A operação brasileira da Nestlé tem pisado fundo no acelerador quando o assunto é investimento em inovação focado em Millennials, com uma série de projetos que visa atender às demandas desse público.
Consumidores entre 20 e 34 anos já representam 44% do público da Nestlé, ganhadora do prêmio Caboré de inovação, em todas as marcas. A empresa busca responder à crescente tendência dessa audiência por consumir marcas mais saudáveis e “com propósito” ou que possam causar um impacto positivo no mundo.
A oportunidade é valiosa: apesar de representarem 24% da população, Millennials compõem 44% do total de brasileiros economicamente ativos, ou seja, 48 milhões de pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a consultoria Booz Allen, o potencial de compra dessa geração altamente digitalizada para 2019 é de R$ 75 bilhões.
“Consumidores têm exigido alimentos mais saudáveis e com ingredientes conhecidos do seu dia a dia e ao mesmo tempo, estamos passando por uma transformação digital, o que significa que devemos criar produtos e serviços relevantes para uma geração com experiência em tecnologia”, aponta Carine Mahler, gerente de lácteos da Nestlé Brasil.
“Só podemos atender às necessidades dessa população em crescimento por meio de inovações.”
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Exemplos de iniciativas que partem da área de inovação da empresa e buscam atender Millennials são os produtos plant-based, de alimentos baseados em vegetais. Segundo dados da Nielsen, a categoria teve um aumento de 76% em sua presença de mercado em 2019 em relação ao ano anterior.
Esse novo perfil de consumo, puxado por razões nutricionais e um desejo e redução de itens de origem animal no cardápio, fez com que a Nestlé investisse mais de R$15 milhões nesse segmento nos últimos dois anos.
O desenvolvimento da linha plant-based envolve equipes técnicas da Nestlé no Brasil e na Suíça. Na matriz, há o apoio de especialistas do PTC – Nestlé Product Technology Centre, responsável pelo desenvolvimento de produtos em categorias como bebidas, cafés e cereais. Segundo Carine, tecnologia é parte crucial do processo de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da empresa.
“Temos engenheiros e cientistas de alimentos trabalhando em P&D em uma variedade de campos – desde embalagens e equipamentos até tecnologias de processamento de alimentos e fabricação de novos sistemas de bebidas seguras e nutritivas”, ressalta Carine.
Para criar o Ninho Forti + Origem Vegetal, por exemplo, a empresa buscou criar um produto cujo ingrediente principal fosse uma proteína vegetal de fácil digestão, que atendesse às demandas nutricionais e de paladar do público infantil brasileiro. A aveia foi selecionada para criar a base da bebida, que é fabricada em Araçatuba (SP) e passou por um tratamento de hidrólise para que a proteína do cereal fosse extraída e para adicionar dulçor ao produto.
“A hidrólise permite a fragmentação de uma molécula de proteína por ação da molécula de água, o que libera componentes que garantem os níveis adequados de proteína e de dulçor”, detalha Carine. Segundo a especialista, houve também um processamento feito pela Nestlé europeia com proteínas da ervilha para garantir um valor nutricional mais alto.
Desafios no desenvolvimento do produto incluíram garantir o conteúdo nutricional adequado, especialmente, em vitaminas do complexo B e vitamina D, das quais crianças brasileiras mais apresentam deficiência. O processo de pesquisa e refinamento demorou um ano, e a tecnologia do leite vegetal também foi usada para outros produtos, como o Nesfit.
No próximo ano, a esteira de inovação de produtos da empresa pretende aumentar o portfólio plant-based, levando em conta outros critérios como níveis adequados de açúcar, sódio e gordura.
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O foco em Millennials também levou a um aumento substancial em investimento da Nestlé projetos digitais, já que canais online estão mais próximos desse segmento demográfico.
Um dos pilares da estratégia é um laboratório de conteúdo in-house, criado pela operação brasileira da empresa para desenvolver projetos de comunicação cujo objetivo é promover diálogo entre suas marcas e consumidores. Há também uma equipe dedicada ao “listening” em redes sociais e formatos ao vivo que promovam conexão com o público alvo, como conteúdo gerado por usuários.
