Sebastian Thrun tem um talento especial para transformar ficção científica em realidade. Ele tem sido crucial para o desenvolvimento de veículos autônomos. Como CEO da Kitty Hawk, ele está na vanguarda da criação do que é popularmente chamado de carro voador.
Conversei com ele no meu podcast What’s Ahead sobre os dois conceitos que estão se aproximando da realidade do mercado de massa: os veículos autônomos, que praticamente eliminariam as fatalidades nas rodovias (1,2 milhão de pessoas por ano no mundo), e os carros voadores, que reduziriam o tempo de deslocamento das pessoas em 90%. Imagine as implicações impressionantes que ambos teriam em nossas vidas. Seria o fim dos engarrafamentos!
Além de CEO da Kitty Hawk Corporation, Thrun é presidente e cofundador da Udacity, que oferece cursos online em todo o mundo. (O que a Udacity faz é permitir que os alunos, especialmente os de países que não têm universidades bem classificadas, obtenham instrução de primeira linha por uma pequena fração do custo de uma educação tradicional.)
“Adquire sabedoria, pois, com ela terás entendimento.”“Os carros autônomos estão em produção desde os anos 1980”, afirma ele. “Naquela época, você ficaria orgulhoso se o seu carro fizesse meia milha sem colidir com uma árvore ou com outro carro. De lá para cá, o poder de computação aumentou muito, a ciência avançou e agora chegamos ao ponto em que a equipe Waymo, que acredito ser a principal equipe de carros autônomos do mundo, pode reproduzir a habilidade e a segurança de um motorista humano. E eu sei disso porque dirigi a equipe por muitos anos. Quando a deixei, fomos capazes de dirigir em ambientes específicos por 300 mil milhas [480 mil quilômetros] antes que um motorista humano tivesse que assumir em uma emergência para evitar um acidente. Trezentas mil milhas dirigindo sem acidentes é o mesmo que 30 anos de direção humana. Desafio qualquer um a dirigir com segurança sem amassar o para-choque por 30 anos.”
Tecnologia Jetsons
“É incrível como a cultura popular meio que antevê as grandes invenções da tecnologia muito antes de acontecerem. Em 1962, os Jetsons do desenho animado da televisão já tinham um lindo disco voador que os libertava do tráfego. Avançando para hoje, agora temos uma tecnologia de bateria incrivelmente boa, que nos permite construir veículos com muitos rotores, semelhantes a um drone, grandes o suficiente para transportar uma pessoa. E eles agora podem decolar verticalmente, silenciosamente, voar 100 milhas [160 quilômetros] com uma única carga e pousar novamente”, descreve Thrun lindamente. “E isso é significativo porque há essa visão de que, no futuro, o tráfego não será no solo, mas a 150 metros de altura. Por que isso é bom? Bem, porque lá em cima você pode trafegar em linha reta: não há árvores ou casas no caminho. E também porque isso poderá ser melhor para o meio ambiente: os veículos que projetamos hoje com essas características são quase duas vezes melhores em termos de consumo de energia do que os melhores carros elétricos [que andam no chão].”
Estamos só começando
Sebastian Thrun pede: “Em primeiro lugar, quem é pessimista, por favor, não seja. Quase tudo o que você gosta em termos de tecnologia – do interruptor de luz ao seu smartphone – não tem mais de 150 anos. Anestésicos para cirurgia e próteses não têm mais de 150 anos. Eu dato a humanidade em cerca de 300 mil anos. Então, 150 anos perto de 300 mil não é nada, é um microssegundo. Se inventamos todas essas coisas importantes nos últimos 150 anos, o que os próximos 150 nos trarão? Estamos em uma curva acelerada de grandes novas invenções. Estamos apenas começando.”
Steve Forbes é editor-chefe da Forbes
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