Resumo:
- Usuários começaram a suspeitar que as fotos alteradas são enviadas para a Rússia, onde fica a sede do aplicativo;
- O FaceApp já tinha sido um grande sucesso em 2017, mas ficou popular novamente graças ao “Desafio FaceApp” feito entre os influenciadores;
- As fotos são processadas em servidores nos Estados Unidos, não nos smartphones de quem tem o aplicativo.
Não, o FaceApp, aplicativo de envelhecer que virou febre, não tira fotos do seu rosto e as leva para Rússia, seu país de origem, para um projeto aterrorizante. Pelo menos é o que as evidências apontam.
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Depois de fazer sucesso em 2017, e acumular mais de 80 milhões de usuários ativos, o aplicativo voltou ao ápice graças ao chamado “Desafio FaceApp”, no qual celebridades (e todas as outras pessoas) postam imagens com aparência de quem já está na terceira idade. O app, disponível para Android e iPhone, usa inteligência artificial para criar uma renderização de como seu rosto pode ficar no futuro.
Ao todo, 100 milhões de pessoas baixaram no Google Play e, segundo o “App Annie”, o FaceApp está nos principais aplicativos da App Store em 121 países. Com isso, cerca de 150 milhões de pessoas estão com seus nomes e fotos salvos nos servidores do aplicativo. Além disso, parte dos termos de uso concedem ao app o uso ilimitado das informações dos usuários pelo aplicativo. Mesmo que ele não faça nada de mal com os dados, é importante se manter cauteloso.
Nesta semana, por exemplo, um tuíte causou um ligeiro pânico na internet. Um desenvolvedor avisou que o aplicativo poderia estar pegando todas as fotos do seu telefone e enviando para seus servidores sem qualquer permissão óbvia do usuário.
Joshua Nozzi publicou no Twitter: “TENHA CUIDADO COM O FACEAPP – o famoso app de envelhecimento do rosto. Ele imediatamente envia suas fotos sem perguntar se você permite ou não”.
O tuiteiro disse mais tarde que ele estava tentando fazer um alerta sobre o FaceApp ter acesso a todas as fotos, mesmo que não fosse enviá-las para um servidor da empresa russa.
Tempestade em copo d’água virtual?
No fim, foi tudo um exagero. Elliot Alderson, (pseudônimo de Baptiste Robert) um pesquisador de segurança baixou o aplicativo e verificou para onde estavam indo os registros dos rostos dos usuários. O especialista francês de ciberespaço descobriu que o FaceApp só leva as fotos em que o software aplicou o efeito de volta para um servidor da empresa.
E onde é esse servidor? A reportagem da Forbes confirmou por meio dos registros de hospedagem que ele está baseado nos Estados Unidos, não na Rússia. Os servidores do FaceApp.io são baseados em data centers da Amazon, nos EUA. Como observado por Alderson, o aplicativo também usa código de terceiros para alcançar seus servidores, mas, novamente, estes são baseados nos EUA e na Austrália.
Naturalmente, dado que a empresa de desenvolvimento está sediada em São Petersburgo, os rostos serão vistos e processados na Rússia. Não está claro quanto os funcionários da FaceApp têm acesso a essas imagens. Até o fechamento desta publicação, a empresa não havia respondido sobre o que acontece com as imagens carregadas.
Permissão para pousar em seu celular
Então, há uma preocupação com privacidade? O FaceApp poderia operar de forma diferente. Pode, por exemplo, processar as imagens no seu dispositivo, em vez de levar as fotos para um servidor externo. Como o pesquisador de segurança do iOS Will Strafach disse em seu Twitter: “Tenho certeza que muitas pessoas não estão de acordo com isso.”
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Os usuários que estão, compreensivelmente, preocupados com a permissão do aplicativo acessar qualquer foto, podem querer ver tudo que há nos smartphones. É provável que muitos tenham acesso a fotos e muito mais. Todos os seus movimentos via rastreamento de localização, por exemplo. Para alterar as permissões, exclua o aplicativo ou acesse as configurações dele no iPhone ou Android e altere as permissões cedidas pelo aparelho.
A Forbes entrou em contato com o fundador do FaceApp, Yaroslav Goncahrov, que prometeu um comunicado hoje (17). Este artigo será atualizado quando essa declaração chegar.
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