O mercado de consumo de produtos de tecnologia deve sofrer os solavancos causados pelo coronavírus e o aumento em custos de fabricação, que devem se traduzir em alta de preços para o consumidor final e escassez de estoques de equipamentos.
Muitos dos materiais, componentes e insumos eletroeletrônicos usados para fabricar smartphones, tablets e PCs vem de empresas baseadas em províncias chinesas fortemente afetadas pelo coronavírus. O Brasil importa cerca de 80% dos componentes necessários para a montagem de equipamentos no país, segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).
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As interrupções na produção e impactos na cadeia logística dessas empresas, que começou no início do Ano Novo Chinês e foi prolongada com políticas de isolamento no país para conter o avanço do vírus no começo de 2020, arrasaram o ecossistema de manufatura de produtos de tecnologia, segundo pesquisa da empresa de análise de mercado IDC.
O relatório, que a empresa enviou para clientes, nota que a situação trouxe um enorme impacto para a indústria de manufatura em fevereiro e a previsão é que a cadeia de suprimentos só retornará à normalidade na metade ou final de 2020. Dependendo da trajetória do vírus, é possível que operações não se recuperem até o ano que vem.
“Continue monitorando a situação de perto, pois março é um mês crítico para a produção, e os segmentos de manufatura, logística e transporte ainda estão reagindo com muita cautela”, diz a nota enviada a fabricantes. “Prepare planos de contingência com seus principais fornecedores e mantenha seus clientes informados – os próximos meses trarão consideráveis incertezas.”
Segundo a Abinee, que neste ano fez três sondagens com seus associados sobre o impacto do coronavírus nas operações, a maioria das fabricantes de produtos de tecnologia no Brasil já apresentam problemas no recebimento de peças provenientes da China, como telas e circuitos. Pela primeira vez, membros da Abinee falam em risco na entrega do produto final para os seus clientes caso a situação se prolongue para mais de um mês e meio.
Cenários de impacto
Três cenários para o futuro da indústria foram descritos na nota, publicada em 20 de fevereiro. O mais otimista descreveu uma situação onde o impacto na indústria de manufatura de dispositivos é limitado ao atual trimestre. A China sofreria um choque considerável mas conseguiria se reerguer e o mercado de smartphones e dispositivos pessoais como laptops e tablets pegam onda nessa recuperação em forma de V durante 2020.
Mas a situação avançou muito desde então e, segundo Reinaldo Sakis, gerente de pesquisa e consultoria na IDC, esse cenário “não parece mais ser provável,” já que a previsão para uma retomada da produção de componentes na China é prevista para o final de maio ou início de junho.
O cenário provável descrito para o setor na nota previa uma recuperação para os segmentos de fabricação e logística que levará vários trimestres, no caso de um retorno gradual dos trabalhadores chineses às fábricas em meio à grandes desafios relacionados ao transporte de produtos. Nesse cenário, o choque da demanda na China se estenderá ao longo do ano, porém é atenuado por final de 2020 com a ajuda de estímulos e subsídios do governo, levando a uma recuperação em forma de U no início de 2021.
O pior cenário descrito na nota trouxe uma situação onde o fornecimento de equipamentos pode sofrer consideravelmente este ano, com logística e transportes severamente impactados. Nesta possibilidade, onde “até uma recessão global é secundária à extensiva destruição da vida humana pelo Covid-19”, o mercado de dispositivos mergulhará em uma recessão em forma de L, com consumidores cautelosos e com orçamentos apertados. Neste cenário, a indústria será “permanentemente reconfigurada” quando se começar a recuperar, em 2021 ou 2022.
Segundo Sakis, a previsão atual para o mercado de dispositivos brasileiro ainda é de crescimento, na ordem de 1-2%, mas isso pode mudar drasticamente – e rápido. O analista explica que, além dos possíveis efeitos na oferta, a demanda por equipamentos pode ser severamente impactada, no caso de medidas como isolamento de grandes centros urbanos, como no caso da Itália.
“Em um cenário extremamente pessimista, com uma crise acentuada de oferta e demanda, combinada a outros fatores como a alta do dólar e aumento de impostos poderemos ter uma retração do mercado de até dois dígitos”, aponta.
