Resumo:
- A Bandeirantes colocou no ar dois programas sobre empreendedorismo neste ano, e a Rede TV! está prestes estrear outro, no fim de outubro;
- Número de startups e cultura empreendedora estão entre as influência na caça da audiência;
- Com tanta repercussão do público, discute-se a capacidade de instruções de economia para os telespectadores.
Segundo um levantamento da Associação Brasileira de Startups (Abstartups), o Brasil tem hoje 12.711 empresas do tipo. A maioria (38%) dos empreendimentos está na região sudeste: só em São Paulo são mais de 2 mil. O nicho crescente chamou a atenção das emissoras de TV, que também querem seu pedaço deste ecossistema.
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Um dos pioneiros da temática é o norte-americano “Shark Tank” – atualmente na décima primeira temporada internacional -, cuja versão brasileira (que já está na quarta temporada), coproduzida pela Floresta Produções, estreou no Sony Channel, por assinatura, em outubro de 2016. No ano seguinte, a Bandeirantes adquiriu os direitos e exibiu a primeira e a segunda temporada na televisão aberta, onde foi ao ar pela primeira vez em abril.
A aposta do canal no segmento é alta. Além da exibição das primeiras temporadas de “Shark Tank”, a Band conta com mais três programas focados no assunto. O famoso “O Aprendiz”, também inspirado em um norte-americano, o “The Apprentice”, está na grade de programação da emissora há anos. Já as outras duas propostas são novidade em 2019: o “Starturpers”, no ar desde abril deste ano, e o “Planeta Startup”, que teve sua estreia em 26 de setembro.
A Band, no entanto, não é a única a enxergar um campo promissor nos programas de negócios. No próximo dia 24 de outubro, a Rede TV! lança, em parceria com a plataforma de televisão da Jovem Pan, a Panflix, “O Anjo Investidor”.
A “febre shark tank” é uma realidade, mas os sintomas não são iguais. Para se destacar no meio, as produções buscam novas abordagens e ensinamentos. Segundo Fernando Seabra, mentor do “Planeta Startup” e criador do movimento “Bora Fazer”, o lançamento da Band é focado na aceleração de startups, uma coisa que ele acredita ser completamente nova na televisão brasileira: “Falamos muito de metodologia, técnicas, como entender melhor a dor do seu cliente, como criar uma solução. Damos um pouco do passo a passo sobre como criar o seu negócio”, revela.
Já “O Anjo Investidor” partirá de uma base mais focada nas histórias reais dos empreendedores, mostrando suas dificuldades pessoais e profissionais e a busca de oportunidades. A partir desse inicial humano, em conjunto com a ideia inovadora, o participante precisará convencer o apresentador João Kepler de que merece o investimento de R$ 5 milhões para seu projeto. A ideia tem algumas referências do “Shark Tank” original, em que a proposta é que os participantes vendam suas ideias para os tubarões, os jurados. Se eles gostarem, investem no candidato. Para Simone Lopes, diretora-geral do programa, um grande diferencial é que “é uma mistura de documentário e investimento”.
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As particularidades de cada atração são um ponto forte no gosto popular, mas Seabra adiciona uma outra questão importante: o interesse do público por um tema que está cada vez mais ligado ao cotidiano. Ele diz que o apetite da audiência está na percepção de que aquilo faz parte do dia a dia, como aplicativos de comida ou transporte.“Quem não quer aprender com essas empresas que apareceram do nada? Como cresceram e se tornaram grandes impérios, e entender como podem aplicar isso em seus próprios negócios”, completa.
Para Jefferson Pugsley, vice-presidente sênior (ou SVP, Senior Vice President) da Sony Pictures Television Brazil, a preocupação com o público deve ser levada em consideração. “Nós amadurecemos com o programa, ouvimos a nossa audiência e as pessoas que interagem conosco nas redes sociais”, diz ele, afirmando que o último episódio do programa será gravado ao vivo, com a presença de uma plateia.
A relação com a audiência não acaba por aí. Será que realmente é possível aprender algo apenas assistindo realities sobre empreendedorismo? Moacir Miranda, chefe do departamento de administração da FEA-USP, tem uma visão positiva sobre o assunto. “Os programas ajudam a popularizar a cultura do empreendedorismo e, principalmente, ajudam potenciais empreendedores a se prepararem para o ‘pitch’, ou seja, como apresentar as suas ideias e quais dimensões serão avaliadas pelos investidores.”
Em uma percepção parecida, Simone diz que “o programa traz um conteúdo nichado de forma didática, para quem é de fora do sistema”. Quando alguém tem contato com o programa, conhece termos e expressões típicos da área.
Para atingir o público que conhece só alguns jargões de negócios, durante os episódios de “Shark Tank”, por exemplo, são explicados os termos técnicos usados pelos tubarões. “O interessante disso tudo é que o programa não é apenas para quem quer empreender. Ele também é muito útil para pessoas que trabalham na iniciativa privada”, diz Pugsley sobre outros tipos de conhecimentos adquiridos.
Para o anjo investidor e presidente da Associação Brasileira de Startups, Amure Pinho, a emoção é a peça-chave. “As pessoas assistem aos participantes sangrarem, assim como elas sangram. Isso mexe com o medo do fracasso que as pessoas possuem e cria uma conexão instantânea com o público.” A ideia é reforçada pelo especialista Moacir Miranda. “Desafios, sucesso, fracasso, alegria e tristeza é o que mexe com os candidatos e, portanto, com telespectadores e potenciais empreendedores”, afirma.
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