Enquanto tendências de inovação para o ano vindouro são proferidas, um certo neologismo tem circulado entre trendhunters no Vale do Silício como uma das maiores tendências para 2020: frictech. O termo refere-se a startups de base tecnológica dedicadas a criar ofertas cujo objetivo é reduzir o atrito (friction, em inglês) no acesso a produtos ou serviços.
O criador do conceito – e do que é tida como a primeira frictech do mundo – é o brasileiro André Barretto, criador da startup de sistemas de reconhecimento facial Unike. A empresa é uma evolução de outras iniciativas lideradas pelo empreendedor, como a Zigpay, uma carteira digital para eventos e casas noturnas.
A tecnologia já foi usada em mais de mil eventos no país como a Festa do Peão de Barretos, Oktoberfest e Rock in Rio, com o objetivo de eliminar filas associadas a transações, através de um cartão contactless que pode ser recarregado através de totens ou app. Mas Barretto quis ir além, e começou a pensar em formas em que até mesmo o cartão pudesse ser eliminado da jornada.
“Criamos a ZigPay para trazer conveniência, e começamos a formar o conceito [de frictech], provando que uma experiência melhor para o consumidor leva a um aumento de receita e consumo”, conta. “Entendemos o recado de a premissa inicial estava correta.”
A tese de Barretto sobre o potencial do frictech se confirmou no Réveillon de 2017 para 2018, quando a plataforma ZigPay foi usada em uma festa para mais de 4 mil pessoas em Jericoacoara (CE), na qual convidados pagaram R$ 2.500 para ter acesso ao open bar da área premium, mas não chegaram perto de consumir R$ 1.200. O veredito: as pessoas não estavam ali para consumir produtos, mas sim pela experiência de open bar, só que ainda havia o ônus transacional.
“O consumo teria seria maior se o atrito fosse menor, mas as pessoas também teriam tido uma experiência superior. Nesse momento, eu saquei a oportunidade e me dei conta que não havia ninguém no mundo falando em empresas de tech focadas em tirar o atrito da jornada das pessoas”, conta.
Barretto está convencido de que a onda de procura das tecnologias de frictech por empresas vai aumentar drasticamente em 2020, bem como o número de novas empresas focadas na redução da complexidade em transações comerciais. Segundo o empreendedor, o possível mercado vale “alguns bilhões de dólares”.
ALTA DEMANDA
Formado em ciência da computação, Barretto teve passagens pelo que se tornaria o braço de biometria da empresa de certificação digital Certsign, bem como a liderança da área de biometria da Serasa Experian, que entre 2011 e 2013 desenvolveu o primeiro projeto privado desta tecnologia do Brasil.
Essa experiência equipou o baiano de 43 anos para a busca pelos elementos que formariam a Unike, incluindo os componentes algorítmicos da plataforma. Esse processo tomou todo o ano de 2018 e resultou em parcerias com empresas como a russa NTechLab, desenvolvedora de uma tecnologia baseada em redes neurais capaz de reconhecer 250 milhões de rostos em dois segundos.
A ideia inicial era que a Unike fosse uma área da ZigPay, mas logo o empreendedor se deu conta do potencial gigantesco de remover a complicação de transações com biometria facial. Isso levou à criação de uma empresa independente, com atuação em sete verticais cujas ofertas incluem sistemas para acesso a condomínios, identificação de perfis de consumidores que visitam shopping centers e autenticação de usuários de plataformas de ensino à distância.
Com pilotos acontecendo com varejistas, shoppings e empresas do setor de entretenimento, Barretto relata o grande interesse pela frictech, no Brasil e o exterior – a startup tem um escritório em Palo Alto, na Califórnia: “Tenho recebido muita demanda, principalmente no Vale. Estou certo que que é um negócio que tem tudo para crescer muito mais rápido do que podíamos imaginar”, relata.
Até agora, Barretto tem operado a Unike sem quantias astronômicas de capital: houve apenas uma rodada de R$ 3 milhões desde a fundação da empresa. Mas o empreendedor pretende levantar uma segunda rodada, desta vez com investidores nacionais e estrangeiros: “Para uma startup com 10 meses de idade, [o interesse] que temos visto é no mínimo poderoso”, constata.
“Muita gente, de investidores até empreendedores, têm batido à nossa porta, pois existem muitas empresas interessadas nesta tecnologia e pagando muito caro para construir algo nesse sentido.”
PROTEÇÃO DE DADOS
Segundo Barretto, o plano da Unike é fundamentado em três pilares: tecnológico, jurídico e educativo. O primeiro já está encaminhado, com uma combinação de sistemas de prateleira de empresas de ponta e desenvolvimento proprietário. O aspecto legal também conta com parcerias de peso: para garantir aderência à Lei Geral de Proteção de Dados, a startup contou com o apoio da advogada especialista em proteção de dados, Patrícia Peck, que trabalhou no compliance da plataforma.
“Para nós, a legislação é a melhor coisa que vai acontecer: ela vai regular um mercado onde atualmente fala-se e decide-se o que quer, casos chegam nas mãos de juízes, que tomam decisões com base no que acham e não em leis”, aponta Barretto.
