Em Shenzen, na China, uma amostra de asas de frango congeladas importadas do Brasil apresentou resultado positivo para a Covid-19. Segundo a China Global Television Network (CGTN), o país reportou 19 novos casos de coronavírus, sendo 11 do exterior e oito locais.
No entanto, por ora, não há motivos para pânico. Segundo estudos, para contrair a doença é necessário se expor a uma certa dose infecciosa do vírus. Um teste positivo significa simplesmente que o material genético do SARS-CoV-2 foi encontrado, mas não diz nada sobre a quantidade de vírus presente ou se é suficiente para constituir uma dose infecciosa.
LEIA MAIS: Porto na China encontra coronavírus em asas de frango do Brasil e envia alerta
Além disso, detectar material genético viral não é o mesmo que detectar vírus vivos. Apenas fragmentos dele podem estar presentes. Até o momento, as autoridades não encontraram nenhuma evidência de humanos sendo infectados pelas asas de frango na cidade chinesa.
A presença do novo coronavírus na importação de frango do Brasil não foi a única notícia sobre a existência da Covid-19 em alimentos congelados na última semana. Conforme divulgado pela Reuters, testes em Yantai, também na China, revelaram material genético do vírus na embalagem de frutos do mar congelados importados de outros países.
Outro novo alerta na última semana foi o surgimento de novos casos de coronavírus em Auckland, na Nova Zelândia. O país, que passou 102 dias sem transmissão local do novo coronavírus, apresentou 17 novos casos na última quinta-feira (13), o que levou à retomada das medidas de distanciamento social, extintas em 9 de junho. O primeiro caso identificado foi um homem com cerca de 50 anos, que estava trabalhando em uma instalação operada pela Americold. Aparentemente, ele passou o vírus para três membros de sua família. Autoridades estudam a possibilidade de ele ter sido contaminado pelo vírus ao mexer em embalagens ou alimentos congelados importados. Até o momento, não houve relatos de produtos congelados na Nova Zelândia com teste positivo para o vírus.
Estudos apontam que o vírus pode sobreviver em superfícies diferentes por períodos significativos de tempo, em alguns casos, por vários dias. Na teoria, é possível entrar em contato com o vírus a partir de alimentos ou embalagens.
No entanto, de acordo com o Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), “atualmente, não há evidências que o manuseio ou consumo de alimentos esteja associado à Covid-19”. Em outras palavras, não houve nenhum caso confirmado. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), “é altamente improvável que as pessoas possam contrair o vírus de alimentos ou embalagens”.
Para que o vírus possa se multiplicar e chegar a uma quantidade suficiente para infectar alguém, é necessário um hospedeiro vivo – humano ou animal –, diferentemente do comportamento das bactérias que podem causar Salmonella e Listeria. Portanto, uma quantidade suficiente do vírus deve ser previamente depositada na comida e sobreviver tempo suficiente para que haja a contaminação no toque ou consumo do alimento. Dessa forma, só é possível acontecer transmissão quando alguém infectado levar a quantidade viral para a comida, seja por tosse ou espirro.
VEJA TAMBÉM: Pets não transmitem coronavírus, dizem especialistas
Além disso, os vírus nos alimentos que passam pelo trato gastrointestinal podem não ter a mesma oportunidade de chegar ao sistema respiratório. Não está claro, ainda, se o vírus pode infectar células na digestão.
No entanto, ainda há muito o que aprender sobre a doença. “Improvável”, como apontado pela OMS, não significa impossível.
Cuidados no manuseio de alimentos são necessários, e a melhor solução é seguir as abordagens de segurança apontadas pela Forbes, no início de junho:
1. Limpe as embalagens de alimentos que foram manuseadas recentemente por outras pessoas;
2. Mantenha as superfícies da cozinha limpas e higienizadas. Isso se aplica a todos os lugares em que se prepara e serve comida, não apenas na cozinha;
3. Lave bem as mãos antes e depois de manusear os alimentos;
4. Cozinhe bem o que pode e deve ser cozido. A temperatura desejada, se possível, deve ser de 75º C. Mantenha essa temperatura por um período prolongado de tempo;
5. Use água limpa para enxaguar frutas e vegetais frescos;
6. Transporte e armazene alimentos com segurança. Mantenha sua comida em locais apropriados onde não possa ser contaminada. Escolha um lugar onde pessoas não tossem ou espirram.
7. Use abordagens padrão de segurança alimentar. Siga as diretrizes de “limpar, separar, cozinhar e resfriar”.
Os alimentos e embalagens não representam um grande risco de infecção da Covid-19. Portanto, isso não deve impedir o consumo de comida. No entanto, as precauções são úteis para prevenir não apenas infecções pelo novo coronavírus, mas outras doenças muito mais comuns de origem alimentar.
Siga FORBES Brasil nas redes sociais:
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Participe do canal Forbes Saúde Mental, no Telegram, e tire suas dúvidas.
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.