Estamos chegando àquele período do ano em que nosso paladar mais vibra. São confraternizações e jantares – dos profissionais aos grupos de amigos, passando pelas ceias em família. Momento certo de agregar um hábito dos mais saborosos e saudáveis: fechar as celebrações com ótimos licores.
A bebida foi desenvolvida inicialmente para ajudar na digestão, como um remédio. Unindo diferentes ervas, flores, frutas e álcool em diferentes épocas e lugares, a bebida deu vazão a diversas lendas sobre sua origem.
Uma delas afirma que surgiu graças ao desespero de uma jovem para conquistar seu amado – depois de tentar de tudo, ela teria feito para ele uma mistura inebriante de ervas e frutas. Outra versão diz que bruxas do interior da Itália adquiriam a aparência de belas jovens para preparar uma poção (também de frutas e ervas) com poder de unir um casal de amantes por toda a eternidade.
Pensadores da Antiguidade – Hipócrates, Galeno e Plínio – já escreviam sobre a destilação de líquidos aromáticos. Sítios arqueológicos deram pistas de que, por volta de 900 a.C., povos árabes produziam álcool por meio da fermentação, com propriedades terapêuticas.
Mas o licor como o conhecemos hoje é de autoria do alquimista catalão Arnaud Villeneuve. Por volta de 1250, ele extraiu os princípios aromáticos de algumas ervas, deixando-as em maceração em álcool puro, e divulgou seu produto como dotado de propriedades curativas. Foi acusado de heresia e perseguido pela Inquisição. Mas livrou-se da morte ao salvar a vida do papa justamente com um poção de vinho, ervas e ouro. Depois, os próprios monges da Idade Média seriam responsáveis pelo surgimento de fórmulas magníficas – e secretas até hoje.
Nomes como Bénédictine, Chartreuse e Amaretto são exemplos típicos. O primeiro foi criado por monges beneditinos, na França, em 1510, e é considerado o maior de todos os licores: à base de aguardente de vinho, ervas, raízes, peles de frutas e sementes, entre outros ingredientes, ele nasceu para “fortificar monges fracos”. Leva de seis a sete anos entre fabricação e envelhecimento. Na Revolução Francesa, o mosteiro foi destruído, e a receita se perdeu. Foi encontrada cerca de 70 anos mais tarde, mas seu processo continua em segredo – diz a lenda que apenas três pessoas conheceram a receita completa da bebida. As letras D.O.M. no rótulo vêm de Deo Optimo Maximo (“Para Deus, o maior e melhor”). Com o tempo, a variedade de licores “explodiu” e deixou os mosteiros. Hoje fazem harmonizações com cremes, massas e carnes e acompanham sobremesas e biscoitos amanteigados.
Licores também se adaptam às altas temperaturas do verão, como o célebre Cointreau (na versão on the rocks), assim como o escocês Drambuie, com uísque e mel silvestre. Ou o italiano Strega, com sabor cítrico, perfeito para tomar com sorvete. O Bem Shalom é um israelita feito com as famosas laranjas da cidade de Jaffa. O suíço Chocolate-Suisse tem pequenos pedaços de chocolate flutuando no líquido. Produzido em Barcelona, o Anis del Mono já mostra a força do ingrediente. No gênero curaçau, brilha o cipriota Filtar em sua garrafa de pedra. Com águas termais e ervas se faz o amargo checo Carlsberg. O americano Cayo Verde é produzido a partir de limas (o limão da Índia). O Cerasella capricha nas cerejas, e é um dos melhores italianos. Outro bom italiano é o Galliano, com plantas dos Alpes. Da Jamaica vem o Cocoribe, com coco e rum. Não resista aos diversos Fraises, como o rótulo des Bois, com morangos selvagens, e o histórico Chartreuse, conhecido como o elixir que prolonga a vida. Quer motivo melhor para brindar 2020?
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