A ClassPass, plataforma de esportes, bem-esta e beleza presente em mais de 2.500 cidades de 27 países, acaba de receber US$ 285 milhões em uma rodada de investimentos da série E liderada pela empresa de private equity L Catterton e pelo fundo Apax Digital, com a participação do investidor Temasek. O aporte elevou a startup à categoria de unicórnio, já que sua avaliação agora passa de US$ 1 bilhão.
O novo investimento servirá para dobrar a presença da empresa na Europa e expandir sua atuação na América Latina – por enquanto, apenas São Paulo e Rio possuem o serviço. “É incrível ir para outros países, com idiomas diferentes e históricos distintos de condicionamento físico, aplicar o nosso modelo de negócio e ver que o resultado é o mesmo de uma pequena cidade norte-americana”, disse Payal Kadakia, que criou a plataforma depois de uma tentativa frustrada de encontrar na internet uma aula de balé em seu bairro por um preço justo. “As pessoas em Singapura e no Brasil usam o serviço exatamente da mesma maneira.”
Para Rodolfo Ohl, country manager da operação brasileira, a notícia reflete a aposta da empresa na região como estratégia importante de crescimento e é consequência do bom trabalho que vem sendo feito por aqui. “Esse novo aporte nos mostra que estamos no caminho certo para levar milhares de pessoas à prática regular de atividade física e cuidados com o bem-estar.”
O executivo, no comando do negócio que estreou há pouco mais de um mês por aqui, se diz surpreso com a velocidade das parcerias fechadas em São Paulo. Porta de entrada do negócio na América Latina, a capital paulista detém o recorde mundial de cidade com o maior número de estabelecimentos credenciados em menos tempo, exceto pelas cidades dos Estados Unidos, onde a companhia nasceu.
Sem revelar números locais, a plataforma tem 30.000 parceiros em todo o mundo, responsáveis por mais de 100 milhões de reservas. São academias, estúdios, clínicas e salões. “O potencial do Brasil é imenso. O país ocupa o segundo lugar no ranking mundial de quantidade de academias e a taxa de penetração, ou seja, o índice de pessoas que frequentam esses locais, não passa de 5%, o que significa um espaço enorme a ser explorado”, diz Ohl.
Por enquanto, a ClassPass, criada há sete anos por Payal, funciona apenas no modelo B2C – direto ao consumidor. A plataforma conecta usuários e estabelecimentos credenciados e, por meio de um aplicativo, disponibiliza os horários e permite a reserva.
O serviço funciona por assinatura – que vai de R$ 99 a R$ 499 dependendo do número de créditos – e as pessoas podem escolher o estabelecimento mais conveniente, tanto em termos de localização geográfica – incluindo qualquer unidade conveniada no exterior – quanto de custo-benefício, além de ter um cardápio variado de modalidades esportivas e tratamentos. Entre os parceiros de São Paulo estão o Grupo Bio Ritmo Smart Fit (academias Bio Ritmo, Nós Treino, Race Bootcamp, Vidya Yoga, Jab House e Tônus), Pure Pilates, Action 360, Studio Mormaii, Ritual Gym, MyYoga e Ballet Fitness by Betina Dantas, entre outros. No Rio, onde a plataforma também já funciona, foram fechadas parcerias com as academias Meu Mood, Iron Box, Proforma, Puri Fitness, Ride Club, Pró Forma e Le Gym.
Segundo o executivo, o pulo do gato nesse modelo de negócio – capaz de beneficiar as duas pontas – é o uso da tarifa dinâmica, mesmo recurso adotado pelos aplicativos de transporte. Isso significa que, nos horários mais concorridos, são necessários mais créditos para adquirir uma aula, enquanto horários alternativos requerem menos créditos. “A taxa de ocupação na indústria fitness gira, atualmente, em torno de 36%, contra 80% do setor hoteleiro e 90% da aviação. Existe um gap de eficiência muito alto. Com o uso da inteligência artificial, o algoritmo faz uma análise da oferta e da demanda, maximizando a receita por aula do parceiro e oferecendo a melhor opção para o usuário”, explica, reforçando que a ClassPass é a única empresa do tipo a oferecer essa fórmula.
Ao mesmo tempo em que busca expandir a base de usuários em alguns países – incluindo o Brasil – com uma campanha agressiva de um mês grátis, com direito a 90 créditos, a companhia também prepara sua entrada no segmento B2B, modelo de negócio adotado pela concorrente brasileira Gympass, com sucesso, por aqui.
