Todos estamos assustados, com dificuldade de nos concentrar. Raras foram as vezes, na história contemporânea, em que a ameaça de uma doença conseguiu ganhar um espaço tão grande em nossas vidas e em nossa mente. Muitos de nós têm entrado em pânico ao espirrar. Outros tantos têm checado a temperatura com regularidade.
De fato, a Covid-19 fez com que a nossa atenção fosse reposicionada em direção a algo que nos acompanha desde o momento em que nascemos: a transitoriedade da vida. A certeza de que a nossa existência é finita é o que nos diferencia dos outros animais. Mas, agora, esse sentimento vem sendo potencializado por conta do confinamento e da ansiedade quase pandêmica que nós, médicos, temos presenciado.
Medo é um sentimento que tem origem em dois lugares: no que conhecemos, como por exemplo, medo de avião, e no que não conhecemos. O medo de morrer por causa do coronavírus pertence ao grupo das coisas que não conhecemos. Ainda sabemos quase nada sobre a história desse vírus e também praticamente nada sobre o tratamento da doença. Ainda não existe nenhum procedimento considerado padrão, ou ouro, no mundo. A medicina se vê hoje no mesmo ponto em que os médicos tisiologistas estavam quando começaram a lidar com a tuberculose. Eles sabiam fazer o diagnóstico, mas o tratamento, nos primórdios da doença, era basicamente empírico.
Some-se isso à enxurrada de fake news e temos a tempestade perfeita. Como toda tempestade, o medo pode molhar até quem nos cerca, potencializando a insegurança de quem vive conosco ou próximo a nós.
Maneiras de evitar o medo de morrer é algo mais fácil de sugerir na teoria do que na prática. Uma sugestão que eu daria é que você procure estar em paz com a sua alma e com seus valores. Procure administrar os seus sentimentos. Conversar com alguém ou com um especialista sobre esses medos ajuda muito, assim como ajuda a espiritualidade e fazermos o que está ao nosso alcance para reduzir as chances de morte, que é manter mente e corpo saudáveis, prevenir-se fazendo o que a Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza e ajudar quem está ao seu redor a fazer o mesmo.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
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