À medida em que aumenta seu alcance global, a Natura busca usar inovação tecnológica para cumprir seus objetivos de lucratividade e responsabilidade social.
Guilherme Leal, cofundador do grupo, que inclui a inglesa The Body Shop, a australiana Aesop e aguarda a conclusão da aquisição da norte-americana Avon, detalhou sua visão de negócios ontem (24), em evento em São Paulo.
Sobre a Avon em particular, o executivo vê os desafios relativos à integração e à expansão substancial da rede de vendedores autônomos da empresa como uma “enorme oportunidade,” que será alavancada com ferramentas digitais.
“Se [a aquisição da Avon] se concluir, teremos seis milhões de representantes espalhadas no mundo”, aponta, acrescentando que a relação digitalizada entre consultoras e clientes traz uma série de transformações que vão além de aumento na receita.
Nos últimos anos, a empresa tem investido em diversas iniciativas para trazer sua rede de mais de 1 milhão de representantes no Brasil para o mundo digital, com funcionalidades como a criação de lojas online e provisão de serviços de pagamento, bem como insights advindos da base de dados para apoiar vendas.
“Entendemos que [a tecnologia] traz a chance de uma real diferença, de mudar cultura”, afirma. “Quando você acopla tecnologia e inovação [ao negócio] e faz com que [representantes] sejam reais micro-influenciadores, você tem uma possibilidade de disseminar cidadania, transparência e compromisso ético, e não só construir o negócio.”
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Sobre a gig economy, que tem algumas semelhanças com o método de vendas usado pela Natura e a Avon há décadas, Leal diz não enfrentar críticas por conta da tradição de independência associada ao modelo de venda direta, mas aceita que as regras que apoiam as novas abordagens terão de ser repensadas.
“A venda direta sempre foi uma alternativa de trabalho flexível na qual pessoas, predominantemente mulheres, podiam conciliar uma série de atividades, com trabalho em tempo parcial para complementar a renda”, diz.
“As ondas alternativas de hoje, que estão longe de substituir o bom emprego com uma relação mais estável, de alguma forma também endereçam necessidades”, aponta, em referência a atividades como entregador ou motorista de aplicativo.
“Teremos o desafio monstruoso de redesenhar um grande contrato social, pois as tecnologias vão gerar um desemprego em massa. O bom senso precisa imperar neste redesenho.”
Tal qual as mudanças climáticas e migrações em massa, esse fenômeno do desaparecimento de ocupações é algo que terá de ser enfrentado mais cedo que se imagina, segundo o executivo, que aponta uma necessidade de um ajuste mental para enfrentar essas novas realidades.
“Estamos passando pela era da mudança, do desenvolvimento tecnológico acelerado, só que, se ainda focarmos no nosso interesse particular, vamos nos dar mal”, adverte. “Mas, se mudarmos nossa maneira de pensar, teremos oportunidades maravilhosas.”
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A Ambev lançou a Academia 100+ de Startups, que oferecerá treinamentos e workshops de diferentes áreas de negócios. A iniciativa partiu da demanda das startups apoiadas pela própria empresa, que diziam sentir falta de um suporte para outras áreas do negócio nos programas tradicionais de aceleração, além do aporte financeiro. Serão oferecidos três workshops presenciais sobre gestão tributária, design thinking e noções jurídicas, além de treinamentos online sobre os temas. Os encontros acontecerão uma vez por mês, de setembro a novembro, no escritório central da Ambev.
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A geração de negócios e criação de produtos no segmento de jogos de impacto social é o tema do Festival Games for Change América Latina. Organizado pela aceleradora de startups nova iorquina G4C – Games for Change, o evento acontece entre 5 e 8 de dezembro, em São Paulo. O festival é uma das atrações da São Paulo Play Week, evento voltado ao segmento de jogos de impacto social, promovido pelo grupo de pesquisa e extensão Cidade do Conhecimento da USP, de 28 de novembro a 8 dezembro.
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Um Blockaton, maratona de programação com foco na tecnologia Blockchain, será realizado pela Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) nos dias 9, 10 e 11 de novembro, no Campus Liberdade em São Paulo. A competição, que integra a programação do festival Blockchain Week Brasil, distribuirá às equipes vencedoras um total de R$ 3,5 mil em dinheiro mais kits de produtos CriptoPlanet.
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Angelica Mari é jornalista especializada em inovação há 18 anos, com uma década de experiência em redações no Reino Unido e Estados Unidos. Colabora em inglês e português para publicações incluindo a FORBES (Estados Unidos e Brasil), BBC, The Guardian e outros.
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