O dólar era negociado em alta acentuada contra o real hoje (18) e renovou nova máxima recorde acima de R$ 5,20 mesmo com a atuação do Banco Central, com os investidores receosos sobre o impacto econômico do coronavírus e à espera da decisão de política monetária do Copom.
Às 10:43, o dólar avançava 2,50%, a R$ 5,1276 na venda, enquanto o contrato mais negociado de dólar futuro disparava 2,47%, a R$ 5,1355. Na máxima do dia, a moeda norte-americana spot tocou R$ 5,2050 na venda, novo pico histórico.
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O pregão era marcado por uma onda global de aversão a risco, num momento em que a pandemia de coronavírus força governos a impor quarentenas generalizadas, gerando interrupções que podem levar a economia mundial a uma recessão.
No exterior, o dólar perdia contra ativos considerados seguros, como iene japonês, enquanto ganhava contra 25 de seus 33 principais pares, registrando altas acentuadas ante divisas arriscadas, como dólar australiano, lira turca, pesos mexicano e chileno e rand sul-africano.
O real tinha a segunda maior depreciação contra a divisa norte-americana entre a cesta de 33 moedas de todo o mundo.
“Isso está dentro do contexto”, disse Álvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital Modalmais. “Os mercados estão absolutamente estressados no mundo inteiro; os investidores estão tirando recursos de países emergentes.”
“Enquanto não houver todo um arcabouço de medidas em todos os países pra ajudar a economia e enquanto não tiver uma desaceleração da curva de contágio, os investidores continuarão se refugiando no dólar.”
No Brasil, agravando a ansiedade, o governo anunciou ontem (17) que vai pedir ao Congresso o reconhecimento de estado de calamidade pública devido à pandemia e seus impactos na saúde dos brasileiros e na economia do país.
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Ao mesmo tempo, os mercados aguardavam a decisão de política monetária do Copom, que será anunciada hoje, com ampla expectativa de corte da taxa Selic a nova mínima histórica.
“Na parte dos juros, é um consenso de que o Copom deverá reduzir a taxa Selic hoje. A decisão mais provável é de um corte de meio ponto percentual, com uma nova baixa de 0,25 ponto percentual na reunião de maio”, disse em nota a Levante Investimentos.
Esta semana, o UBS previu corte ainda mais agressivo da taxa básica de juros brasileira, de até 1 ponto percentual.
A redução constante da Selic nos últimos meses vem sido apontada como fator importante para a desvalorização acentuada do real, que já acumula queda de cerca de 28% em 2020. O menor diferencial de juros entre o Brasil e outros países torna alguns rendimentos atrelados à Selic menos interessantes para investidores estrangeiros, o que prejudica o fluxo de dólares no mercado local.
Em meio ao estresse e cautela generalizados, o Banco Central do Brasil marcou presença nos mercados de câmbio hoje.
Num intervalo de cerca de 1h30, a autarquia realizou leilões de linha com compromisso de recompra, em que vendeu US$ 2 bilhões, dois leilões de moeda spot, totalizando venda de US$ 830 milhões, e anunciou compra de títulos soberanos em dólar com compromisso de recompra, visando “garantir o bom funcionamento dos mercados”.
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“Acho o BC vai continuar atuando”, opinou Bandeira, do Modalmais, dizendo que será necessário esperar para sentir o impacto das medidas da autarquia sobre a força do dólar.
A alta do dólar arrefeceu levemente, de mais de R$ 5,20 para cerca de R$ 5,15, logo após o resultado do segundo leilão de dólar à vista.
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