Nesses tempos conflagrados, uma das maiores polêmicas recentes foi provocada por uma blogueira que até então não tinha entrado nas listas de ódio. De repente, a artilharia das redes sociais estava apontada para a bela Vivi Guedes, por conta de uma atitude sua num reality show – considerada gravíssima por grande parte da sociedade.
Você já sabe que tem muito ódio de mentirinha por aí (alimentando falsos pacifistas) e também muito selo de fake news para desqualificar quem não repete a cartilha (as fake-fake news). Mas você não supunha que o monumental império da impostura tivesse chegado tão longe.
Vivi Guedes não existe. É um personagem criado por Walcyr Carrasco para Paolla Oliveira interpretar. Não importa. Numa cena da novela “A Dona do Pedaço”, Vivi cometeu uma suposta injustiça contra Maria da Paz – a protagonista, interpretada por Juliana Paes – e o mundo (real) veio abaixo.
Foi possível ver nas redes sociais muita gente furiosa com Paolla, a atriz, por conta da atitude de Vivi, a personagem. A reação se estendeu dos que declararam estar deixando de seguir Vivi Guedes no Instagram (o perfil real da blogueira imaginária) até os que se disseram decepcionados com Paolla e os que passaram a atacar duramente o seu desempenho no papel – tudo misturado.
Em primeiro lugar, esse fenômeno maluco é um atestado do talento de Paolla Oliveira, Walcyr Carrasco e Juliana Paes. A ideia ousada de fazer Vivi Guedes existir além da tela – inclusive fazendo comercial de automóvel – deu certo. Vivi está entre nós. Beatriz Segall chegou a sentir antipatia nas ruas quando viveu a lendária Odete Roitman, mas a hostilidade momentânea contra Paolla superou o caso de “Vale tudo”. Para a atriz, naturalmente isso passa e vira glória. Para a psicologia coletiva, é mais um sinal de confusão.
Paolla Oliveira despertou a ira de muita gente quando Vivi Guedes, como jurada do concurso Best Cake, deu uma nota deliberadamente baixa para prejudicar Maria da Paz. Ou seja: a indignação de todas essas pessoas atravessou três camadas de fantasia – a novela, o reality dentro da novela e a persona “real” de Vivi fora da tela – para dirigir seu repúdio à pessoa da atriz. Comparem isso com essa epidemia de afetação de virtudes e defesa de bandeiras cosméticas e constatem o tamanho do rolo.
Guilherme Fiuza é jornalista e escritor com mais de 200 mil livros vendidos, autor dos best-sellers “Meu nome não é Johnny” (maior bilheteria do cinema nacional em 2008), “3.000 dias no bunker” (história do Plano Real, também adaptado para o cinema), “Bussunda – A vida do casseta”, entre outros. Escreveu o romance “O Império do Oprimido” e é coautor da minissérie “O Brado Retumbante” (TV Globo), indicada ao Emmy Internacional. Twitter: @GFiuza_Oficial
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