Pessoalmente, não gosto de criar expectativas fantasiosas. Prefiro a real, doa a quem doer. Aprendi a lidar com a dura realidade da vida desde pequeno e a enfrentá-la de peito aberto. Tenho casca grossa e couro duro. Não gosto dos beijos da mentira. Prefiro o bom e velho tapa na cara da verdade. Então, abaixo seguem minhas previsões para o próximo ano. Papo reto.
A saga da pandemia de Covid-19 não deve mesmo acabar com a chegada de 2021. A segunda onda já é realidade na Europa, impondo o fechamento de vários países. Nos EUA, os números explodiram de novo. Depois da conturbada eleição presidencial, o tema deve vir à tona com toda a força. Já no Brasil, muitos hospitais veem o aumento de sua taxa de ocupação, e as internações já têm suas escassas vagas bastante concorridas. Em minhas escolas, por exemplo, 85% dos alunos responderam em pesquisa que desejam voltar às salas de aula somente após a vacina – e que, por ora, preferem continuar suas aulas por meio de uma plataforma de videoconferência.
Muitos setores só devem voltar ao normal com a vacinação concluída. Educação, turismo, eventos e transportes aéreos são apenas alguns deles. Só tem um problema: a vacina ainda não existe. Se tudo der certo, ela ficará pronta até o fim do primeiro trimestre de 2021. Considerando o tempo para sua produção e distribuição em diferentes fases, obedecendo à prioridade dos médicos, enfermeiros, policiais, bombeiros etc. Especialistas dizem que, se tudo funcionar muito bem, teremos a população vacinada até o final do próximo ano. Torçamos para que os números da expansão dos casos de Covid-19 não se comportem como na Europa, para que não deparemos com um novo fechamento do comércio e com um maior afastamento social no Brasil em 2020.
Sempre que faço análises descoloridas, alguém logo acha que peguei pesado demais. Mas, afinal, para que servem as previsões senão para nos prevenirmos? Estou usando a análise acima para minhas empresas no Brasil. Estamos criando novos produtos, pensando em todas as hipóteses possíveis e nos preparando para um inverno mais longo do que o esperado. Isso é o melhor a fazer para não morrer de frio, caso ele realmente aconteça.
Ao contrário, se eu não contar que a possibilidade da vacinação leve todo este tempo, posso subestimar o impacto que esse cronograma é capaz de gerar em nossas receitas, além de criar um descompasso em nosso fluxo de caixa, causando grandes prejuízos. Aliado a isso, em que produtos você deve apostar num cenário com o mercado ainda em compasso de espera? Se o seu setor é o de eventos, por exemplo, não seria melhor apostar em ações digitais em vez de planejar em seu orçamento aquele megaevento para 5 mil pessoas num grande centro de convenções?
Sugiro que você se prepare para um 2021 cheio de tempestades. Se o Sol resolver brilhar durante o ano, estar munido de seu guarda-chuva companheiro não lhe fará mal algum. Mas, se a chuva chegar, você estará preparado e seguro. Por mais dura que ela seja, encarar a realidade com alegria e entusiasmo é para os fortes.
Flávio Augusto da Silva, Presidente da Wiser Educação e dono do time de futebol Orlando City
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