Resumo:
- A intenção de bloquear redes sociais norte-americanas na Rússia não é nova;
- Segundo Mikhail Klimarev, chefe da Sociedade de Proteção à Internet, o prognóstico é que a medida agora fato saia do papel;
- Klimarev explica que o plano será colocado em prática por meio de audiências regulares sobre interferências nos assuntos internos da Rússia.
As autoridades russas não apoiam o fato de os sites de mídia social dos EUA venderem seus produtos dentro do país fortemente controlado. Houve especulações no passado de que a Rússia poderia agir para banir tais meios de divulgação e interação do país. Atualmente, de acordo com a Internet Protection Society, ONG que luta pela liberdade online, planos governamentais com este fim estão em andamento.
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Na verdade, já havia várias evidências do movimento. Houve pressão no Facebook e em outros para transferir o armazenamento de dados dos cidadãos russos para a Rússia, além de abrir escritórios e contratar funcionários. De tempos em tempos, a agência reguladora de comunicação do país ameaça agir contra as empresas americanas, como aconteceu recentemente com a alegação de interferência nas eleições.
Agora Mikhail Klimarev, chefe da Sociedade de Proteção à Internet, disse que os planos para tal proibição estão sendo realizados e, desta vez, os legisladores da Rússia estão seriamente empenhados em seguir adiante. “Acredito que o YouTube, o Facebook e o Instagram serão bloqueados. Isso foi anunciado em uma reunião do Conselho da Federação e o plano é que o parlamento realize audiências regulares sobre interferência nos assuntos internos da Rússia, levando a um caso de ação a ser tomada”, explicou.
Com isso feito, Klimarev disse que “várias audiências de justiça serão organizadas, pois o sistema judicial na Rússia está completamente sob o controle do Kremlin”. Paralelamente, “a mídia russa exagerará na narrativa da ‘interferência nos assuntos internos’”. Isso será seguido por “uma declaração contundente do Ministério das Relações Exteriores e talvez o governo russo processe o Google e o Facebook, por exemplo”. Tal ação legal já havia sido ameaçada antes, portanto, a tática não é nova.
A intenção governamental, acredita Klimarev, é que uma pressão gradual seja colocada nas plataformas, pois a população é atingida por uma campanha publicitária contra sua influência e comportamento. “Assim, a infraestrutura de entrega de conteúdo para o YouTube, Facebook e Instagram dentro do país pode ser destruída, com as operadoras de telecomunicações russas forçadas a derrubar o Google Global Cache”, declara ele.
“Segundo as autoridades russas”, Klimarev disse, “uma proibição gradual do Facebook e do YouTube não causará protestos em massa.” A Rússia é um grande mestre indubitável de usar a mídia -em casa e no exterior- para moldar opiniões e influenciar o pensamento, por isso, há pouca surpresa aqui.
Há uma semana, a Rússia acusou o Facebook e o Google de interferência eleitoral “ilegal” e “inaceitável” durante uma pesquisa no país. A agência reguladora afirmou que as empresas estadunidenses haviam interferido “nos assuntos soberanos da Rússia e tais ações de atores estrangeiros”, alega, “são inaceitáveis”.
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Se você considera que nada na Rússia é acidental, então, as bases estão sendo estabelecidas. A agência é central nos planos mais amplos da Rússia para permitir a separação da internet e esteve envolvido na desativação de partes da rede móvel de Moscou durante manifestações anti-Putin.
“Tenho más notícias para vocês”, escreveu Klimarev em um post no Facebook. “É muito provável que o YouTube, Facebook e Instagram sejam bloqueados na Rússia. É um ‘plano inteligente’, pois se não forem retidas imediatamente, mas sim gradualmente, não haverá protestos em massa”. A operação completa, ele disse,“deverá ser concluída até o início de 2021.”
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