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A empresa também tem investido em pesquisas, cujos insights são usados para gerar inovações de produtos e comunicação que se conecte com Millennials. Colocar as marcas Nestlé em contextos dessa audiência é outra frente de atuação e a empresa tem feito ativações como um painel de discussão sobre marcas com propósito no mercado de cafés, no festival de inovação Path.
Os esforços em torno do tema de inovação com impacto social, tanto no desenvolvimento de produtos como na transformação digital da empresa, também tem aumentado a atratividade para possíveis colaboradores. Segundo o ranking Empresa dos Sonhos, da Cia de Talento, a Nestlé é a segunda empresa mais citada por Millennials como potencial empregadora.
Para o próximo ano, a estratégia de inovação da Nestlé seguirá com o objetivo de tornar processos corporativos mais interativos e dinâmicos, diz Carine, e uma das grandes metas é estreitar os laços com esse público jovem.
“A inovação continuará sendo o centro de nossos esforços, é isso que leva ao sucesso e crescimento sustentáveis e nos permite causar um impacto significativo para nossos consumidores, comunidades e para o planeta.”
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Coleta e uso de biometria no Brasil são invasivas
Uma análise global sobre a extensão da coleta e uso de dados biométricos como digitais e outras informações pessoais em 50 países posicionou as atuais práticas no Brasil como intrusivas.
O estudo da empresa de pesquisa britânica Comparitech classificou países com um score de até 25 pontos, onde pontuações altas indicam uso extensivo e invasivo de biometria por organizações do setor público e privado. Por outro lado, pontuações baixas indicam níveis mais altos de regulamentação e restrições quanto ao uso de tais dados.
O Brasil teve um score de 18/25 no relatório. Os autores expressaram preocupação sobre o cadastro nacional de cidadãos, que será implementado no ano que vem e armazenará informações como digitais, íris, voz e até o jeito de andar. O país só fica atrás de nações como Índia, Filipinas e Taiwan, que compartilharam a quinta posição como os países mais intrusivos no uso de biometria.
Os outros quatro piores países em termos de uso de dados biométricos, em ordem ascendente, são: Estados Unidos, Paquistão, Malásia e China. Com score de 24/25, o relatório nota que o governo chinês não só falha em proteger a privacidade das pessoas, mas a invade ativamente.
Na China, não existem leis para proteger a privacidade de cidadãos, e o uso da biometria é extensivo: há mais de 200 milhões de câmeras de monitoramento. O estudo ressalta que o banco de dados de cidadãos chineses será expandido para incluir até o DNA de indivíduos e empresas avançam com práticas como o monitoramento de ondas cerebrais para medir a produtividade no trabalho.
Os países da União Europeia obtiveram uma classificação melhor no estudo do que países de outras partes do mundo, por conta da Lei Geral de Proteção de Dados, que, até certo ponto, regula o uso de biometria. Os países que obtiveram scores mais baixos e oferecem proteção a estes dados pessoais são a Irlanda, Portugal, Chipre, Reino Unido e Romênia.
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São Paulo sobe em ranking global de cidades mais inovadoras
No ranking Innovation Cities Index deste ano, São Paulo está em 67º lugar e é a primeira cidade da América do Sul a aparecer entre as 100 primeiras do índice. Em 2018, a cidade ocupou a 79ª posição.
A lista de 500 cidades, que analisa fatores como conectividade, ambiente fiscal e acesso a talentos, é produzida pela 2thinknow e está em sua 12ª edição.
As cinco cidades listadas no índice que oferecem os ambientes mais propícios para tornar novas ideias realidade são: Nova York, Tóquio, Londres, Los Angeles e Cingapura.
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Piracicaba realiza festival de inovação para o agro
Atores do ecossistema de tecnologia e inovação para o agronegócio se reunirão no próximo sábado (7) para a edição anual do DevPira Festival. A programação acontece no Parque Tecnológico de Piracicaba e inclui palestras nas trilhas backend, frontend e ágil, bem como workshops. Haverá também um nano hackathon focado no Shell Box, sistema de abastecimento com programa de fidelidade da Shell.
O evento é realizado pela comunidade DevPiracicaba com o AgTech Garage, Parque Tecnológico de Piracicaba, Pecege e o Pulse Hub de Inovação, da Raízen. Patrocinadores incluem a CI&T, Resale, Stefanini e Oracle. Ingressos custam de R$ 20 a R$ 40, e as inscrições estão abertas.
