatura e grupos escolares da região. Aprender habilidades de comunicação é um “pré-requisito” para qualquer um se tornar um líder destemido e promover mudanças, diz ele. E as habilidades de comunicação começam cedo – em casa.
Malala vem de várias gerações de contadores de histórias. Seu avô, o pai de Ziauddin, era um orador impetuoso e erudito religioso, cujos discursos atraíam pessoas de longe. Ziauddin disse que queria ser como seu pai, mas desenvolveu um problema de fala aos quatro anos de idade. O progenitor então ajudou Ziauddin a transformar sua fraqueza em força ao encorajar o filho a praticar a fala.
As escolas no Paquistão realizavam competições de fala e Ziauddin participou de uma delas quando tinha 13 anos. O jovem praticava por horas e, desse modo, proferiu o discurso perfeitamente. Isso deu um impulso a sua confiança, especialmente quando um professor sussurrou para ele: “Você foi muito bem”.
“Anos depois, meu discurso se tornou minha arma contra o Talibã”, lembra Ziauddin. “Posso não ter sido influente, mas falei a verdade.” Ele transmitiu sua paixão pela educação e pela oratória para a filha. Ziauddin diz que está impressionado e inspirado em como ela lida com sua fama mundial. Malala é clara, precisa e emocional, além de incrivelmente calma – mesmo quando fala na frente de líderes mundiais.
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Como você cria uma criança, menina ou menino, para ser destemida e confiante? Ziauddin acredita que elogios têm muito a ver com isso.
“Eu me esforcei para fazê-la se sentir como o ser humano mais sábio que já veio a este mundo”, escreveu ele. Se Malala tivesse uma boa nota, Ziauddin a elogiava. Se ela trabalhasse duro em um projeto escolar ou expressasse bem uma ideia, ele a elogiava. Conforme Malala crescia, sua confiança como oradora também aumentava. Quando falava em lugares onde o público era majoritariamente masculino, Malala os ouvia dizer: “Essas garotas deveriam ser mantidas separadas!” Ela não era ignorada, já que seus discursos chegavam ao centro do coração das pessoas.
“Se um pai não dá a um filho o espaço para pensar que qualquer coisa na vida é possível, será muito difícil para a criança acreditar em seu próprio potencial”, diz ele. Malala recebeu o nome de Malalai de Maiwand, a lutadora pachtun (grupo etnolinguístico localizado principalmente no leste e no sul do Afeganistão e no Paquistão) que morreu no campo de batalha em decorrência de suas crenças. Ziauddin não queria que Malala enfrentasse a violência, é claro. Ele a nomeou assim porque ela Malalai foi a primeira mulher em sua cultura que esculpiu sua própria identidade.
Malala cresceu em uma sociedade na qual as adolescentes estavam ausentes da escola, enquanto se preparavam para o casamento. Ziauddin estava determinado a quebrar o ciclo. “Eu acreditava em qualquer coisa para ela. Em vez de proibi-la, ou limitá-la com preconceitos estabelecidos, pensei que ela mudaria o mundo. Ela vai mover montanhas. Ela é destinada às estrelas.”
Hoje, como copresidentes do Fundo Malala, Ziauddin e sua filha são a voz de mais de 130 milhões de jovens privadas de educação.
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