Foi apenas uma questão de tempo até que os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (Centers of Disease Control and Prevention ou CDCs) adicionassem novos sintomas da Covid-19 ao conjunto daqueles já identificados. Durante um período, a lista de sintomas do novo coronavírus do site “Coronavirus Disease 2019 (Covid-19)” da agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos permaneceu com apenas três: febre, tosse e falta de ar ou dificuldade de respirar. Agora, no entanto, o CDC adicionou mais seis sinais, elevando o total para nove: calafrios, tremedeiras repetidas com calafrios, dor muscular, dor de cabeça, dor de garganta e perda de olfato ou paladar.
Logo, a manifestação de algum desses indícios pode ser sinal de uma infecção causada pelo novo coronavírus. Ou não. A não ser que, de fato, a pessoa tenha contraído a doença. Tais efeitos podem ter sido causados pela Síndrome Respiratória Aguda Grave do Coronavírus 2 (SARS-CoV-2), exceto quando outro agente os está causando. Entendeu?
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Toda essa explicação está lhe causando dor de cabeça? Ou esse desconforto é proveniente do coronavírus? Provavelmente não, se começou logo depois de olhar a nova lista. Mas, caso continue, talvez seja por conta da doença.
A menos que seja diagnosticado com influenza, vírus sincicial respiratório (VSR) ou alguma outra infecção por vírus respiratório que possa causar alguns dos sintomas acima, tenha certeza de que não contraiu a Covid-19. Exceto quando apresentar os dois tipos de infecção ao mesmo tempo. Uma pesquisa publicada no “Journal of the American Medical Association” (Jornal da Associação Médica Norte-Americana) revelou que 20,7% das amostras que testaram positivo para SARS-CoV-2 também apresentaram resultado positivo para outros (um ou mais) patógenos.
No estudo, os especialistas David Kim, James Quinn, Benjamin Pinsky, Nigam H. Shah e Ian Brown, da Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford, revisaram o resultado de 1.217 amostras de 1.206 pacientes que foram testados para a SARS-CoV-2 e outros patógenos respiratórios, com 116 (9,5%) deles positivos para o coronavírus. Das 24 amostras que tinham SARS-CoV2 e pelo menos um outro patógeno respiratório, 6,9% apresentaram resultado positivo para o rinovírus/ enterovírus, 5,2% para o vírus sincicial respiratório, 4,3% para outros coronavírus além do SARS-CoV-2 e pouco mais de 3% para algum tipo de gripe. Portanto, mesmo que o paciente tenha outra infecção causada por um vírus respiratório, ainda poderá contrair a Covid-19.
À medida que mais relatos de indivíduos com diferentes conjuntos de sintomas surgem, torna-se cada vez mais claro que febre, tosse e dificuldades respiratórias não são os únicos sinais que devem ser procurados em um caso de Covid-19. Também tem se tornado mais evidente que o curso da doença pode ser muito variável.
A lista do CDC está longe de ser conclusiva. A manifestação dos sintomas pode parecer um jogo de dados, de várias maneiras. O Dr. Robert Glatter, especialista em medicina de emergência, por exemplo, informou à Forbes que dores de estômago e diarreia podem ser os primeiros sinais da Covid-19. Eu também já abordei em uma outra matéria alguns dos sintomas oculares que podem surgir. Há, ainda, uma carta publicada no “Journal of the European Academy of Dermatology and Venerealogy” (Jornal da Academia Europeia de Dermatologia e Venerealogia) que relatou dois pacientes com coronavírus que, inicialmente, tinham apenas febre e urticária, uma nomenclatura médica para irritação na pele.
Certamente seria muito mais fácil se a Covid-19 tivesse um sintoma clássico claro, como o sarampo (uma erupção cutânea) e a catapora (vesículas, que são pequenas bolhas cheias de líquido na pele). Mas a falta de um sinal tão claro significa que tornar o teste do coronavírus amplamente acessível é ainda mais importante. O CDC fornece um auto-verificador de coronavírus online para ajudar as pessoas a descobrirem se devem entrar em contato com um médico. No entanto, essa não é uma maneira de diagnosticar a Covid-19. A única maneira de realmente obter um diagnóstico do coronavírus é colocar o cotonete no nariz e no fundo da garganta para verificar se há RNA do vírus nas secreções.
Até o momento, não há outras mudanças no site do CDC. Isso ainda indica que é possível começar a sentir sintomas de dois a 14 dias após ser exposto ao vírus. Além disso, a lista de sinais de alerta de emergência também inclui problemas respiratórios, dor ou pressão persistente no peito, dificuldade ou incapacidade de despertar e lábios ou rosto azulados. Se tiver algum destes sintomas, pode estar em um nível grave da Covid-19, que requer atenção médica imediata. A não ser, é claro, que outro agente esteja causando esses sintomas e você não tenha coronavírus. De qualquer maneira, procure atendimento médico adequado o mais rápido possível.
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