O Brasil já poderia estar bem perto de alcançar a marca de 1 milhão de casos da Covid-19, se não tivesse adotado as medidas de distanciamento social. A conclusão está no vídeo “A quarentena pode estar salvando o Brasil”, publicado pelo engenheiro e cientista de dados Maurício Féo. Ele faz doutorado em Física de Partículas no Cern – a organização europeia de pesquisa nuclear que opera o maior acelerador de partículas do mundo, em Genebra, na Suíça.
No vídeo, que já teve 500 mil visualizações, Féo explica que, se nenhuma medida é tomada e se não existe vacina, toda epidemia cresce exponencialmente – ou seja, o valor inicial é multiplicado por um mesmo número num dado período de tempo.
No Brasil, até somar os primeiros 1.500 casos, estava crescendo exponencialmente. Atualmente, está menos íngreme.
Por que você resolveu fazer esse vídeo?
Estava decepcionado com a quantidade de desinformação sendo passada. Estou vendo as pessoas apoiarem um lado ou outro baseadas em política e espalhando desinformação. Não sou qualificado para opinar sobre saúde e economia, mas sou para dizer que temos que levar em conta os dados certos. E foi isso que quis apresentar.
O número de casos continua aumentando, mas podemos dizer que o distanciamento social deu certo. Por quê?
O número de casos ainda está aumentando, e bastante, mas não em proporção exponencial, graças às medidas adotadas de distanciamento social, uso de máscara e higiene pessoal. Vemos que, no início, o crescimento da curva é exponencial, e, por um bom tempo, continua a subir exponencialmente, mas, depois, começa a reduzir a velocidade de crescimento.
Podemos dizer, então, que conseguimos achatar a curva?
Exatamente, isso significa que a estratégia está sendo bem-sucedida. Definir o pico da epidemia sem a adoção de nenhuma medida de prevenção é fácil, os epidemiologistas no mundo inteiro já fizeram isso. Então vemos o pico ser adiado. Se o pico não chegou na projeção esperada, significa que foi um sucesso, isso não é uma má notícia.
E como é a comparação com os EUA, que adotaram as medidas bem mais tarde do que nós?
Começamos a agir quando tínhamos 1.500 casos. Nos EUA, demoraram muito mais. Provavelmente teríamos seguido a mesma trajetória deles. No mesmo dia em que o Brasil tem 79 mil casos, os EUA apresentam 735 mil, quase dez vezes mais. Mesmo que a subnotificação no Brasil seja na casa de dez, teríamos 790 mil casos. Os EUA também têm subnotificação. As informações são do jornal “O Estado de S. Paulo”. (Com Agência Estado)
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