Desde 2014, o Dezembro Laranja é dedicado à conscientização sobre o câncer de pele. A iniciativa faz parte da campanha nacional de prevenção ao câncer de pele, responsável por ações que informam a população sobre as principais formas de prevenção e sobre a importância de procurar um médico especializado para o diagnóstico precoce da doença. Este ano, no entanto, a SBD resolveu estender a campanha, agora chamada de Verão Laranja, por toda a estação, marcada pelos altos níveis de radiação ultravioleta.
A ação se faz necessária uma vez que, segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a Covid-19 comprometeu o atendimento na rede pública e particular, afastando pacientes dos consultórios. De janeiro a setembro de 2020, houve uma queda de 48% na rede pública na busca por atendimento, com apenas 109.525 exames realizados para diagnosticar esse tipo de câncer. Vale ressaltar que o câncer de pele é o tipo da doença mais incidente no Brasil (cerca de 180 mil novos casos ao ano). De acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer), desse total, a maioria corresponde aos cânceres de pele menos agressivos (basocelular e o espinocelular), enquanto 4,5% correspondem ao tumor mais agressivo, o melanoma, responsável por 43% das mortes por tumores cutâneos no Brasil.
A prevenção é sempre a melhor arma, o que muito me preocupa, porque, segundo dados da SBD, 60% dos brasileiros não usam nenhum tipo de proteção solar em atividades ao ar livre. É fundamental relembrar aqui que o filtro com FPS 30 deve ser usado diariamente por pessoas de todos os tipos de pele; já as pessoas com histórico de câncer de pele na família ou que possuem a pele e os olhos mais claros devem fazer uso do filtro com FPS 60. Nas situações de praia ou piscina, é sempre bom evitar a exposição solar das 9h às 15h, usar óculos de sol, chapéu e guarda-sol de lona (protege mais que o de plástico). É preciso reaplicar o protetor a cada duas horas, ou quando transpirar muito ou a cada mergulho. Além desses cuidados, recomendamos o autoexame da pele: avaliar a aparência de suas pintas e manchas, buscando identificar mudança de forma, cor ou tamanho.
A consulta dermatológica anual ou semestral de rotina é essencial para excluir a possibilidade de câncer ou diagnosticar a doença em fase inicial, quando as chances de cura superam 90%. Hoje, contamos com o aparelho de mapeamento corporal digital: o melhor método diagnóstico para identificar lesões de pele. O exame dura cerca de uma hora. Com um dermatoscópio digital, o médico dermatologista faz a análise minuciosa de cada pinta ou lesão de pele e ainda deixa gravado no sistema a imagem da área do corpo onde está localizada a lesão com o diagnóstico mais preciso de cada uma delas para, no ano seguinte, fazermos a evolução e a comparação novamente.
Também tivemos avanços importantes em relação ao tratamento da doença. Além do método tradicional, que é a cirurgia, alguns tipos de tumores, e principalmente as lesões pré-cancerígenas, podem ser tratados usando a Terapia Fotodinâmica associada ao laser fracionado: pomada e uma fonte de luz, com a vantagem de agredir minimamente a pele, deixando quase nenhuma cicatriz. Entre as lesões mais comuns, estão alguns tipos de carcinoma basocelular e as ceratoses actínicas, que são consideradas lesões pré-malignas, por isso a necessidade de tratá-las.
Portanto, fiquem atentos ao surgimento de lesões que parecem feridas, mas nunca cicatrizam, e também àquelas pintas escuras que estão crescendo ou mudando de forma. Em ambos os casos, procure imediatamente um dermatologista especialista.
Dra. Letícia Nanci Médica do Hospital Sírio-Libanês, médica- -responsável pela Clínica Dermatológica Letícia Nanci; membro efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD); da American Academy of Dermatology (AAD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD)
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