A derrota sofrida pelo governo no Congresso Nacional na tarde de hoje (11) fez o futuro de dólar da B3 disparar quase 4%, superando R$ 4,83, depois de as cotações no mercado à vista já terem mostrado forte alta pelo mau humor nos mercados globais após a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar o coronavírus uma pandemia mundial.
Ao término dos negócios, às 18h, o dólar futuro subiu 3,63%, a R$ 4,8235, após saltar 3,88%, para R$ 4,835.
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O Congresso Nacional derrubou o veto presidencial a projeto que amplia o acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), com impacto estimado em cerca de R$ 20 bilhões já no primeiro ano.
Com isso, o mercado enfrenta agora outro vetor de risco, do lado fiscal brasileiro, em meio ao caos nos mercados globais por causa do coronavírus. A incerteza sobre os passos de autoridades para conter os efeitos econômicos do surto pesou sobre o sentimento neste pregão.
“Estamos profundamente preocupados tanto com os níveis alarmantes de disseminação e gravidade quanto com os níveis alarmantes de inação. Fizemos, portanto, a avaliação de que o Covid-19 pode ser caracterizado como uma pandemia”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesusem, em coletiva de imprensa nesta quarta.
A declaração acirrou os ânimos de um mercado que já vinha com o sentimento bastante fragilizado e intensificou a venda de ativos de risco, como ações e moedas emergentes.
O índice Dow Jones da Bolsa de Nova York confirmou ingresso em território baixista (bear market), com tombo de pelo menos 20% desde a máxima recorde. E a principal referência do mercado de ações do Brasil desabou 7,64% nesta sessão, que viu os negócios serem interrompidos por novo circuit breaker, o segundo apenas nesta semana.
“Enquanto se entender que [as autoridades de governo] estão lavando as mãos com relação a suas responsabilidades, os mercados vão continuar tendo dificuldades para encontrar um chão firme”, disseram estrategistas do Credit Suisse em nota a clientes.
Os profissionais estão “bearish” (com visão negativa) para o real, assim como para outras divisas que se beneficiam de ciclos de crescimento econômico, enquanto veem o dólar em queda frente a iene, franco suíço e euro, tidas como defensivas.
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No fechamento das operações à vista, o dólar saltou 1,61%, a R$ 4,7207 na venda, segunda mais alta cotação de fechamento da história, menor apenas que a do último dia 9 (R$ 4,7256 na venda).
Na máxima intradiária, a cotação bateu R$ 4,7592 na venda. A volatilidade implícita nas opções de dólar/real – uma medida do grau de incerteza do mercado – saltou ao pico desde o fim de outubro de 2018.
O UBS revisou sensivelmente para cima sua estimativa para a cotação do dólar ante o real ao fim deste ano, passando a ver a moeda em R$ 4,5, ante prognóstico anterior de R$ 4. “O real sofre com o crescimento [econômico] mais fraco, os termos de troca e a aversão a risco”, disse Tony Volpon, economista do UBS.
A equipe econômica cortou sua projeção de crescimento econômico neste ano em 0,3%, a 2,1%. Mas algumas casas, como o UBS, já consideram cenários em que a expansão do PIB pode ficar abaixo de 1%.
Também o Bradesco elevou a expectativa para o dólar a R$ 4,30 ao término de 2020. “O fortalecimento do dólar em escala global se soma a vetores domésticos conjunturais [frustração com atividade econômica de curto prazo] e estruturais [associados à realocação de portfólios derivada da queda do diferencial de juros entre Brasil e o resto do mundo]”, disse o banco em relatório em que alterou projeções para indicadores brasileiros.
No documento, o Bradesco destaca a importância do ajuste fiscal via corte de despesas. “As propostas de revisão das despesas obrigatórias do governo são indispensáveis para preservar a meta fiscal e manter o teto de gastos, possibilitando uma redução permanente do déficit primário e, consequentemente, da dívida bruta”, afirmou o banco privado.
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O Banco Central não anunciou leilões de dólar durante a sessão desta quarta e se limitou a vender o lote de US$ 1 bilhão em swaps cambiais tradicionais que prometeu ofertar.
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