Mesmo que a Unike seja um negócio B2B, educar consumidores finais para que usem suas faces como mecanismo de pagamento também será essencial para o sucesso da frictech, segundo o empreendedor: “Queremos que as pessoas compreendam qual é o propósito [dos sistemas de biometria] e tomem decisões informadas”, explica.
“O consumidor precisa saber que para entrar numa balada e ter o benefício de pagar pelo consumo de forma open bar, é necessária a anuência para a utilização da sua face”, acrescenta. “A proposta é ser um agente transformador para as pessoas, em particular para os relacionamentos comerciais que elas têm hoje.”
No próximo ano, o empreendedor espera que o uso da biometria facial para transações seja algo mais corriqueiro e que a atuação da empresa tenha se expandido para todo o Brasil, bem como em mercados internacionais.
Barretto está convencido de o Brasil pode gerar suas próprias Big Techs – e quer colocar a Unike neste patamar: “Acredito piamente neste objetivo e estamos trilhando o caminho para que isso aconteça.”
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Google for Startups reabre com nova estratégia
O Google for Startups Campus, espaço da gigante de tecnologia para empreendedores e novos negócios, reabriu as portas ontem (13) depois de um período de readequação do espaço no bairro paulistano do Paraíso.
O espaço, liderado desde seu lançamento em 2017 por André Barrence, concluiu que quer triplicar o número de negócios que passam pelos seus programas a cada ano. Reformas no espaço foram feitas, que podem não ter agradado quem usava o local como espaço de coworking, mas ajudarão o centro a cumprir as novas metas.
Como resultado das reformas e da nova estratégia, o 5º andar do espaço, anteriormente aberto a qualquer “membro” do espaço que se registrasse, agora é restrito aos grupos de startups selecionadas pela Google para seus programas de aceleração de longa duração. O café, no 6º andar, continua aberto para quem quiser chegar, mas o espaço “democrático” agora é bem menor.
O Campus também abriu as inscrições para o primeiro programa de 2020 para startups em estágio inicial, o Startup Zone, que tem 12 semanas de duração e busca trabalhar temas como desenvolvimento de produtos e modelo de negócio. As inscrições estão abertas até 15 de janeiro e o programa tem início em janeiro.
Inscrições para a quinta edição do Programa de Residência do espaço, voltado para startups de estágios mais maduros de crescimento, também foram abertas. O programa focará nas áreas de produto, vendas e marketing digital, bem como gestão e liderança. As startups serão escolhidas por líderes do ecossistema local de startups, empreendedores, investidores e pelo próprio Google. As inscrições ficam abertas até 31 de janeiro.
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Gympass entra para lista de melhores empregadores de NYC
A brasileira Gympass entrou para a lista dos 100 melhores empregadores de Nova York. O ranking, produzido pela empresa de recrutamento BuiltIn colocou a startup unicórnio em 21º lugar e listou os mimos e benefícios fornecidos aos quase 100 funcionários da Big Apple, que incluem plano de saúde, babá, seguro para pets e, claro, acesso a academias. A classificação no ranking também levou em conta fatores como a cultura da empresa, onde colaboradores costumam se envolver em ações comunitárias como voluntários, e se tornarem amigos.
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Easynvest cria canal de conteúdo sobre finanças
A fintech Easynvest reforçou a equipe de conteúdo e lançou uma série de programas sobre educação financeira. As novidades incluem o Investflix, canal no YouTube dedicado a explorar conteúdos educativos sobre finanças. As novidades também incluem programas diários em vídeo e áudio, no formato podcast, distribuídos no YouTube, Facebook, Twitter, IGTV, Spotify e no próprio site. A cobertura focará no mercado financeiro e conteúdo voltado à finanças e organização pessoal. Dony de Nuccio (foto) e Samy Dana apresentarão os programas diários, ao lado de Priscila Yazbek, ex-GloboNews.
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Cogna acelera desenvolvedores para suprir demanda
A holding Cogna, formada pelas instituições Kroton, Platos, Saber e Vasta/Somos Educação, colocou em curso uma iniciativa para suprir sua demanda por profissionais de tecnologia. Para o programa de aceleração gratuito, conduzido em parceria com a startup Codenation, a empresa diz ter recebido inscrições de 30 mil interessados. Um grupo de 45 desenvolvedores foi selecionado para o programa, com foco em programação. Os participantes que se destacarem terão a oportunidade de fazer parte do time de tecnologia da Kroton, em Valinhos. A empresa também terá um demoday, quando os projetos desenvolvidos durante a aceleração serão apresentados, em 8 de fevereiro.
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Associação Brasileira de Internet das Coisas elege nova liderança
A Associação Brasileira de Internet das Coisas (ABINC) acaba de eleger Paulo José Spaccaquerche, mais conhecido como Paulo Spacca, para comandar a agenda da entidade. O executivo é um veterano da indústria, com mais de 25 anos de experiência em funções de tecnologia, em empresas como IBM e SAP. O mandato de Spacca na ABINC é de dois anos.
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