Conhecida como botox, a toxina botulínica ficou famosa no combate às rugas. Mas tem inúmeras indicações terapêuticas e diferentes métodos de aplicação. Ainda no campo estético, mostra-se eficaz no tratamento de cicatrizes hipertróficas, hiper-hidrose (excesso de suor), rosácea e oleosidade da pele.
Há diversos tipos de toxina botulínica (inclusive falsificadas!), e o resultado natural depende da técnica empregada, da quantidade e da qualidade do produto injetado.
Recentes estudos, como o do Departamento de Dermatologia do Hospital da PUC-Campinas (SP), indicam novas formas de usá-la. No método chamado de “microbotox”, microdoses são aplicadas mais superficialmente na pele. A aplicação é feita em múltiplos pontos do rosto, com a substância bastante diluída e em pequenas quantidades, por meio de injeções ou de um aparelho (o Enerjet) que faz microinfusão da substância na pele com tiros de alta pressão, sem uso de agulha. Assim, não existe a difusão para os músculos mais profundos, o que é essencial para evitar o efeito de expressão congelada. Essa técnica é indicada para diminuir a aparência de linhas e rugas finas e para o tratamento da hiper-hidrose axilar, das mãos e dos pés. Quando aplicada, bloqueia a transmissão nervosa das glândulas sudoríparas, cessando temporariamente a produção de suor na região.
“Estudos indicam novas técnicas de aplicação e novas finalidades para o botox.”As microdoses também melhoram a aparência de pacientes com fotoenvelhecimento significativo e com as rugas de diversas profundidades que ficam mais evidentes quando sorrimos, as “rugas de acordeão”. Para tratá-las, a aplicação da toxina pode ser associada ao ácido hialurônico, que promove a hidratação da pele.
Já para fins terapêuticos, o botox foi usado pela primeira vez na década de 1960, por médicos oftalmologistas dos EUA que pretendiam corrigir o estrabismo. Atualmente, tem se mostrado promissor para o tratamento de várias doenças de pele, como a rosácea. Caracterizada pela presença de vasinhos na região malar, a doença pode passar para a fase de inflamação com evolução crônica. Em alguns casos, podem aparecer pápulas ou pústulas (acne rosácea). Nesse caso, tem sido investigado o uso da toxina botulínica intradérmica, que teria a ação de bloquear a liberação do neurotransmissor acetilcolina da periferia dos nervos, diminuindo a ação vasodilatadora, reduzindo os eritemas e a vermelhidão.
Outra doença inflamatória que vem sendo alvo de estudos é a psoríase invertida. Seus principais sintomas são placas bilaterais e simétricas, avermelhadas, brilhantes e com pouca ou nenhuma descamação em dobras do corpo, como virilhas, axilas ou embaixo dos seios, que causam ardor e coceira. A toxina reduz a sudorese do local, fazendo com que a maceração e a infecção do tecido diminuam. Além disso, ela inibiria neuropeptídeos, substâncias químicas produzidas e liberadas pelas células cerebrais, reduzindo inflamação e dor.
Para quem sofre com oleosidade excessiva e acne, a aplicação do botox em microdoses atua na diminuição da atividade das glândulas sebáceas, melhorando a textura da pele. Um dos primeiros relatos na literatura médica é de 2008: de 20 pacientes avaliados após a aplicação intradérmica na zona T, 17 tiveram melhora significativa após um mês de tratamento, tanto no excesso de oleosidade como na redução dos poros. Testes posteriores comprovaram esse bom resultado.
Vale lembrar que algumas dessas técnicas estão em fase de experimentação e que cada organismo responde de forma diferente a cada tratamento. Por isso, sempre consulte um profissional habilitado para avaliar a melhor solução para o seu problema.
Dra. Letícia Nanci
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