A recente venda da Lodging Enterprises, rede de 45 hotéis da bandeira Wyndham Hotels localizados principalmente nas regiões Oeste e central dos Estados Unidos, tem uma peculiaridade que diz muito sobre o atual momento dos investidores do Brasil: cerca de 25% dos compradores são family offices, multi-family offices e indivíduos de alto patrimônio líquido (HNWI, da sigla em inglês) brasileiros.
A operação, concluída no último dia 27 de novembro por US$ 215 milhões (R$ 905 milhões), deixa claro que o país está vivenciando uma mudança no comportamento dos investidores, que estão deixando no passado a arraigada cultura da renda obtida com aplicações financeiras remuneradas a taxas de dois dígitos e buscando alternativas.
“O Brasil viveu, até agora, uma situação atípica, com taxas de juros muito altas”, diz Ricardo Costa, cofundador e diretor de private equity da Sharpen Capital, administradora de investimentos independente que, em parceria com a VCM Global Asset Management, liderou a transação. “A queda desses índices era um movimento natural, algo que aconteceria mais cedo ou mais tarde e normal na maior parte dos países do mundo. Essa falta de rentabilidade nas aplicações tradicionais leva o investidor a mirar outros ativos, de perfil defensivo, inclusive fora do país. E a diversificação é algo essencial em uma carteira eficiente.”
Para Santiago Tello, sócio e gerente de portfólio de VCM, empresa focada em investimentos alternativos por meio de transações de private equity no setor imobiliário e oportunidades de mercado público, o real, assim como outras moedas latino-americanas, perdeu muito valor, o que naturalmente torna alguns mercados externos atraentes, principalmente quando são estáveis e têm uma economia forte, como é o caso dos Estados Unidos. “Temos percebido interesse em apostar fora do país em todas as conversas que temos mantido com investidores por aqui”, diz o executivo, revelando que a operação da Lodging Enterprises, que contou com a participação de players renomados como Blackstone e Brookfield, deixou de fora um número considerável de brasileiros – o que cria uma demanda certa para futuras empreitadas do tipo.
O negócio, comprado do fundo American Hotel Income Properties (AHIP), que vai concentrar seu core business em hotéis premium, faz parte de um mercado de nicho consolidado em território norte-americano desde o início dos anos 1980 – a hospedagem de funcionários das companhias ferroviárias. A categoria, formada por profissionais sindicalizados, tem regras muito bem definidas de escala de trabalho, folgas e condições das acomodações durante o período de descanso. Os estabelecimentos para hospedagem desses profissionais precisam, por exemplo, ter níveis de ruído e luminosidade controlados. Por isso, não é qualquer hotel que pode abrigar esses trabalhadores. “Há uma demanda garantida e as empresas acabam fechando contratos de longo prazo com os estabelecimentos que atendem a essas necessidades, independentemente de seus funcionários usarem ou não os quartos. A disponibilidade tem que existir”, conta Costa.
Essa característica – além do fato de os hotéis Wyndham serem bem localizados, sempre próximos a rodovias – faz com que algumas unidades tenham ocupações acima de 100%. “Há também uma demanda de pessoas que estão cruzado o país de carro – e precisam descansar durante a noite – e de trabalhadores da construção civil”, diz Tello, ressaltando que mais de 60% das unidades não sofrem concorrência de outras bandeiras hoteleiras e, quando isso acontece, seus preços são menores.
Tudo isso, segundo os especialistas, cria fluxo de caixa, propicia previsibilidade para o negócio e, consequentemente, diminui muito o risco do investimento e aumenta a rentabilidade. “Já estamos pensando em expandir a operação com novos estabelecimentos, tanto por meio da aquisição de hotéis já existentes quanto da construção de novos”, diz Tello. O grupo já identificou cerca de oito empreendimentos em potencial que poderiam se encaixar no atual portfólio da Lodging Enterprises e pretende colocar a expansão em curso a partir de 2020.
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Pontos extras
A partir de hoje – e até o dia 31 de janeiro –, as compras feitas no exterior com cartão Elo pelos clientes Grafite, Elo Nanquim e Elo Nanquim Diners Club, presenciais ou online, darão direito a pontuação adicional. Cada dólar gasto pelos clientes da categoria Grafite serão convertidos em dois pontos. No caso dos portadores do cartão Nanquim, a conversão é de cinco pontos para cada US$ 1. Já os clientes Elo Nanquim Diners Club serão contemplados com 10 pontos para cada dólar investido. Cada pessoa poderá cadastrar mais de um cartão na promoção, incluindo cartões do titular e seus adicionais, e o acúmulo será limitado 100 mil pontos por CPF.
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Vai e vem
A LG acaba de anunciar que Brian Kwon (foto), head da LG Mobile Communications e da LG Home Entertainment, assumiu o posto de CEO. A gigante dos eletrônicos também informou que Park Hyoung-sei assumirá como presidente da Home Entertainment Company e Morris Lee como presidente da Mobile Communications Company. William Cho assumirá o recém-criado posto de Chief Strategy Officer e Bae Doo-yong será o novo Chief Financial Officer. Todas as mudanças entraram em vigor ontem (1). O objetivo é que, nos próximos anos, a nova equipe de liderança dedique boa parte de seus esforços à aceleração da transformação digital da LG em todas as operações, deixando-as mais centradas em dados.
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Além das previsões
O desempenho do comércio eletrônico na 10ª edição da Black Friday brasileira ultrapassou as previsões mais otimistas. Segundo a empresa de inteligência de mercado Compre&Confie, o faturamento passou dos R$ 3,1 bilhões previstos inicialmente pelo site oficial da campanha e dos R$ 3,5 bilhões estimados por ela mesma, chegando a R$ 3,87 bilhões nos dias 28 e 29 de novembro – valor 30,9% acima do que no mesmo período do ano passado. No total, foram 6,1 milhões de pedidos, com tíquete médio de R$ 634, 1,9% maior do que em 2018. As categorias de produtos mais representativas foram Moda e Acessórios; Entretenimento; Beleza, Perfumaria e Saúde; Eletrodomésticos e Ventilação; e Telefonia. “A ligeira variação positiva do tíquete médio pode ser explicada por alguns fatores: inflação controlada no país, valor de frete sem aumento significativo durante os dias de promoções e preço baixo dos produtos praticados pelos varejistas online”, diz André Dias, diretor executivo do Compre&Confie.
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