Lewis Hamilton está para a Fórmula 1 assim como LeBron James está para o basquete ou Serena Williams para o tênis. Para além dos esportes, esses atletas têm uma forte representação no mundo todo e compartilham posicionamentos e opiniões sobre questões sociais importantes. Nos últimos meses, o movimento “Black Lives Matter”, hashtag que tomou o mundo em defesa dos direitos de cidadãos negros norte-americanos, ganhou forte representação nos times norte-americanos de basquete e futebol, que possuem integrantes predominantemente negros. A referência ao movimento varia, com atletas se ajoelhando na quadra ou declarações nos uniformes. Mas, o que acontece quando você é a única negra em uma modalidade esportiva?
Assim como Bubba Wallace, único piloto negro da Nascar nos Estados Unidos, Hamilton está sozinho na F1. Vítima de racismo flagrante e institucional ao longo de sua carreira, ele levou as questões raciais a um público principalmente branco de espectadores. Falou sobre o assassinato de George Floyd e o “Black Lives Matter” quando ninguém mais em seu esporte ousou fazê-lo. Ao mesmo tempo em que lutava contra o preconceito sistêmico, o atleta alcançou a liderança nas corridas com seis títulos de campeão mundial. Hamilton se destacou e dedicou sua vida a um esporte e país que nem sempre o acolheu.
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Embora tenha sido condecorado em 2009, no início da carreira, Membro da Ordem do Império Britânico pela Rainha Elizabeth, honraria concedida às pessoas que mais se destacaram no Reino Unido durante o ano – e a mais baixa das cinco condecorações possíveis da realeza -, Hamilton foi sistematicamente preterido ao longo dos anos para o título de Cavaleiro da Rainha, homenagem que já contemplou nomes como Elton John e Paul McCartney. Essa é uma ausência intrigante, já que esportistas menos experientes, como o tenista Andy Murray e a multiatleta Jessica Ennis-Hill, e pilotos mais vividos, como Jackie Stewart e Jack Brabhan – que detém a metade de campeonatos mundiais de Hamilton – aparecem na prestigiada lista. Mas o sucesso do atleta parece insuficiente para a homenagem.
O reconhecimento a Lewis Hamilton é importante porque eleva suas histórias e lutas para a escala global. É preciso conquistas além do esporte para provar como contribuições individuais podem apoiar algo maior. Honrarias como o título de Cavaleiro da Rainha indicam o que um país e uma sociedade valorizam no trabalho de pessoa e serve de inspiração do quão longe é possível ir, mesmo com imensos obstáculos institucionais. Em muitos casos, o esporte continua sendo um dos poucos sistemas meritocráticos em que os indivíduos são reconhecidos com base em seu talento, habilidade e trabalho árduo. Era esperado que alguém com seis títulos mundiais tivesse direito a um reconhecimento de tal proporção.
Hamilton não é apenas um dos melhores atletas de todos os tempos, mas teve que superar o racismo sistêmico para chegar onde está hoje. Ele não teve o privilégio de ser respeitado em todas as lugares por onde passou e, como muitos negros, sua experiência com o racismo raramente teria sido reconhecida ou compreendida. Hamilton conquistou um legado que vai inspirar a próxima geração de pilotos negros, além de ter iniciado uma comissão para melhorar a diversidade no esporte para garantir que isso aconteça.
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