Steve Forbes estreou, em março, uma série de podcasts chamada What’s Ahead com convidados relevantes – formadores de opinião, políticos, economistas e empresários – com os quais conduz conversas que desafiam dogmas e convenções, além de apresentar suas próprias visões sobre as intersecções entre sociedade, economia e política. A seguir, a transcrição adaptada do episódio que aborda a reabertura das escolas nos EUA, uma discussão que ganhou relevância no Brasil.
Neste episódio do What’s Ahead, eu analiso o intenso debate sobre a reabertura de escolas e faculdades neste outono no Hemisfério Norte, sobretudo em vista do aumento do número de casos de Covid-19. A boa notícia é que não há motivo lógico para essas instituições não estarem em pleno funcionamento, com seres humanos ao vivo. Os principais pontos:
• é raro as crianças contraírem essa doença e ainda mais raro transmitirem aos adultos;
• milhões de jovens vêm sendo prejudicados dos pontos de vista escolar e psicológico pelo fato de as escolas estarem fechadas desde março;
• os Centros de Controle de Doenças dos EUA nunca recomendaram o fechamento de escolas quando a pandemia chegou;
• a manutenção das escolas fechadas ou sua reabertura parcial prejudica desproporcionalmente as famílias de baixa renda, pois os pais precisam deixar de trabalhar para cuidar dos filhos;
• as faculdades podem retornar às aulas à moda antiga, com turmas menores, distanciamento adequado e todos usando máscaras.
Pergunto: nossas escolas devem ser abertas em período integral, em meio período ou não devem ser abertas? Com o novo ano escolar norte-americano se aproximando e os casos de Covid-19 aumentando, o debate continua.
Estão se intensificando as discussões sobre quais abordagens as escolas e faculdades devem adotar. Alguns distritos escolares querem oferecer ensino presencial apenas alguns dias por semana. O Condado de Fairfax, na Virgínia, determinou que as famílias devem decidir entre um ensino totalmente à distância e dois dias por semana na sala de aula. A cidade de Nova York anunciou que os alunos assistirão às aulas apenas dois ou três dias por semana e receberão ensino à distância nos outros dias. Universidades como Harvard e MIT estão optando pelo ensino online total.
Esse tipo de coisa não faz sentido: as escolas devem estar em pleno funcionamento, com ensino dado por seres humanos ao vivo; nada de ficarem fechadas ou abrirem apenas em meio período. As evidências são impressionantes: as crianças raramente contraem Covid-19 e, quando contraem, pegam uma versão branda da doença, com pouquíssimas exceções. Além disso, elas quase nunca transmitem o vírus, mesmo que estejam infectadas. A propósito, os Centros de Controle de Doenças do país nunca recomendaram o fechamento de escolas.
A dura realidade é que muitas crianças vêm sendo prejudicadas dos pontos de vista escolar e emocional devido ao longo período de confinamento (desde o início de março).
Outro fator é que a não reabertura total das escolas prejudica desproporcionalmente as famílias de baixa renda, já que os pais precisam deixar de trabalhar para cuidar dos filhos. É extremamente injusto e desnecessário. Por tudo isso, minha conclusão é uma só: a pandemia não deve atrapalhar a volta à escola – escola de verdade.
No dia 17 de julho, Steve Forbes discutiu os preços das faculdades à luz da nova configuração do ensino criada pela pandemia. O título original do podcast é Has Coronavirus Exposed the True Price of College? (O Coronavírus Expôs o Real Preço das Faculdades?). A discussão sobre o custo do ensino particular também ganhou o noticiário no Brasil. A seguir, a transcrição adaptada.
“Adquire sabedoria, pois, com ela, terás entendimento.”Enquanto as faculdades decidem se devem ou não abrir seus campi neste outono [entre agosto e setembro nos EUA], pais e filhos estão fazendo outra pergunta urgente: o altíssimo custo da educação superior vale mesmo a pena? Será que não é possível se sair melhor sem cursar uma faculdade?
A crise da Covid-19 e as dificuldades financeiras a que ela vem sujeitando as pessoas estão obrigando o país a enfrentar a questão do real valor do ensino superior.
Por gerações, os norte-americanos acreditaram que um diploma universitário era a porta de entrada para a mobilidade social ascendente e para uma vida melhor. No entanto, para milhões de jovens, o sonho está virando pesadelo. Pouco mais da metade das pessoas que cursam uma graduação chegam a concluir o curso. E, para milhões de pessoas, isso leva seis anos, e não quatro.
A dívida estudantil já atinge US$ 2,5 trilhões. Esse valor é superior ao que as pessoas devem em financiamentos de automóveis ou em cartões de crédito. Anos depois de deixarem a faculdade, os jovens podem concluir que precisam adiar a compra de uma casa ou o casamento e os filhos por causa de suas dívidas com a educação.
Muitos dos diplomas que os jovens recebem hoje em dia proporcionam a eles empregos não tão bem remunerados. Os empregadores reclamam que muitos dos graduados de hoje têm habilidades de leitura e escrita medíocres. É uma vergonha!
Não há nenhum motivo plausível pelo qual a inflação dos cursos universitários deva ser mais de sete vezes superior ao aumento dos salários
Estudos constataram que os subsídios do governo, os inúmeros programas de empréstimos e os planos de poupança para ensino superior resultaram em anuidades mais altas, permitindo que faculdades e universidades inchassem amplamente sua burocracia administrativa e construíssem edifícios extravagantes e não necessários de fato. Elas embolsam o dinheiro, e os pais e alunos pagam a conta.
No mínimo, essas instituições têm de assumir responsabilidade por parte desses empréstimos. Dessa forma, de repente haveria um forte interesse em que seus jovens acadêmicos seguissem um programa de estudos subsidiado.
Atualmente, será que é necessário um curso superior para se dar bem no mercado de trabalho? Antes de o coronavírus afundar a economia, milhões de empregos bem remunerados estavam ligados a ocupações como as de soldador, encanador, eletricista e diversas especialidades técnicas em saúde e tecnologia. Um caminhoneiro pode ganhar mais de US$ 100 mil por ano.
Está claro que nosso sistema educacional deveria se concentrar mais no ensino dessas especialidades. Um número crescente de empregadores está submetendo os candidatos a seus próprios testes, em vez de confiar em diplomas e médias, que consideram um tanto inúteis.
A crise da Covid-19 tem evidenciado o fato de que é possível prosperar sem seguir o caminho universitário tradicional.
Steve Forbes, Editor-chefe da Forbes
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