Formada em Direito pela FGV, com mestrado na Duke University, a carioca Maria Helena Pessôa de Queiroz, 33 anos, mudou o rumo da vida há cinco anos. Trocou a segurança e o prestígio da advocacia pelo empreendedorismo em um setor visto como artesanal, na melhor das hipóteses, ou “uma bobagem”, na pior.
Neste espaço de tempo, Maria Helena viu sua empresa, a MH Studios, prosperar de um início absolutamente artesanal até o estabelecimento, no ano passado, de parcerias de sucesso no mercado de luxo internacional. A loja online Moda Operandi – vitorioso e-commerce da bilionária americana Lauren Santo Domingo – a incluiu na curadoria de produtos em sua atual pop-up store, em Nova York. E a clássica Hermès realizou evento de três dias com produtos MH em sua matriz parisiense. “A pessoa de marketing da Hermès me disse que eles raramente fazem parcerias e, quando fazem, é com marcas muito especiais”, conta a empresária. E diz, sem falsa modéstia: “Por ser diferenciado, nosso produto foi rapidamente notado pelo mercado”.
Produzindo álbuns de fotografia, agendas, cadernos de notas e caixas, a MH é basicamente uma papelaria de alto luxo, porém com um twist em termos de conteúdo e exclusividade. “Não posso dizer que é apenas uma papelaria porque existe todo um lado emocional, artístico e tem uma assinatura. Sou uma contadora de histórias”, define Maria Helena.
A marca oferece tanto o álbum tradicional para a organização de fotos, como as versões com edição assinada e personalizada, no melhor estilo “coffee table book”. Nas palavras da mulher de sucesso: “Se compramos livros de arte, por que não investir em um álbum que está contando a nossa própria história?”. Maria Helena tratou de deletar o conceito equivocado de que álbuns de fotografia são obsoletos e fora de moda. O sucesso de sua marca, criada em 2016, prova que histórias familiares e narrativas pessoais são simplesmente um luxo.
Ela está orgulhosa com o resultado do trabalho, porém não deslumbrada: “O momento é de reestruturação e profissionalização diária, porque a empresa deu um grande salto nos últimos dois anos. Então aproveitei a calmaria do início do ano para fazer ajustes, pensando em um crescimento ainda maior e de forma saudável”, avalia.
Inspirada pelo hábito que herdou do pai – José Pessôa de Queiroz, profissional do mercado financeiro – de organizar as fotos da família e amigos em álbuns, ela aprendeu a fazer encadernação para fazer seus próprios “livros de arte”. A história é conhecida: uma amiga viu, gostou, quis comprar, outra pessoa viu, comprou e outra e mais outra… “Eu me vi advogando de dia e costurando álbuns de madrugada e na hora do almoço”, conta a empresária.
A transição, claro, não foi simples: “Muita gente me disse, ‘isso não vai dar certo, você não vai ser feliz nem vai ganhar dinheiro’. Mas eu sou movida a desafios”, lembra Maria Helena. Anos depois, ela descia em um elevador em Nova York, chorando de emoção, depois que Lauren Santo Domingo, ao ver seus produtos, disse: “Este é o verdadeiro luxo!”.
A MH Studios opera na plataforma e-commerce – via website e Instagram – mas a empresária tem planos para uma loja física, em São Paulo. “Estamos trabalhando para lançar novos produtos e estabelecer novas parcerias alinhadas com aquilo que eu penso. A empresa possui um valor emocional e familiar muito grande. Tem uma história, um significado e um propósito”, resume.
Outro motivo de orgulho para Maria Helena é a equipe com quem trabalha: “São dez mulheres no escritório e mais vinte artesãs. Outro dia, uma delas disse que desde que começou a trabalhar na empresa sua vida mudou completamente. Conseguiu a independência financeira, ‘meu filho se orgulha de mim e meu marido me respeita’. É muito bom ouvir isso”, conclui.
A seguir, Maria Helena Pessôa de Queiroz, #MulherdeSucessoResponde:
Donata Meirelles: Com qual mulher da História você mais se identifica?
Maria Helena Pessôa de Queiroz: Minha mãe, Cristina Brasil. Ela me inspira continuamente. Nasceu em Porto Alegre, em uma família muito simples, veio para o Rio e se tornou modelo – uma das primeiras brasileiras a desfilar na alta-costura em Paris, para a Chanel. Ela se casou com o chamado “partidão” – meu pai era bonito e rico. Quando se separou dele, foi vista como louca por alguns, por deixar aquela vida. Mas ela fez uma carreira bem-sucedida como decoradora. É uma pessoa corajosa, disruptiva e que me faz ver que tudo é possível. Minha mãe é um mulherão.
DM: Qual a sua maior conquista, profissional e pessoal?
MH: Pessoal, sem dúvida, foi ter mudado totalmente a minha rota. Saí da zona de conforto, deixei uma profissão prestigiosa para me jogar no empreendedorismo. E com algo que ninguém dava atenção e era visto como brincadeira ou apenas um hobby. Profissionalmente, é ver minha empresa crescer, ter funcionários e pagar impostos. Quando chegam os impostos, eu me sinto tão gente grande.
DM: Não confunda sucesso com…
MH: Realização.
DM: Que qualidade você mais admira em uma pessoa?
MH: Caráter. Pessoas que não se omitem e, quando surge uma situação adversa, se mantêm firmes e têm atitude.
DM: Qual o seu maior luxo não material?
MH: Liberdade.
DM: Se você pudesse ser um animal, qual seria? Por que?
MH: Um pássaro. Imagina poder voar para qualquer lugar a hora que eu quiser e ver tudo de cima? Liberdade, para mim, é um negócio muito importante.
DM: Qual a sua filosofia de vida?
MH: Shakespeare escreveu: “Plante seu jardim e decore sua alma, em vez de esperar que alguém lhe traga flores”. Seja autor da sua própria história e do seu próprio destino.
Donata Meirelles é consultora de estilo e atua há 30 anos no mundo da moda e do lifestyle.
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