Se as histórias de grande brilho aconteceram pela ação de jovens com idades próximas aos 30 anos, quero, desde já, abrir uma exceção para Jesus Cristo, que precisou de mais três anos para completar a sua obra. Alexandre, o Grande, os meninos das garagens do Vale do Silício, os nossos gênios em matemática, a nova geração dos criadores de fintechs, além dos hackers que nos dão tanto trabalho: estão todos na linha abaixo dos 30 anos.
É evidente que a humanidade floresceu quando universalizou o acesso à educação a todos os níveis sociais. Como explicar a elevação de mais de 3 bilhões de criaturas da pobreza absoluta no século passado, se não pela disseminação da cultura por novos métodos educativos e pela aplicação de padrões de disciplinas pessoal e institucional, que venceram a miséria e o despreparo intelectual?
No Brasil, estamos em uma encruzilhada. Temos uma taxa de analfabetismo abaixo dos 8% da população (mesmo com escolas de lata e professores mal remunerados, sem condições de trabalho). Mas, acima de tudo, assusta-me que hoje os NEM NEM (nem estudos, nem trabalho) já atinjam uma fatia de cerca de 25% da população brasileira em idade escolar. O peso social que carregaremos, e que hoje já é extraordinário, será insuportável em um futuro breve.
Estamos, sim, criando párias sociais em profusão, preparando novas gerações para o crime e o descaminho. E não se justificam tais dados pelo volume de recursos que despejamos nos órgãos e entidades educacionais, hoje próximo dos 20% do PIB. Temos instrumentos para reverter esses números. O trabalho científico nas universidades cresce exponencialmente. A rede de ensino pública e privada se expande. Projetos educacionais se multiplicam e a internet avança – e avançará ainda mais com o 5G para os campos e sertões.
Outros instrumentos de educação prática estão disponíveis em grande escala no arsenal governamental e da educação privada. Precisamos de uma ação coordenada Estado, iniciativa privada, entidades de classe, igrejas e órgãos de comunicação. Se mobilizados em conjunto, esses pilares ampliariam o trabalho profilático para repor no caminho produtivo o fantástico potencial de jovens hoje mergulhados no negativismo dos NEM NEM.
Lembro-me bem de ter dado meu trabalho voluntário por três anos à frente da Fundação Projeto Rondon. Quando assumi sua presidência, a primeira coisa que fiz foi abrir mãos de honorários. Depois, convoquei a iniciativa privada para dar sua contribuição, e todos os veículos de comunicação para participarem de uma campanha que convocasse os jovens a conhecer o seu próprio país.
Com o apoio da aeronáutica, da marinha e do exército, conseguimos, em três anos, elevar de 15 mil para 150 mil participantes, sem lhes perguntar sobre posições ideológicas ou propor-lhes qualquer outra ideia que não a de superar os problemas pessoais e transformar-se em arautos do conhecimento de seu país.
Não haverá NEM NEM se soubermos motivar cada um dos jovens, mostrar-lhes que ninguém está destinado à pobreza ou à ignorância se estiver inspirado por vontade própria e desejo de superação.
“Entregamos aos Super-Teens um país não mais do futuro - mas atual, forte e disposto a enfrentar todos os desafios.”Casa-se este espírito de apoio e reconhecimento geral aos até 30 anos. Que eles, por mais preparados e geniais que sejam, deem valor àqueles que, à sua frente, prepararam a seara.
Foi – e está ainda sendo – trabalho árduo de uma geração que atravessou o deserto das esperanças perdidas, dos soluços e ranger de dentes e venceu as batalhas, entregando aos Super-Teens um país não mais do futuro – mas atual, forte e disposto a enfrentar todos os desafios.
Mario Garnero é Chairman do Grupo Garnero e presidente do Fórum das Américas
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