O dólar começou março cravando a oitava máxima recorde nominal consecutiva ante a moeda brasileira, aproximando-se de R$ 4,49, depois de uma tentativa mais cedo de ajuste de baixa frustrada pela constante incerteza sobre os efeitos econômicos do coronavírus em todo o mundo.
O real teve um desempenho mais fraco que a vasta maioria de seus pares emergentes, que se valorizavam em dia de alguma trégua nos mercados globais conforme investidores se apegavam a sinalizações de estímulos por parte de bancos centrais.
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A performance aquém da moeda brasileira segue ditada por menor atratividade do lado dos juros e incertezas sobre o crescimento econômico.
As projeções de juros na B3 tiveram forte queda nesta segunda, com as taxas de curto prazo chegando a cair 13 pontos-base, indicando maiores apostas de cortes da Selic, num contexto de economia ainda debilitada.
Os sucessivos cortes de juros dos últimos vários meses reduziram a diferença entre as taxas pagas pelos títulos brasileiros e os papéis norte-americanos –considerados os mais seguros do mundo. Assim, o investidor estrangeiro tem tido menos estímulo para aplicar na renda fixa local, o que tem prejudicado o fluxo cambial e jogado contra a melhora na oferta de dólar no país.
A falta de ímpeto da economia também turva o cenário para os fluxos. A pesquisa Focus do Banco Central mostrou, nesta segunda, queda na projeção de crescimento do PIB neste ano, dois dias antes de o IBGE divulgar os números oficiais do quarto trimestre de 2019.
Ao longo do dia, o dólar oscilou entre alta de 0,59% (a R$ 4,5076) e queda de 0,21%, a R$ 4,4715. Os mercados externos pioraram o sinal no fim da tarde depois de autoridades de saúde dos Estados Unidos revisarem o total de casos confirmados de coronavírus no Estado de Washington para 18. No Brasil, o número de casos suspeitos saltou para 433, de 207 na véspera.
Mesmo em alta, a moeda terminou mais próxima da mínima do que da máxima intradiária.
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O dólar à vista fechou esta segunda em alta de 0,13%, a R$ 4,4868 na venda, nova máxima histórica nominal para um encerramento. Foi o nono pregão consecutivo de valorização do dólar, igualando a sequência vista em dezembro de 2005. Na B3, o dólar futuro rondava estabilidade, a R$ 4,4885.
O nível mais fraco do real, porém, começa a atrair algumas recomendações positivas para a moeda. O Bank of America, por exemplo, aconselha compra de real em detrimento do peso mexicano, devido a “preços extremos, extremo posicionamento” e expectativa de que o delta de crescimento ainda favoreça o Brasil na esteira das reformas econômicas.
“Os riscos a essa operação seriam a agenda de reformas fracassando em avançar mais no Brasil, uma queda acentuada nos preços globais das commodities ou uma divergência ainda maior de política monetária entre os dois países”, disseram estrategistas do BofA em nota.
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