O dólar fechou hoje (27) em nova máxima histórica nominal, chegando a superar R$ 4,50 durante os negócios pela primeira vez, em meio a uma forte onda global de aversão a risco conforme se multiplicaram avaliações de que o coronavírus reduzirá o crescimento econômico mundial e afetará a atividade também no Brasil.
O Bank of America reduziu nesta quinta-feira sua perspectiva de crescimento econômico para o Brasil em 2020 para menos de 2%, enquanto o JP Morgan cortou a projeção ainda mais abaixo dessa linha, que muitos observadores dizem ser altamente sensível para o governo do presidente Jair Bolsonaro.
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Um porta-voz do Fundo Monetário Internacional disse mais cedo que o coronavírus claramente terá um impacto no crescimento econômico global e o FMI provavelmente reduzirá sua previsão de crescimento como resultado.
O real já vem sofrendo neste mês diante da piora nos cenários para a economia do Brasil, que reduzem o ânimo com a recuperação e, por tabela, podem prejudicar adicionalmente o quadro para fluxo cambial.
“O real piora mais, pois o governo/BC aqui acham que [a moeda] tem que desvalorizar”, disse o gestor de um grande fundo em São Paulo, citando ainda aumento de ruídos políticos locais entre Executivo e Legislativo.
O dólar à vista fechou em alta de 0,70%, a R$ 4,4751 na venda, com folga superando o recorde anterior, de R$ 4,4441, alcançado ontem (26).
Às 11h39, a cotação bateu R$ 4,5030, pico histórico intradia.
A alta da moeda nesta sessão é a sétima consecutiva, período em que acumulou ganho de 4,04%. É a mais longa série do tipo desde os também sete pregões de valorização entre 15 e 23 de agosto de 2018, quando o dólar somou alta de 6,62%.
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No acumulado de 2020, o dólar dispara 11,52% ante o real, com a moeda brasileira amargando o pior desempenho dentre 33 pares do dólar. Em fevereiro, a alta é de 4,42%, a mais forte para o mês desde 2015 (+6,19%).
Tamanha valorização, contudo, já atrai algumas recomendações de compra para o real. A empresa independente de investimento privado MRB Partners diz que o real já está excessivamente depreciado.
Mais cedo, em ação de apoio ao real, o Banco Central vendeu US$ 1 bilhão em contratos de swap cambial tradicional para conter a volatilidade. Na véspera, a autoridade monetária havia colocado US$ 500 milhões nesses ativos, também em oferta líquida.
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Estrategistas do Citi disseram terem visto fluxos de recursos em busca de retornos depois de o BC ter retomado as vendas de swaps, desde 13 de fevereiro. “Isso sugere que a performance mais fraca do real pode estar perto do fim”, disseram em relatório.
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