O Brasil é um país muito criativo. Temos grandes arquitetos, músicos, cineastas, designers, decoradores. E a moda brasileira é uma grande prova viva desse talento e criatividade do país. Aonde eu vou pelo mundo, costumo misturar várias peças de estilistas e marcas brasileiros e sempre ouço: “Just love the way you dress”. O elogio pode ser para mim, mas na verdade é para a moda nacional.
No momento em que essa pandemia terrível mata milhares de pessoas, mata empresas, mata empregos, temos de ficar do lado da moda nacional. Porque ao ajudá-la, ajudamos a preservar milhões de empregos.
Por isso é muito importante a iniciativa de Sandro Barros, um estilista de muito sucesso e que eu amo, chamada #euapoioamodabrasileira. Já me engajei no movimento que teve a adesão de outros estilistas, como Reinaldo Lourenço, da jornalista Lilian Pacce e da consultora de moda Costanza Pascolato.
É fácil participar: poste no Instagram uma foto sua, que você adora, vestindo uma peça, um acessório ou total look nacional e coloque a hashtag #euapoioamodabrasilera. Eu postei várias. E isso é apenas o começo de uma ação que vai se expandir para outras plataformas. Poste, siga e veja os desdobramentos da campanha para manter as engrenagens da nossa moda girando.
Aliás, a moda nacional tem se mostrado particularmente ativa e mobilizada com várias ações sociais de auxílio à população mais vulnerável, de prevenção e combate ao novo coronavírus.
As marcas Osklen, Regatta Tecidos, Muriel Matalon, Resort Couture, Blow Up e Júlia Patez estão colaborando com sobras de tecidos para a confecção de máscaras de proteção – sem dúvida, o acessório da temporada – no projeto que tem a frente a empresária de comunicação Tania Otranto (MKTMix), Malo Tonanni e Fernanda Padilha. Amigas que uniram força e já conseguiram produzir 8 mil máscaras de uma meta de 23 mil, destinadas à comunidades carentes, ONGs e hospitais.
“Parece pouco diante das 13 milhões de pessoas que vivem nas comunidades em São Paulo e precisam também de alimentos e produtos de higiene”, observa Tania. “Mas, se cada um colaborar com um pouco, juntos venceremos esta pandemia”, diz esperançosa e chama atenção para o fato que a campanha também mantém em atividade a mão de obra que confecciona as máscaras e, de outra maneira, estaria sem nenhuma renda.
A estilista Giuliana Romano é outra que se juntou ao esforço na produção de máscaras de proteção, utilizando seu estoque de tecidos, parado desde a desativação de sua marca há dois anos. Giuliana se lançou na produção pouco antes da medida de distanciamento social, ainda no mês de março. “Estava em negociações com um trabalho na Espanha, mas tudo foi cancelado quando a pandemia atingiu o país com violência”, contou para a coluna. Ela então agiu rápido: “Por que estamos na era do ‘já era’ e não dá para perder tempo entre o pensar e o agir. Essa pandemia é realmente uma chamada na xinxa para todo mundo”, declara em seu estilo bem despachado. Giuliana está a todo vapor na produção, agora contando também com sobras de tecidos da amiga estilista Juliana Jabour, da marca Neriage e da tecelagem Lulitex.
Marcas como PatBo, a mineira Isla, Mixed, Maria Filó, Oribo, Lupo, os grupos Morena Rosa, Inbrands e Arezzo, a joalheria Vivara e a fashiontech Amaro, estão todos envolvidos em iniciativas nas mais diversas áreas e parcerias com ONGs e instituições internacionais, como a Cruz Vermelha, em um esforço conjunto para auxiliar a população e enfrentar os efeitos da crise.
E aí chegamos ao Projeto Ovo, criação da joalheira Ana Khouri – brasileira baseada em Nova York. Projetada no Instagram (@projetoovo), e sem fins lucrativos, a ideia é a venda de produtos de moda doados com 100% revertido para instituições beneficentes. O consumidor escolhe a peça, recebe os dados da instituição a ser beneficiada, realiza o depósito, envia o comprovante e recebe a mercadoria. “Você ajuda. Nós ajudamos. E muita gente é ajudada. Simples assim”, é o lema da plataforma.
Especialmente para o momento da Covid-19, o Projeto Ovo escolheu sete instituições que necessitam de auxílio e podem ser ajudadas através de doações – de peças para serem comercializados – e compras na plataforma. Além de tudo, vender peças de segunda mão é incentivar o consumo sustentável. Afinal, segundo a criadora do projeto: “O ovo representa o nascimento de possibilidades e a esperança de uma vida nova”.
E é bonito ver que, apesar de tantos problemas, a moda nacional tem cabeça, energia e coração para ajudar a salvar vidas com projetos como esses.
A palavra do momento é “solidariedade”. Um ajudando o outro. Nós ajudamos a moda, a moda ajuda o mundo e assim o mundo fica mais bonito. Porque sem a moda não existe um mundo mais bonito. Nem sem a criatividade do Brasil e sem a solidariedade.
Donata Meirelles é consultora de estilo, atua há 30 anos no mundo da moda e do lifestyle
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