Nele, os contratos são fechados com as empresas, que pagam uma mensalidade pelo número de funcionários e oferecem o benefício a eles, de forma subsidiada. A diferença, segundo Ohl, é que no modelo da ClassPass só serão cobrados os serviços que forem, efetivamente, utilizados. “O sistema atual cobra um valor fixo da companhia, independentemente de 10 ou 1.000 pessoas estarem realmente aproveitando o benefício. Acreditamos em um sistema subsidiado, mas também achamos que a empresa só deve arcar com aquilo que está, de fato, sendo utilizado”, explica.
O executivo – que já ajudou a trazer para o Brasil empresas como Monster, SurveyMonkey e Medium – explica que a rentabilidade do negócio vem da escala. “Temos uma margem pequena em cima das aulas, de um dígito, capaz de suprir os gastos com cartão de crédito, impostos e tecnologia. Vamos ganhar com o volume de reservas.”
Para os parceiros, Ohl diz que, ao contrário do que possa parecer, a plataforma – que já recebeu outros US$ 264 milhões em investimentos antes do aporte anunciado hoje de fundos como Temasek e Alphabet, dona do Google – não canibaliza o negócio. Pelo contrário: ela atrai para as academias alunos que, muitas vezes, não estavam no radar, já que funciona como uma vitrine. “Temos um estudo que revela que 45% dos nossos usuários acabam, em três meses, contratando o parceiro diretamente, fora da plataforma”, conta. Além disso, tem o sistema de tarifa dinâmica que, por diminuir a ociosidade, aumenta a rentabilidade. “Temos como meta interna aumentar, em média, em 20% a receita dos estabelecimentos parceiros.” Atualmente, a taxa de retenção desses locais está em 95%.
Além do novo modelo B2B, os próximos passos passam pela expansão geográfica – tanto no Brasil, com as demais cidades do Sudeste no curto prazo, quanto na América Latina, com a provável entrada próxima do México na plataforma – e de parceiros. O executivo não dá datas, mas diz que está em negociação para viabilizar a inclusão da Smart Fit na oferta de estabelecimentos conveniados em solo nacional. “O Brasil vive um excelente momento e estamos prontos para buscar a liderança de mercado também por aqui”, finaliza.
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Desenvolvedores no foco
O Cubo Itaú anunciou a criação do programa Cubo For Devs, que tem como objetivo aproximar a comunidade de desenvolvedores a vagas em startups e empresas, e ainda ajudar na formação de novos profissionais. Uma das etapas do processo é o #TechTalents, que em parceria com a Gama Academy já disponibiliza 300 vagas em empresas como Dasa, Itaú, Cogna, VLI e brMalls. São oportunidades office e presenciais, com faixa salarial entre R$ 4.000 e R$ 13.000 e benefícios que variam de acordo com a política de cada empresa. As vagas são limitadas e estão abertas para profissionais de todo o Brasil, com inscrições no site.
O hub também criou o Cubo For Devs #Meetups, que tem a proposta de fortalecer a comunidade de desenvolvedores por meio de debates. Em 2019 já foram realizadas duas edições, com foco em técnicas do desenvolvimento front end, bem como o mercado de trabalho de forma geral. Os meetups vão continuar em 2020, abertos para devs de todos os níveis de proficiência.
Segundo Pedro Prates, co-head do Cubo Itaú, o programa surgiu em função da forte demanda por desenvolvedores que o mercado enfrenta. “As grandes empresas do mercado precisam promover suas transformações digital e cultural e isso só é possível com mão-de-obra qualificada”, diz.
Profissionais de todo o Brasil das mais diferentes linguagens e senioridades do mundo da programação, que estejam atuando no mercado há mais de 2 anos, podem se candidatar. Eles participarão de etapas com conteúdos técnicos on-line e a última será em um evento presencial no Cubo Itaú no dia 28 de janeiro, quando as empresas realizarão as entrevistas e apresentarão as propostas no mesmo dia.
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IA no currículo
O Colégio FECAP anunciou o primeiro curso de ensino médio técnico em inteligência artificial do Brasil. Com projeto pedagógico próprio, a proposta é apresentar aos alunos uma sólida base de programação de alto nível, modelo neural e machine learning, ampliando os conhecimentos fundamentais para big data e sistema de reconhecimento de voz. “O novo curso vai apresentar ao aluno a capacidade das máquinas de pensarem como seres humanos: aprender, perceber e decidir quais caminhos seguir, de forma racional diante de determinadas situações”, afirma a Professora Evelyn Cid, coordenadora do Ensino Técnico da instituição. De acordo com pesquisas do setor, o Brasil poderá criar 17,7 milhões de postos de trabalho relacionados à inteligência artificial em um futuro próximo.
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