Há mulheres em todo o globo comprometidas com a busca por direitos plenos. Não sei se os preconceitos serão derrubados por decretos ou se cairão de podres – que seja da forma mais rápida são meus votos.
Quando penso em empoderamento feminino, me vêm à cabeça muitos semblantes que estiveram ou estão à frente dessa luta no Brasil e no mundo. Principalmente os reluzentes e atuais rostos de Hollywood, como Angelina Jolie, Emma Watson e Lea Michele. Um outro rosto, no entanto, me faz parar, ainda que não esteja diretamente vinculado a alguma causa pelos direitos das mulheres: o da sueca Greta Thunberg, a ativista ambiental de 17 anos que recentemente foi eleita personalidade do ano pela revista Time. Com sua tenacidade ambientalista, a pequena-gigante Greta tem contribuído, creio, tanto pela causa feminina quanto as ativistas hollywoodianas.
Greta se tornou uma porta-voz retumbante das novas gerações sem precisar das claquetes do cinema (longe de querer dizer que isso seja um demérito, friso para destacar os passos da garota de Estocolmo). Ela fala com chefes de Estado, com o Papa, com representantes da ONU e encarou de frente Donald Trump numa reedição moderna de Davi e Golias. Em setembro passado, reuniu numa manifestação cerca de 4 milhões de pessoas em prol do meio ambiente. Não tenho dúvida, no entanto, de que a influência de Greta vai além das questões ambientais.
À sua maneira, Greta queimou novamente os sutiãs (para lembrar um símbolo da luta das mulheres da década de 1960). Recorro mais uma vez a Platão, que, para explicar a diferença entre o mundo das ideias e o mundo dos sentidos, usou a metáfora do Mito das Cavernas. Greta executa o processo inverso. Saiu do mundo de uma ideia para o mundo dos sentidos. Podemos tocá-la, respirar a sua força, engolir suas bandeiras. Ao vê-la, tenho a sensação de estar diante de uma imagem forte, empoderada, capaz de ajudar a amassar as desigualdades que ainda existem nos campos da política e da economia. Greta foi lançada: é uma flecha. E flecha, uma vez lançada, não volta pelo mesmo caminho.
“O que faz andar o barco não é a vela enfunada, mas o vento que não se vê.” - Platão
Obviamente, estou entre os 48% dos homens brasileiros que apoiam o feminismo, de acordo com pesquisa Datafolha. E faço um parêntese aqui para ressaltar o empenho do Senado brasileiro na aprovação de projetos de lei para coibir a violência contra a mulher. Em 2019, foram 35. Alguns já debatidos e aprovados naquela Casa e na Câmara dos Deputados. É o caso da Lei nº 13.894/2019, que voltou a prever a competência dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar, agilizando o afastamento dos agressores judicialmente. Na mesma direção, a Lei nº 13.931/2019, que obriga os profissionais de saúde a registrar no prontuário médico da paciente e comunicar à polícia em 24 horas indícios de violência contra a mulher.
O Senado Federal tem trabalhado na formulação de projetos de lei destinados ao favorecimento da mulher em múltiplos aspectos de sua vida: social, econômica, financeira e, sobretudo, em sua segurança pessoal. Mas, lembrando: o Brasil é 85º entre 145 países em ranking de igualdade de gênero do Fórum Econômico Mundial.
Retornando a Greta Thunberg. A garota estabelece um sentimento de empatia com o mundo, que fortalece a justa causa feminina, ainda que não seja a vela enfunada, mas o vento que não se vê. Parafraseando a jovem poetisa indiana Rupi Kaur, desde que apareceu, Greta “sempre teve tudo o que precisa dentro de si mesma”. E o mundo não a convenceu de que ela não tivesse. Queira ou não, os seus passos cruzam com os de todas as mulheres na luta por direitos iguais, como já disse Simone de Beauvoir.
Nelson Wilians – CEO da Nelson Willians & Advogados Associados
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