Na luta contra a Covid-19, os equipamentos de proteção individual (EPIs) desempenharam papel central e crítico para a segurança dos profissionais de saúde. No entanto, o vírus pode chegar à superfície desses equipamentos, onde continua sendo infeccioso por período prolongado. Existe o risco de uma pessoa tocar as partículas virais espalhadas do lado de fora ao remover sua máscara facial e assim, disseminar o microrganismo.
Um artigo preliminar publicado recentemente por cientistas da Universidade de Indiana sugere que um tecido que erradica a infecciosidade do coronavírus pelo contato ao gerar um campo elétrico pode ser a resposta para o problema.
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No mês passado, uma equipe de pesquisadores determinou que uma combinação híbrida de uma camada de algodão e duas camadas de chiffon compõem o tecido mais eficaz para uma máscara facial. Eles observaram que a alta eficiência do conjunto é provavelmente resultado do efeito combinado da filtragem mecânica e eletrostática de partículas infectadas.
O novo estudo da Universidade de Indiana explora ainda mais o potencial das forças de cargas elétricas para agir contra a Covid-19.
A pesquisa faz parte de um campo ainda em desenvolvimento de dispositivos médicos, conhecidos como “eletrocêuticos” –uma fusão das palavras “eletrostático” e “farmacêutico”. Esses equipamentos usam campos elétricos fracos e não prejudiciais aos seres humanos para tratar uma variedade de condições. Os marcapassos, usados no tratamento de arritmias, são um exemplo comum.
Chandan Sen, principal autor do artigo e diretor do Centro de Medicina e Engenharia Regenerativa de Indiana, trabalhou anteriormente no desenvolvimento do tecido gerador de corrente elétrica para aplicações antimicrobianas. A empresa de tecnologia bioelétrica Vomaris Inc atualmente comercializa o material para ser usado como atadura para matar patógenos.
O tecido é impresso em poliéster com pequenos pontos de metal feitos de zinco e prata. O padrão geométrico alternado desses elementos produz baterias de microcélulas que geram um campo elétrico após a exposição à umidade. Quando usado no tratamento de feridas, ele impede a formação de biofilmes e reduz o risco de infecção bacteriana durante o processo de cicatrização.
Sabendo que os vírus dependem de forças eletrostáticas para se agrupar e se ligar às células, os pesquisadores suspeitaram que o tecido eletrocêutico também poderia ser usado para desestabilizar o coronavírus.
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Como controle para o teste, a equipe usou um pano de poliéster sem as baterias de microcélulas na superfície. Eles então expuseram os dois tecidos a uma solução aquosa contendo células com coronavírus respiratório à temperatura ambiente e permitiram sua absorção.
A análise subsequente revelou que apenas um minuto de contato com o material eletrocêutico levou a uma redução significativa na propriedade eletrocinética das partículas virais. Além disso, os pesquisadores monitoraram as células infectadas recuperadas dos tecidos com corrente elétrica e notaram a ausência dos efeitos citopáticos esperados na presença de invasões virais.
A equipe relatou que as células do tecido eletrocêutico eram tão saudáveis quanto as não infectadas, de modo a indicar que o vírus havia perdido sua infectividade. Já as partículas do material de controle não receberam a mesma proteção.
Embora sejam necessários mais estudos para caracterizar a alteração estrutural do coronavírus na exposição ao tecido eletrocêutico, os pesquisadores esperam que suas descobertas sejam o primeiro passo para receber a autorização de uso de emergência da Administração de Alimentos e Medicamentos norte-americana (FDA, na sigla em inglês), que permitirá que a tecnologia seja amplamente distribuída para o uso em máscaras faciais.
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