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Nubank e Airbnb premiados em evento no Palácio dos Bandeirantes
O Grupo de Líderes Empresariais (LIDE) reunirá empresários e autoridades na entrega do Prêmio Líderes do Brasil, que acontece na segunda-feira (9), no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo.
A cerimônia, que terá a presença do governador do Estado de São Paulo, João Doria, secretários e parlamentares, premiará 35 empresários e executivos. Entre eles, estarão o CEO e fundador do Nubank, David Vélez, e o diretor geral da Airbnb no Brasil, Leonardo Tristão, além de Yoonie Joung, presidente da Samsung, que faz sua primeira aparição pública em um evento no Brasil.
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ABES prepara nova iniciativa para fomentar o setor de tecnologia
Um programa para desenvolver talentos e aumentar o interesse no setor de tecnologia brasileiro será lançado pela Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES). A proposta do ABES Startup Internship Program é de atuar como programa de estágio para desenvolver a base de talentos e atrair investimentos para o setor por meio de parcerias com incubadoras, aceleradoras e fundos de investimento.
O lançamento do programa acontece em um jantar no próximo dia 9, em São Paulo, durante a confraternização da associação, onde estarão presentes os associados, conselheiros, equipe e autoridades. A ABES também apresentará um balanço das ações realizadas durante o ano e expectativas para 2020. A cerimônia terá uma apresentação do economista José Roberto Mendonça de Barros e do cientista político Ricardo Sennes sobre o cenário político e tendências macroeconômicas para os próximos anos.
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IBM quer conectar clientes com scale-ups
A IBM lançou uma iniciativa de inovação aberta que visa identificar e integrar produtos de startups mais avançadas com ofertas para diferentes indústrias.
O programa Open Ventures trabalhará com atores como aceleradoras para encontrar scale-ups que usem tecnologia de ponta e que possam somar à recursos da IBM, como a plataforma de inteligência artificial Watson, e funcionará como uma plataforma de soluções que podem ser integradas em novos projetos para as clientes da gigante de tecnologia.
A IBM identificou um grupo inicial de 40 empresas e selecionou 12, das quais três já foram anunciadas: a startup de serviços jurídicos GrowthTech, a HRtech Tangerino e a foodtech TNS.
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C6 Bank e MIT vão ensinar jovens a criar apps
O banco digital paulistano C6 Bank firmou uma parceria com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) para estimular jovens de comunidades vulneráveis a criar aplicativos que possam ter impacto local ou global.
No projeto MIT-Brazil App Inventor por C6 Bank, que começa em janeiro de 2020, jovens serão treinados e atuarão como multiplicadores, no uso da ferramenta MIT App Inventor, que permite a criação de aplicativos móveis em menos de meia hora.
O objetivo, segundo o banco, é “dar aos jovens a chance de sair da condição exclusiva de consumidores de tecnologia para assumir o papel de criadores de tecnologia”. Candidatos a multiplicadores podem se inscrever até 10 de dezembro.
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BTG Pactual anuncia nova edição do boostLAB
O banco de investimentos BTG Pactual anunciou a quinta edição do boostLAB, programa de potencialização de scale-ups. O programa vai acelerar as startups que já estejam em nível mais avançado parceria com a aceleradora ACE.
Para esta nova turma, serão selecionadas de cinco a dez startups que serão aceleradas por cinco meses, desenvolvendo ideias nas áreas de fintech, machine learning, real estate, big data, legaltech, insurtech e blockchain. Nesta edição, edtechs, startups com ofertas para o setor de educação, também poderão participar.
Além da promessa de parcerias e negócios com o BTG Pactual, empresas parceiras, fornecedores e demais integrantes de seu ecossistema, as selecionadas recebem mais de R$ 300 mil em créditos e benefícios com empresas como Amazon, Google e Oracle. Inscrições vão até 07 de fevereiro.
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Angelica Mari é jornalista especializada em inovação há 18 anos, com uma década de experiência em redações no Reino Unido e Estados Unidos. Colabora em inglês e português para publicações incluindo a FORBES (Estados Unidos e Brasil), BBC, The Guardian e outros.
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