O anúncio do presidente Donald Trump de que os Estados Unidos –maior patrocinador da Organização Mundial da Saúde— interromperá os pagamentos à instituição no meio da pandemia por causa de sua “má gestão” da crise do coronavírus, foi julgado pela ONU, líderes globais e Bill Gates como “perigoso”.
Trump anunciou que suspenderia os pagamentos no meio da crise do coronavírus enquanto uma “revisão” for realizada para avaliar o que ele disse a respeito da OMS estar “administrando demasiadamente mal e crise encobrindo informações sobre a disseminação do coronavírus”.
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Em resposta, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou em um comunicado que “não é hora de reduzir os recursos para as operações da Organização Mundial da Saúde ou de qualquer outra instituição humanitária na luta contra o vírus”.
O fundador da Microsoft, Bill Gates, cuja fundação filantrópica é uma das maiores doadoras voluntárias da OMS, criticou a medida como sendo “tão perigosa como parece” e acrescentou que “o mundo precisa da instituição agora mais do que nunca”.
A presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, culpou Trump por “ignorar avisos” sobre a pandemia e causar “mortes desnecessárias”.
Ela tuitou: “Agora, mais do que nunca, precisamos da verdade. E a verdade é que Donald Trump desmantelou a infraestrutura entregue a ele, destinada a planejar e superar uma pandemia, resultando em mortes desnecessárias e desastres econômicos. ”
Os líderes mundiais insistiram que Trump repense a decisão. A China pediu que os Estados Unidos cumpram suas obrigações, a Alemanha e a Nova Zelândia solicitaram união, e o Primeiro Ministro da Austrália, Scott Morrison, disse que a OMS não está imune a críticas.
A decisão de Trump ocorreu em vista de quase 2 milhões de pessoas terem contraído o coronavírus –600 mil nos Estados Unidos–, e haverem 126 mil mortes.
Guterres acrescentou: “Agora é a hora da união e da comunidade internacional trabalharem juntas em solidariedade para impedir esse vírus e suas conseqüências devastadoras”.
O órgão com sede em Genebra é a parte da ONU responsável pela saúde pública mundial e tem coordenado a resposta global à pandemia da Covid-19.
A contribuição dos Estados Unidos para o orçamento da OMS foi de US$ 400 milhões entre 2018 e 2019, segundo a BBC. O país norte-americano representa cerca de 15% dos pagamentos à instituição e é o maior contribuidor financeiro. A OMS é financiada por meio de pagamentos de seus 194 estados membros, além de contribuições voluntárias.
Trump ameaçou se retirar do financiamento da OMS nas últimas semanas, apesar dos Estados Unidos se tornarem o centro da pandemia global com mais casos e mortes. O presidente acusa o corpo de estar centrado na China, de modo a declarar uma pandemia tardia e “se opor às restrições de viagens ao território chinês”, segundo declaração dada ontem (14). No entanto, a OMS também sugeriu que os Estados Unidos falharam amplamente em reconhecer a gravidade da doença e seu potencial. A tensão entre o país e a instituição é apenas um exemplo da luta para implementar uma resposta global à pandemia, à medida que Estados a enfrentam de maneira própria, única e às vezes contraditória.
Donald Trump não é o primeiro presidente dos Estados Unidos a cortar o financiamento a um organismo da ONU, mas essa tática de reter ou retirar fundos se tornou uma marca registrada de seu governo. O país deixará de ser membro do Acordo Climático de Paris neste ano depois de Trump ter formalmente retirado os Estados Unidos em 2019. Além disso, ele também afastou a nação do Acordo Nuclear do Irã e do Conselho de Direitos Humanos da ONU, entre outros.
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