Além desses fatores, a variação cambial, combinada a uma redução dos incentivos tributários voltados à produção de equipamentos eletrônicos no país através da Lei de Informática, levaram a um aumento de custos de cerca de 20-30% para fabricantes. Segundo o analista, a crise de saúde pública e a alta de custos, cria uma “tempestade perfeita.”
Sakis acredita que, com ou sem coronavírus, o consumidor vai pagar a conta: “Difícil acreditar que [uma alta de preços] não vai acontecer: ninguém está operando com margens que permitam absorver esse impacto [de alta de custos de produção] sem que haja um repasse para o consumidor”, aponta.
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Easynvest tenta controlar pânico com crise na bolsa
A fintech Easynvest está tentando lidar com a preocupação de investidores que, assustados com as recentes quedas da Bolsa, pensam em vender seus investimentos. Para ajudar seus usuários a controlar o que define como “comportamento de manada”, a empresa vai fazer uma apresentação ao vivo sobre como lidar com as finanças investidas no mercado de ações no atual contexto de instabilidade. A “live”, que acontece às 16:30 hoje, fala sobre como proteger a carteira de oscilações e oportunidades para o pequeno investidor.
Em janeiro, a Easynvest reforçou sua equipe de conteúdo e lançou uma série de programas sobre educação financeira. A cobertura, com conteúdo voltado à finanças e organização pessoal, é feita em diversos canais, incluindo podcast e vídeos no You Tube. O time de apresentadores inclui Dony de Nuccio, Samy Dana, Fabiana Scaranzi e Priscila Yazbek, ex-GloboNews.
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Brasileiras aparecem em ranking global de mais inovadoras
Três empresas brasileiras foram selecionadas para a lista anual das mais inovadoras do mundo da revista norte-americana “Fast Company”. A lista de 434 empresas de 44 setores, mostra organizações cujo trabalho tem causado impacto profundo em seus setores e na cultura, mostrando uma variedade de maneiras de prosperar em um ambiente de volatilidade. Este ano, a premiação apresenta 434 empresas de 39 países. Das 10 mais inovadoras da América Latina, três são brasileiras – Magazine Luiza (3º), Agronow (4º) e Amaro (7º).
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Corteva fecha com Cubo Itaú
A Corteva Agriscience é a nova empresa mantenedora do hub de empreendedorismo tecnológico Cubo Itaú. Como a primeira empresa de agritech a integrar o centro, a companhia quer estabelecer conexões com startups de diferentes setores, para achar respostas para seus próprios desafios e os problemas da indústria, cujos atores incluem produtores rurais, canais de distribuição, cooperativas e outros elos da cadeia. Entre as principais áreas de atenção no setor que podem estar no escopo de trabalhos da Corteva com o Cubo, está a capacitação de pequenos agricultores e a utilização de barter, mecanismo de financiamento no qual o pagamento pelo insumo é feito por meio da entrega do grão na pós-colheita, sem a intermediação monetária.
MAIS
– O Nivus, novo SUV compacto da Volkswagen, trará uma plataforma conectividade, streaming e serviços embarcada no lançamento, previsto para maior deste ano. O sistema VW Play é uma resposta da montadora ao movimento do setor, que busca competir com a economia compartilhada e demanda de consumidores por mais serviços associados ao automóvel;
– O impacto dos avanços tecnológicos em Direito será a pauta de um encontro organizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a International Bar Association. Professores, pesquisadores e advogados debaterão os desafios, tendências e oportunidades no setor jurídico na sede da FGV Direito, em São Paulo, no dia 12 de março, das 8h30 às 12h.
– Mulheres que se prepararam para participar do SXSW, evento de inovação em Austin, nos Estados Unidos, se reúnem hoje (12) em São Paulo para de temas como empoderamento feminino, fake news e coronavírus – que causou o cancelamento da conferência na semana passada. Participantes incluem Stella Brant, diretora de marketing da 99, Nathalie Trutmann, ex-diretora da Hyper Island e Camila Moletta e Laura Florence, fundadoras do mapa de talentos femininos More Grls. O encontro, batizado de SXSP, acontece hoje (12) na sede da Acesso Digital a partir das 19h e terá transmissão ao vivo.