ALERTA acrescentado em 25/10/2021: Não há evidências científicas mostrando que as vacinas usadas no Brasil contra a Covid-19 tenham qualquer relação com a infecção por HIV ou que causem o desenvolvimento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids) mais rapidamente. Há diversos tipos de adenovírus (alguns causam o resfriado comum), mas o tipo citado no artigo abaixo, ad5, não é usado em nenhum dos imunizantes aplicados no país. “A vacina de Oxford/AstraZeneca usa um adenovírus que nada tem a ver com o vírus citado no estudo contra o Aids”, diz Soraya Smaili, farmacologista, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e coordenadora do centro de estudos Sou Ciência. Esse vírus causa resfriado em chimpanzés e não é capaz de se reproduzir no corpo humano. No caso da fórmula da Janssen, usa-se o ad26, um outro tipo de adenovírus, que não é prejudicial ao ser humano, a não ser por causar resfriados leves. “Não precisamos nos preocupar com essa possibilidade”, diz a pesquisadora. Além disso, esses adenovírus já foram usados em outras vacinas e com sucesso, como é o caso da que combate o ebola. O único imunizante que trazia o mesmo adenovírus dos testes da vacina contra o HIV era o russo Sputnik V, que não foi aprovado pela Anvisa.
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O Comitê de HIV/Aids da Sociedade Brasileira de Infectologia veio a público esclarecer que não se conhece nenhuma relação entre qualquer vacina contra a Covid-19 e o desenvolvimento de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids). Alertou que portadores da síndrome devem ser completamente vacinados contra a Covid-19 e que devem ainda tomar a dose de reforço (desde que tenham recebido a segunda dose há mais de 28 dias). O órgão repudia toda e qualquer notícia falsa que circule e faça menção a essa relação entre vacinas contra a Covid-19 e o desenvolvimento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS).
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A notícia abaixo foi publicada em outubro de 2020, quando as vacinas contra COVID-19 ainda estavam em teste:
Um grupo de pesquisadores alertou ontem (19) no jornal médico “The Lancet” que algumas das vacinas contra a Covid-19 atualmente em desenvolvimento podem aumentar o risco de infecção por HIV, potencialmente levando a um aumento na incidência da doença à medida que as vacinas são lançadas para populações vulneráveis ao redor do mundo.
Os pesquisadores falam sobre os esforços para criar uma vacina contra o HIV há mais de uma década, em que uma vacina candidata promissora na verdade aumentou o risco de alguns homens pegarem o vírus. No caso específico, a vacina fez uso de um vírus modificado chamado adenovírus 5 (Ad5) como vetor para transportar parte do material genético do HIV para o corpo.
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Não se sabe exatamente como a vacina aumentou os riscos de transmissão do HIV, mas uma conferência convocada pelo Instituto Nacional de Saúde dos EUA (NIH, na sigla em inglês) recomendou contra o uso futuro do Ad5 como um vetor em vacinas contra a Aids –Anthony Fauci, principal autoridade em doenças infecciosas dos Estados Unidos, foi o autor principal do artigo que descreve a ocorrência.
O Ad5 é usado como um vetor em algumas vacinas desenvolvidas contra a Covid-19 –a “Science” identifica quatro candidatas, que estão atualmente passando por testes clínicos em vários países ao redor do mundo, incluindo os EUA, com dois testes de fase 3 em grande escala em andamento na Rússia e no Paquistão.
Os pesquisadores enfatizaram a necessidade de compreender o papel que o Ad5 pode desempenhar no aumento dos riscos de HIV em populações vulneráveis antes de desenvolver e implantar vacinas que o utilizem. Eles acrescentam que os documentos de consentimento informado devem refletir a “literatura considerável” sobre o risco de aquisição de HIV com vetores Ad5.
Muitas vacinas usam vírus modificados para transportar material para o corpo humano. Alguns utilizam um adenovírus modificado para fazer isso, um vírus que geralmente é inofensivo, exceto pela capacidade de causar o resfriado comum. Alguns dos principais candidatos para vacina contra Covid-19, incluindo Johnson & Johnson e AstraZeneca, usam adenovírus como vetores. Não há evidências de que esses aumentem o risco de infecção pelo HIV.
Os autores disseram que foram a público porque as vacinas com Ad5 para Covid-19 podem em breve ser testadas em populações com alta prevalência de HIV. Lawrence Corey, um dos autores que agora colidera a rede de prevenção à Covid-19 nos EUA e está testando vacinas em nome do NIH, disse à “Science” que, se ele estivesse em um país da África Subsaariana, onde há uma alta prevalência do HIV, “não teria por que escolher um vetor Ad5 (vacina) quando há muitas outras opções alternativas.”
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