O dólar escalou a novos recordes históricos hoje (9), aproximando-se de R$ 4,80. A volatilidade saltou aos picos de 2018, conforme os mercados globais foram varridos por uma onda de aversão a risco diante do colapso dos preços do petróleo e de temores econômicos relacionados ao coronavírus.
A moeda norte-americana até saiu das máximas da sessão, mas não sem antes o Banco Central vender um total de US$ 3,465 bilhões em moeda spot. É o maior volume a ser liquidado em um mesmo dia desde, pelo menos, 11 de maio de 2009.
Foram dois leilões de dólares à vista, o primeiro no montante de US$ 3 bilhões – valor já elevado em relação à oferta inicialmente informada na sexta-feira à noite (6) de US$ 1 bilhão.
À tarde, à medida que os mercados externos voltaram a piorar o sinal, o BC anunciou outro leilão de dólar físico, sem se comprometer com lote máximo. No fim, vendeu mais US$ 465 milhões.
O movimento do câmbio no Brasil ocorreu em sintonia com o visto frente a outras moedas emergentes. Mas, diferentemente das últimas sessões, o real não liderou as perdas, encabeçadas por divisas correlacionadas ao petróleo – peso mexicano, peso colombiano e coroa norueguesa. O petróleo desabou na casa de 24% após decisão da Arábia Saudita de elevar produção e cortar preços.
O mercado local analisou ao longo do dia declarações do diretor de política monetária do BC, Bruno Serra, segundo o qual a autoridade monetária usará as ferramentas e montantes necessários para prover liquidez e funcionalidade ao mercado cambial.
“Isso vai em linha com o que acreditamos ser o modo apropriado para lidar com esse evento único. Não é uma questão de taxa de câmbio barata ou cara, mas de necessidade de evitar que o câmbio fique disfuncional”, disse em relatório a equipe de estratégia para mercados emergentes do BNP Paribas, chefiada por Gabriel Gersztein.
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Comentários sobre o câmbio também vieram do ministro da Economia, Paulo Guedes, que repetiu que o câmbio de equilíbrio no Brasil é mais alto e disse que sua flutuação também é atrelada ao andamento das reformas econômicas.
Evidência do grau de nervosismo do mercado, a volatilidade implícita de dólar/real disparou a 15,475% ao ano, de 12,9% do fechamento anterior, alcançando o maior nível intradia desde 29 de outubro de 2018 (18,675%).
O dólar salta 17,76% ante o real no acumulado de 2020, o que mantém a divisa brasileira na lanterna entre seus principais rivais no período.
Mas o chefe da mesa de câmbio da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, acredita que esse “movimento turbulento” tende a regredir com a aproximação da primavera no Hemisfério Norte.
Com isso, a taxa de câmbio alcançaria “uma cotação em um patamar mais aceitável, em torno de R$ 4,10 – tendo como base os fundamentos da nossa economia, aliados a uma previsão de crescimento menor do que o esperado”, disse.
Na visão de Dan Kawa, sócio da TAG Investimentos, o ambiente seguirá sendo de forte volatilidade. “Para uma melhora deste panorama, será necessária uma melhora no fluxo de notícias em torno do coronavírus aliado a uma ação mais forte dos governantes e dos bancos centrais.”
No fechamento das operações no mercado à vista, o dólar saltou 1,97%, a R$ 4,7256 na venda, depois de alcançar R$ 4,7950, novo pico histórico intradiário.
A alta da moeda no fechamento é a mais forte desde 6 de novembro de 2019 (+2,22%).
Na B3, o dólar futuro de maior liquidez tinha ganho de 1,99% às 17h38, a R$ 4,7295, após bater R$ 4,7990 na máxima.
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